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Santos ignorou, ano após ano, avisos de rebaixamento, mas o futebol não perdoa

Se a passagem de 2022 para 2023 não foi nada fácil para a torcida santista, que lamentou o falecimento de Edson Arantes do Nascimento, o eterno Pelé, a transição deste ano para 2024 também vai ficar marcada por tristeza -- esta, no entanto, dentro da esfera esportiva. Pela primeira vez em sua história, o gigante Santos Futebol Clube foi rebaixado e vai disputar a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.

A queda alvinegra foi oficializada com doses extremas de emoção. O Santos iniciou a última rodada fora da zona de rebaixamento, em 15º, mas nas horas seguintes os resultados dos jogos de Vasco e Bahia foram alternando os destinos dos que brigavam para escapar da última vaga para a sempre indesejável Série B. No espaço de cerca de duas horas, santistas viram seu time entrar e sair, sucessivamente, da foice que decreta o rebaixamento. Mas ao final do campeonato, a queda foi materializada.

Muito além do orgulho ferido, e do trauma que qualquer primeiro rebaixamento traz para um clube, a queda santista não é nada surpreendente. Ano após ano, técnico após técnico, a impressão foi de que a camisa do Peixe arranjou diferentes jeitos para, enquanto pôde, evitar o descenso. Mas futebol vai muito além da mística, e puniu os evidentes erros que todos viam acontecer nos arredores da Vila Belmiro.

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  • Sampaoli Santos Corinthians Amistoso 2019@SantosFC

    As exceções comprovaram a regra

    É possível afirmar que as dificuldades mais fortes do Santos começaram a aparecer, de maneira mais evidente, a partir de 2018. A temporada sob o comando de Jair Ventura, e depois Cuca, já mostrava um time tão inconstante quanto o clube começava a se mostrar das paredes da Vila Belmiro para fora.

    Ainda assim, o Santos conseguiu fazer sua torcida sonhar com grandes feitos. Em 2019, a equipe treinada por Jorge Sampaoli só não esteve mais perto de ser campeã brasileira porque o Flamengo de Jorge Jesus foi avassalador. De qualquer forma, o melhor trabalho recente do polêmico treinador argentino fez do Peixe o vice-campeão nacional a ter somado o maior número de pontos (74). Ficou no ar a sensação de que os santistas fizeram bem mais do que o esperado, com os créditos indo bastante para Sampaoli.

    O roteiro se repetiu em 2020. A escolha pelo português Jesualdo Ferreira não deu certo, e o elenco santista também não passava as garantias que sua torcida exigia. Mas a chegada de Cuca acabou mudando as coisas, e com Marinho e Soteldo inspirados, o Santos chegou na final da Libertadores daquela temporada. A decisão contra o Palmeiras, em janeiro de 2021, foi equilibrada e decidida nos detalhes. Pior para um Santos que, depois de mais um vice, ainda assim seguiu passando impressão de que os créditos daquele sucesso estavam mais voltados ao técnico, e ao acaso, do que à estrutura geral de seu futebol. O tempo acabou provando que esta impressão era a correta.

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  • Lucas Lima, Santos 2023Raul Baretta/ Santos FC

    Brigas contra rebaixamentos até no estadual

    A partir de 2021, os alertas começaram a ser dados ainda no Campeonato Paulista. O Santos, pasmem (!), chegou a brigar contra o rebaixamento nas últimas três edições do estadual. Sequer avançou para o mata-mata e, por isso, passou a ser costume apontar o Alvinegro Praiano como um dos candidatos ao rebaixamento no Brasileirão. Mas o Peixe resistia, ainda que sem passar qualquer tipo de encanto. A sobrevivência alimentava alívio e sonhos que, nas temporadas seguintes, voltavam a ser angústia e uma dura realidade.

  • Paulo Turra, Santos 2023Raul Baretta/ Santos FC

    Bagunça no futebol

    Até alcançar o rebaixamento em 2023, a administração de Andres Rueda na presidência santista cumpriu com os requisitos básicos encontrados em um eventual “Guia do Rebaixado”. Contratou jogadores mais em número do que em qualidade, montando elencos que invariavelmente acabavam sendo ruins, e trocou de treinadores como jogadores trocam de camisas ao final das partidas.

    Foram nove técnicos efetivados pelo Santos a partir da temporada 2021, e nenhum deles chegou a alcançar 50% de aproveitamento – linha que representa o minimamente aceitável para um grande clube brasileiro. Quando isso acontece, fica mais do que evidente que a culpa está mais na direção do que necessariamente nas quatro linhas.

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  • Marcos Leonardo SantosGetty Images

    O castigo final

    Somente em 2023, o Santos bateu o seu recorde de técnicos em uma única temporada neste século XXI: quatro. Odair Hellmann, Paulo Turra, Diego Aguirre (sendo que Turra e Aguirre não chegaram a completar, somados, 15 partidas) antes de jogar a missão para Marcelo Fernandes. O interino-efetivo acabou conseguindo bons resultados, mas já havia toda uma história construída para deixar o Peixe em risco na última rodada. A equipe dependia só de si. Não foi o suficiente.

    A noite de 6 de dezembro de 2023 fica como marca do pior momento na história do Santos, mas os golpes que ajudaram a criar esta ferida foram sendo dados, ano após ano, sem nenhum tipo de remédio sensato.

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