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Neymar-PSG-2023-pre-seasonGetty

Tudo que há de errado na ida de Neymar para o Al Hilal, da Arábia Saudita

Neymar é a mais nova estrela do campeonato da Arábia Saudita. O Al Hilal treinado por Jorge Jesus – e que também conta com nomes como Malcom, Michael, Rúben Neves e Koulibaly – tem um novo camisa 10. Um craque de qualidade comprovada e que ainda pode render, aos 31 anos, no mais alto nível possível se estiver em boas condições físicas e psicológicas.

Uma contratação dessas enche qualquer torcedor de esperança. Se você é apaixonado pelo Al Hilal, pode comemorar! É seu direito. Mas a ida do melhor jogador brasileiro das últimas décadas para o Sauditão mostra muitos aspectos para se lamentar. Em relação a muita coisa. Se a estadia de seis temporadas no PSG pode ser considerada uma decepção, o novo clube de Neymar leva a decepção a níveis ainda maiores.

  • Desperdício

    Isso porque é impossível não sentir um sabor de desperdício. Neymar é senhor de si, claro, e tem o direito de jogar onde quiser. Mas sendo ele um craque de futebol, é triste ter a certeza de que não iremos vê-lo nos principais campeonatos da Europa, onde – quer queira ou não – se joga o futebol no maior nível de qualidade e, na maioria dos casos, entre equipes com longa tradição comprovada.

    A liga saudita hoje conta com um Cristiano Ronaldo, mas um CR7 de quase 40 anos. Os torcedores são fanáticos por seus clubes, claro, mas o campeonato local nunca atraiu muito interesse por parte de fãs do jogo em outros cantos do planeta-bola. O motivo é simples: dentre muitos outros fatores culturais, o futebol da Arábia Saudita não possui tradição como protagonista. Só chamava a atenção de profissionais do esporte por causa dos altos valores envolvidos. Ou seja: ainda que hoje conte com nomes como Karim Benzema, N’Golo Kanté, Roberto Firmino, Fabinho ou Jordan Henderson, não é uma liga estabilizada seja por qualidade ou histórico.

    O comum sempre foi ver grandes estrelas em fim de carreira pelo chamado “Mundo Árabe”. Neymar não é o primeiro grande craque brasileiro a jogar no futebol saudita, mas, segundo lembrado pelo jornalista Tomás Rosolino, é o mais jovem a fazer isso: 31 anos. E aí é impossível não pensar, fazendo aquela cara de quem acabou de tomar limonada sem açúcar: a carreira de Neymar foi um desperdício?

    Os títulos de Libertadores, com o Santos, e de Champions League pelo Barcelona (além de outros recordes, inclusive na seleção brasileira) dizem que não. Mas se considerarmos tudo o que se esperava de Neymar a dúvida, em relação à resposta para a pergunta, só vai aumentando. O craque fora do comum, apontado como substituto de Messi e Cristiano Ronaldo no trono do futebol, não conseguiu chegar aonde todos imaginavam que ele chegaria: ao protagonismo absoluto como craque do jogo. Decepção.

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  • Neymar PSG 2022-23Getty Images

    Nada muito novo no front

    Quando falamos de futebol na Arábia Saudita e os valores que movem seus projetos esportivos, é impossível não lembrar o histórico de intolerância e desrespeitos aos direitos humanos por parte do país. Mas, infelizmente, não chega a ser uma grande novidade do futebol atual: o PSG onde Neymar jogava é controlado pelo Qatar, enquanto o Manchester City é o clube dos Emirados Árabes, países com histórico semelhante ao da Arábia Saudita neste quesito.

  • Harry Kane Bayern Munich 2023-24Getty Images

    Desacreditado entre os grandes da Europa

    Outro ponto negativo de toda esta história é o quanto Neymar está desacreditado perante quase todos os grandes clubes do Velho Continente. Tudo bem que o Paris-Saint Germain, que não desejava sua permanência, queria uma quantia gigante de dinheiro pelo jogador, mas a falta de propostas europeias é um retrato do status do ex-santista no cenário atual entre equipes com nível de Champions League. A comparação com os cerca de 100 milhões de euros pagos pelo Bayern por Harry Kane, atacante de 30 anos, indica que não são apenas os craques de vinte e poucos anos que movem as maiores quantias de dinheiro.

  • NeymarGetty Images

    O grupo exclusivo de clubes

    A exceção nisso tudo é o Barcelona. O clube catalão desejava o retorno de Neymar, que também queria voltar para o Camp Nou. Mas aí pesou a realidade financeira atual do Barça, que, envolto em dívidas, ainda enfrenta dificuldade até para registrar novos jogadores dentro dos regulamentos de Fair Play Financeiro da liga espanhola. O único clube europeu aberto a gastar para ter Neymar não tinha o dinheiro para gastar. Simples assim.

    Os valores inflacionados do futebol, que ao longo das décadas criou uma distância abissal entre clubes, também é um retrato triste de toda a situação. Imagine que, em determinado momento, um ainda frágil Napoli conseguiu contratar Diego Maradona junto ao Barcelona. Não faltam clubes europeus, mas são raríssimos os que poderiam arcar com os custos de Neymar.

  • Neymar(C)Getty Images

    Oi... tchau

    Todos os argumentos listados acima ganham uma espécie de crivo pelas entrelinhas dos planos de Neymar. Ele chegou ao Al Hilal, mas o planejamento é de retornar ao futebol europeu no prazo de dois anos. Pois era onde ele gostaria de estar e jogar. Não é estranho chegar em um lugar já pensando em voltar para onde você estava antes?

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