Isso porque é impossível não sentir um sabor de desperdício. Neymar é senhor de si, claro, e tem o direito de jogar onde quiser. Mas sendo ele um craque de futebol, é triste ter a certeza de que não iremos vê-lo nos principais campeonatos da Europa, onde – quer queira ou não – se joga o futebol no maior nível de qualidade e, na maioria dos casos, entre equipes com longa tradição comprovada.
A liga saudita hoje conta com um Cristiano Ronaldo, mas um CR7 de quase 40 anos. Os torcedores são fanáticos por seus clubes, claro, mas o campeonato local nunca atraiu muito interesse por parte de fãs do jogo em outros cantos do planeta-bola. O motivo é simples: dentre muitos outros fatores culturais, o futebol da Arábia Saudita não possui tradição como protagonista. Só chamava a atenção de profissionais do esporte por causa dos altos valores envolvidos. Ou seja: ainda que hoje conte com nomes como Karim Benzema, N’Golo Kanté, Roberto Firmino, Fabinho ou Jordan Henderson, não é uma liga estabilizada seja por qualidade ou histórico.
O comum sempre foi ver grandes estrelas em fim de carreira pelo chamado “Mundo Árabe”. Neymar não é o primeiro grande craque brasileiro a jogar no futebol saudita, mas, segundo lembrado pelo jornalista Tomás Rosolino, é o mais jovem a fazer isso: 31 anos. E aí é impossível não pensar, fazendo aquela cara de quem acabou de tomar limonada sem açúcar: a carreira de Neymar foi um desperdício?
Os títulos de Libertadores, com o Santos, e de Champions League pelo Barcelona (além de outros recordes, inclusive na seleção brasileira) dizem que não. Mas se considerarmos tudo o que se esperava de Neymar a dúvida, em relação à resposta para a pergunta, só vai aumentando. O craque fora do comum, apontado como substituto de Messi e Cristiano Ronaldo no trono do futebol, não conseguiu chegar aonde todos imaginavam que ele chegaria: ao protagonismo absoluto como craque do jogo. Decepção.