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Ídolos do CorinthiansGOAL

De Rivellino a Cássio: como o Corinthians se despede de seus ídolos

“O dia que ninguém imaginava que chegaria, chegou”. A frase costuma ser usada, esportivamente, quando um grande ícone de um time, por alguma razão, deixa de atuar com a camisa da instituição pela qual fez história. Tais palavras com certeza passaram pela cabeça de milhões de corintianos que assistiam à entrevista coletiva de despedida de Cássio.

Após 12 anos, o maior goleiro da história do Corinthians, um dos maiores ídolos alvinegros em todos os tempos, confirmava o seu adeus. E ainda que tenha sido com sala lotada de jornalistas, homenagens e a grande coleção de troféus conquistados ali ao lado do arqueiro, além da promessa feita pelo presidente Augusto Melo de um busto em sua homenagem no Parque São Jorge, não dá para negar que a saída de Cássio não foi a dos sonhos. O camisa 12 poderia ter até ficado, mesmo vivendo um momento ruim, mas optou por aceitar proposta do Cruzeiro.

Nas últimas décadas, o torcedor corintiano se acostumou a ver grandes ídolos deixando o clube de forma anticlimática. Cássio não foi o pior dos casos, mas também está longe de ter tido um final digno de contos de fadas. A realidade do futebol brasileiro impõe uma dose de realismo que, muitas vezes, impede qualquer tipo de desfecho mais romântico.

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  • Rivellino CorinthiansPlacar/corinthians.com.br

    Rivellino

    A saída de Rivellino do Corinthians é um grande exemplo, ainda que décadas e décadas atrás. Foi um dos maiores processos de fritura na história do clube. E algo para se arrepender até hoje.

    Craque do time entre 1964 e 1974, período marcado por um grande jejum de títulos, Rivellino – já consagrado pela conquista mundial com a seleção brasileira em 1970 – virou bode expiatório após a derrota para o Palmeiras na final do Campeonato Paulista de 1974.

    Toda a carga de emoção levou a diretoria a aceitar vende-lo para o Fluminense, onde Rivellino também virou ídolo... mas desta vez conquistando, enfim, troféus. Não havia sido um caso inédito, como as turbulentas saídas do goleiro Gylmar ou de Luizinho “Pequeno Polegar” alguns anos antes demonstravam, mas o seu peso histórico, sem dúvidas, é um marco que atravessa gerações.

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  • Socrates CorinthiansReprodução

    Sócrates

    Mas este não é um texto com apenas as despedidas motivadas por brigas entre atleta e direção. Sócrates, por exemplo, deixou o Parque São Jorge por uma simples razão: a ditadura militar que vigorava no Brasil ainda na década de 1980.

    Quando a sua transferência para a Fiorentina, da Itália, ainda era assunto, o meio-campista estampou a capa da revista Placar, em abril de 1984, vestido de Dom Pedro I e bradando: “se o Brasil mudar, eu fico”.

    Mas as eleições diretas ainda demorariam a voltar, e com isso Sócrates deixou o Corinthians para jogar no badalado futebol italiano.

  • Casagrande CorinthiansPlacar/corinthians.com.br

    Casagrande

    Companheiro de Sócrates e também peça importante na histórica “Democracia Corinthiana”, Walter Casagrande Júnior escreveu sua idolatria alvinegra com gols e algumas polêmicas. Tanto, que sua primeira passagem pelo Timão foi marcada também por saídas por empréstimos: a primeira, mais comum para alguém em início de carreira, para a Caldense, mas a segunda logo para um rival, o São Paulo.

    Já no final de sua trajetória esportiva, em 1994, Casagrande retornou ao Corinthians mas já estava muito longe dos seus melhores momentos: foram poucos jogos e gols antes de seguir em passagens tímidas pelo Paulista de Jundiaí e no interior do futebol baiano, onde pendurou as chuteiras.

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  • Basílio - CorinthiansReprodução

    Basílio e Wladimir

    A responsabilidade de chegar para substituir o vácuo deixado por Rivellino era gigante, mas ao menos Basílio conseguiu o que o Patada Atômica não havia conseguido: ganhar um título.

    Foi de Basílio o gol que encerrou o jejum de 23 anos sem grandes conquistas do Corinthians, na final do Paulistão de 1977 contra a Ponte Preta. Só isso já seria o bastante para lhe garantir um status de ídolo alvinegro, mas Basílio ainda conquistou outro estadual em 1979.

    Ele deixou o Corinthians em 1981, quando já tinha 32 anos – idade considerada avançada na época, em um processo tido como normal, sem grandes traumas. Um caso que, ou é raro ou só foi levado com normalidade por se tratar de uma época sem a efervescência emocionalmente tóxica das redes sociais.

    Outro ídolo desta época cujo processo de saída do Corinthians também seguiu um rumo tido como comum foi Wladimir, com a diferença de ainda ter retornado uma última vez, aos 33 anos, para aumentar ainda mais seus recordes de jogos disputados com a camisa alvinegra.

  • Neto - Corinthians 1990Divulgação

    Neto

    Grande ídolo corintiano da geração que levou o clube ao primeiro título brasileiro, em 1990, Neto seguiu um caminho que já havia sido visto antes: jogador decisivo, que virou ídolo e xodó da torcida, mas cuja personalidade trouxe como consequência alguns problemas.

    Em 1993, após desentendimentos com o técnico Mário Sérgio, Neto deixou o Corinthians para jogar no Millonarios, da Colômbia. Voltaria ao Timão apenas no final de sua carreira, longe de viver os melhores momentos. Atualmente um dos comunicadores com maior alcance na mídia esportiva, o “Craque Neto” costuma lembrar da forma não muito boa que deixou seu clube de coração naquele 1993.

  • Ronaldo Giovanelli Corinthians 26092015Reprodução

    Ronaldo Giovanelli

    Um dos maiores goleiros da história do Corinthians, peça importantíssima nos bons momentos vividos na década de 1990, Ronaldo Giovanelli não teve seu contrato renovado por escolha de Vanderlei Luxemburgo, que chegava ao Alvinegro em 1998. Daquele momento em diante, jamais foi o mesmo que havia dado tantas boas lembranças aos corintianos.

  • Freddy RinconGetty Images

    Freddy Rincón

    Capitão no primeiro título mundial, conquistado em 2000, Rincón virou ídolo pela habilidade, versatilidade, liderança e títulos conquistados. Tamanha foi sua importância que o colombiano atingiu tal status mesmo tendo vindo diretamente do Palmeiras.

    No entanto, pouco após a conquista do Mundial de Clubes, Rincón não teve seu contrato renovado. Não conseguiu chegar a um acordo com o clube e acabou acertando sua transferência para o Santos, o que acabou motivando o sentimento de raiva dos corintianos na época. Seguindo o roteiro de tantos outros antes dele, retornou posteriormente, já no final de carreira, para o Corinthians, onde encerrou a carreira em 2004.

  • Edilson Corinthians Mundial de Clubes 2000Getty Images

    Edílson Capetinha

    Outro grande símbolo do título mundial de 2000 que não teve uma despedida à altura foi Edílson. O “Capetinha” foi ameaçado de agressão física por membros de torcida organizada após a eliminação na semifinal da Libertadores de 2000, e acabou se transferindo para o Flamengo.

  • Marcelinho Carioca CorinthiansGetty

    Marcelinho Carioca

    Um dos maiores e mais importantes jogadores da história do Corinthians, Marcelinho Carioca colecionou um bom número de polêmicas ao longo de sua carreira. E o roteiro semelhante a alguns ídolos anteriores do Parque São Jorge seguiu a obviedade na virada do Século: em 2001, após problemas com o técnico Vanderlei Luxemburgo e com o meio-campista Ricardinho, o meia-atacante deixou o Parque São Jorge e acertou com o Santos.

    O que aconteceu anos depois? Já nos últimos momentos de sua carreira, Marcelinho retornou ao Corinthians. Foi em 2006 e o “Pé de Anjo” não chegou a completar dez jogos. Em 2010, teve sua despedida diante da torcida em um amistoso festivo.

  • Gamarra - CorinthiansDivulgação

    Carlos Gamarra

    A passagem de Carlos Gamarra pelo Corinthians foi tão rápida quanto boa e intensa. A classe, a garra e os títulos brasileiro (1998) e paulista (1999) lhe alçaram ao posto de ídolo. E foi no auge de sua carreira que o paraguaio deixou o futebol brasileiro, aceitando proposta para jogar pelo Atlético de Madrid, na Espanha.

  • Tevez CorinthiansGetty Images

    Carlos Tévez

    Grande craque do time na conquista do Brasileirão de 2005, Tévez se transformou em ídolo e saiu do clube após eliminação traumática na Libertadores. Um roteiro que também soa familiar, certo?

    No caso do argentino, a queda para o River Plate, nas oitavas de final, fez estourar uma enorme crise no Parque São Jorge. Tévez chegou a ter seu carro chutado por membros de torcida organizada, fez gesto de “silêncio” às arquibancadas mas nunca escondeu o carinho que tinha pelo clube, mesmo nestes momentos mais tensos. Acabou deixando o Corinthians em 2006, vendido para o West Ham, da Inglaterra.

  • Ronaldo CorinthiansGetty Images

    Ronaldo

    O Fenômeno já era um ídolo nacional antes de, em seu retorno ao futebol brasileiro, se transformar em um ídolo corintiano. Já em final de carreira, foi decisivo para os títulos paulista e da Copa do Brasil em 2009. Aos 34 anos, Ronaldo optou por pendurar as chuteiras após a eliminação alvinegra contra o Tolima, na pré-Libertadores de 2011.

  • Chicão Corinthians 06112011

    Chicão

    Um dos pilares da reconstrução desde a Série B até os títulos de Libertadores e Mundial, Chicão não teve seu contrato renovado em 2013 por opção da diretoria. Ainda jogou de forma consistente pelo Flamengo, na sequência, antes de se transferir para o Bahia e para o futebol dos Estados Unidos.

  • Alessandro - CorinthiansNike Futebol Flickr

    Alessandro

    Talvez o maior exemplo de ídolo que teve um bom final no Corinthians foi Alessandro. O lateral-direito da era dos títulos que foram desde a reconstrução na Série B, passando por Copa do Brasil, Brasileirão, Libertadores e paulistas teve um último capítulo digno de livro. O eterno capitão tinha 35 anos quando decidiu que iria se aposentar no clube, em 2013, e se despediu com título paulista antes de virar dirigente no clube.

  • Paolo Guerrero Corinthians 19102014© Daniel Augusto Jr./Ag.Corinthians

    Paolo Guerrero

    Autor do gol que garantiu o título mundial em 2012, contra o Chelsea, Guerrero parecia entrar ali em uma lista de ídolos absolutos do Corinthians. O peruano vestiu a camisa alvinegra até 2015 e fazia constantes declarações de amor ao clube, dizendo, inclusive, que no Brasil jamais vestiria a camisa de outra equipe.

    Mas Guerrero não cumpriu com sua promessa. Além de não ter aceitado uma oferta para renovação de contrato em 2015, acabou trocando o Corinthians pelo Flamengo naquele ano. A decisão, obviamente, não caiu nada bem para a torcida corintiana. E o tamanho de Guerrero no clube, apesar do gol histórico, acabou retrocedendo. Não há dúvidas: ele poderia ter sido mais ídolo.

  • Emerson Sheik - Corinthians© Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

    Emerson Sheik

    Grande protagonista do título da Libertadores em 2012, Emerson Sheik pareceu estar talhado para virar um grande ídolo corintiano. E o destino insistiu para lhe dar uma boa despedida. Sheik teve problemas com o técnico Mano Menezes, em 2015, e foi emprestado ao Botafogo. Depois, retornou brevemente ao Timão mas não teve seu contrato renovado e foi jogar no Flamengo, antes de uma passagem pela Ponte Preta. Em 2018, contudo, voltou para o Corinthians e encerrou sua carreira tendo participado daquele título paulista.

  • Jadson Corinthians 09092015Friedemann Vogel/Getty Images Sport

    Jadson e Ralf

    Jadson e Ralf foram jogadores de características distintas. Um meia-atacante habilidoso, criativo e goleador comparado a um volante clássico. Mas ambos saíram juntos, em 2020, e pelo mesmo motivo: decisão da comissão técnica de Tiago Nunes, acatada pelo clube. A torcida não gostou. O decorrer das carreiras de Jadson e Ralf foi longe das alturas (e idolatria) que eles tinham no Timão.

  • Gil, Corinthians 2022Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

    Gil

    Peça importante no título paulista e Recopa Sul-Americana em 2013, mas sobretudo no Brasileirão de 2015, Gil passou a ser considerado um dos culpados pela fase ruim do Corinthians em 2023. Acabou acertando com o Santos para 2024.

  • CássioRodrigo Coca/Agência Corinthians

    Roteiros clássicos do futebol

    Como o Corinthians se despede de seus grandes ídolos? Após grandes traumas, após certa violência vinda dos torcedores, após as partes não se entenderem em alguma negociação por renovação de contrato, após dispensa de treinadores, após retornos em fim de carreira ou aguentando dificuldades até enfim se aposentarem.

    Pouco após Cássio, o mais recente ídolo a deixar o Corinthians foi Paulinho, meio-campista que voltou já em reta final de carreira e não rendeu como em seu melhor período. O Corinthians se despede de seus grandes ídolos, na verdade, da forma como quase qualquer outro grande clube brasileiro se despede de seus ídolos.

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