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Do rebaixamento ao Bayern: Vincent Kompany escancara o caos da busca por um substituto para Thomas Tuchel

O Bayern de Munique, vencedor de 33 títulos da Bundesliga, seis da Champions League, 20 da Copa da Alemanha e, de longe, o maior clube do seu país, contratou o treinador do Burnley, um time que acaba de ser rebaixado de forma convincente da Premier League.

O acordo de Vincent Kompany para se tornar o novo técnico do Bayern está praticamente fechado, com vários relatos afirmando que o belga assumirá o comando na Allianz Arena antes mesmo da temporada 2024/25. Sua nomeação é possível quanto surpreendente. Ele é um treinador com apenas quatro anos de experiência, um dos quais foi na segunda divisão inglesa. Nunca treinou um jogo da Liga dos Campeões, e sua única campanha europeia terminou com uma derrota nos playoffs da Conference League.

Kompany não deve ser criticado por aceitar o trabalho, mesmo que pareça um salto muito além da perna. Ele é um técnico promissor que, aos 38 anos, ainda tem a chance de se tornar um grande treinador. Dê a ele algumas temporadas em clubes de médio escalão, para se desenvolver e moldar ainda mais suas ideias, e assim ele pode estar pronto, algum dia, para um trabalho tão grande quanto o do Bayern. Mas tudo isso parece estar acontecendo cedo demais.

De forma mais ampla, isso reflete a bagunça em que o Bayern se encontra. Diversos treinadores já foram alvo dos bávaros desde que tomaram a decisão de dispensar Thomas Tuchel no final da temporada, em fevereiro. Após meses de busca pela Europa, perseguindo grandes nomes e falhando repetidamente, eles ficaram com um treinador que ainda parece despreparado e não apto para um trabalho dessa magnitude.

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  • Kompany-Burnley-2023-24Getty

    Por que Kompany?

    As credenciais de Kompany como técnico ainda não impressionam. Um ótimo zagueiro por muitos anos, principalmente pelo Manchester City, ele se tornou jogador e treinador em 2020, no clube de sua infância, o Anderlecht, em um contrato de quatro anos, o encarregando de levar o gigante adormecido de volta ao topo. Eles terminaram em quarto lugar na sua primeira temporada - durante a qual o defensor rapidamente se aposentou como jogador - e em terceiro na sua segunda temporada, além de chegar à final da Copa da Bélgica. Após isso, aceitou o trabalho como substituto permanente de Sean Dyche no recém rebaixado Burnley.

    Sua primeira temporada no Turf Moor foi histórica. Kompany fez com que o Burnley jogasse um futebol ofensivo e encantador, que rendeu comparações ao estilo fluido de seu antigo treinador Pep Guardiola. O time liderou a Championship, vencendo a liga com 101 pontos - o primeiro a atingir mais de cem pontos em nove anos.

    Talvez compreensivelmente, clubes maiores - mais especificamente, o Tottenham - demonstraram interesse em Kompany, mas ele optou por assinar um contrato mais longo para mantê-lo no clube até 2028. Tudo parecia estar preparado para o sucesso enquanto ele planejava uma tentativa de sobrevivência na primeira divisão.

    Mas sua campanha de estreia na Premier League não saiu como o planejado. Kompany nunca deixou de lado seus princípios ofensivos e tentou fazer com que o Burnley jogasse o mesmo futebol fluido que os promoveu na temporada anterior. O desempenho foi desastroso em ambos os extremos do campo, vencendo apenas cinco jogos e terminando a temporada com míseros 24 pontos. E, embora o técnico tenha insistido que não estava "amargurado" após a confirmação do rebaixamento, foi difícil encontrar aspectos positivos em uma temporada tão sombria.

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  • 20240510 Xabi Alonso(C)Getty Images

    Grandes erros do Bayern

    Kompany agora chegará à Allianz Arena em um momento turbulento. O Bayern foi rápido em confirmar que se livraria de Tuchel após a fase ruim no início de 2024, que deixou os bávaros atrás do Bayer Leverkusen na corrida pelo título da Bundesliga. Ao tomar uma decisão sobre o técnico três meses antes do final da temporada, o clube acreditou que poderia sair na frente na busca pelo melhor candidato para assumir o cargo.

    Seu alvo principal era o homem que estava se distanciando deles no topo da tabela, Xabi Alonso. Tendo aprendido sob o comando de Pep Guardiola durante seu tempo como jogador em Munique, o espanhol estava causando impacto no BayArena, eventualmente guiando o Leverkusen a uma campanha invicta na Bundesliga e a um título de liga inédito. É comum que, na história do Bayern, caso surja alguém ameaçando seu status como os melhores da Bundesliga, eles o trazem para a Baviera. Foi isso que acharam que aconteceria com Alonso. Mas não foi o que aconteceu.

    O espanhol, que estava sendo cobiçado por Liverpool e Bayern, chocou o mundo do futebol no final de março ao anunciar que permaneceria como treinador do Leverkusen por pelo menos mais uma temporada. Um trabalho em um grande clube continua nos planos futuros para o técnico de 42 anos; pode ser que este não seria o momento certo para ele assumir um.

    O Bayern, então, teve de voltar a procurar outras opções e voltou-se para Julian Nagelsmann - o homem que haviam demitido apenas 12 meses antes em circunstâncias controversas. O alemão havia assumido como técnico da seleção do país no final de 2023, mas sem um contrato que o mantivesse no cargo além da Euro 2024, havia motivos para acreditar que ele estaria aberto a retornar, especialmente porque o CEO Oliver Kahn e o diretor esportivo Hasan Salihamidzic, com quem ele tinha se desentendido durante suas últimas semanas no Bayern, foram demitidos.

    No entanto, à medida que a especulação sobre um retorno crescia em abril, Nagelsmann tomou a surpreendente decisão de assinar um contrato para permanecer como técnico da Alemanha até a Copa do Mundo de 2026. Com suas duas principais opções fora de cogitação, o Bayern teve que voltar à estaca zero.

  • Ralf RangnickGetty

    Não atrás de não

    Uma série de nomes foram cogitados como potenciais candidatos quando as novas buscas começaram. Roberto De Zerbi foi mencionado após seu belo trabalho no Brighton, enquanto Unai Emery foi alguém com quem a diretoria do Bayern estava ansiosa para conversar, mas renovou seu contrato com o Aston Villa, à medida que se aproximava da classificação à Liga dos Campeões. Sebastian Hoeness, ex-treinador da base do Bayern, no Stuttgart brigando por vaga europeia, também assinou um novo contrato justamente quando o Bayern cogitou sua vinda.

    Em maio, no entanto, parecia que os bávaros finalmente haviam encontrado seu treinador, quando o técnico da Áustria e ex-fracasso do Manchester United, Ralph Rangnick, entrou em negociação com o clube. Embora o mentor do futebol de pressão do Red Bull tenha enfrentado dificuldades na Inglaterra, sua reputação na Alemanha segue em alta, e ele tem feito um trabalho bom desde que entrou no comando de sua seleção.

    No entanto, citando razões pessoais, Rangnick recusou o trabalho. Embaraçado, o Bayern se voltou para Oliver Glasner, mas foi informado pelo Crystal Palace que teria que pagar €100 milhões (R$ 557 milhões) para tirar o austríaco do Selhurst Park após seu bom início de trabalho com os Eagles.

  • Thomas Tuchel Bayern 05082024(C)Getty Images

    A última falha

    O Bayern já tinha buscado quase todas as opções disponíveis para eles e não encontraram sucesso em nenhuma delas. Enquanto isso, em campo, o time havia mostrado alguns sinais de melhora, especialmente na Liga dos Campeões, onde eliminaram o Arsenal nas quartas de final e estiveram muito perto de superar o Real Madrid nas semifinais.

    Tuchel foi elogiado pela forma como armou sua equipe para enfrentar adversários tão fortes, e assim o clube entrou em negociações com o ex-técnico do Chelsea para tentar chegar a um acordo que o mantivesse no clube depois de tanta novela. Acredita-se que os dois lados estiveram perto de fechar, mas em sua última coletiva de imprensa pré-jogo da temporada, o alemão confirmou a manutenção de seu plano de saída.

    O técnico de 50 anos é o oitavo a ter rejeitado o Bayern para a próxima temporada ou assinado um novo contrato para permanecer em seu clube atual, antes mesmo que os bávaros tivessem a chance de falar com eles. Dizer que Kompany está no fundo do poço, então, seria pouco.

  • Vincent-Kompany(C)GettyImages

    O trabalho de Kompany pode dar certo?

    Embora a falta de experiência em alto nível (como treinador) seja uma preocupação, a reputação como líder e a compreensão tática que Kompany tem são pontos positivos. Além de que, sua carreira como jogador, ídolo no City, pode trazer um respeito de imediato aos jogadores e torcedores da Baviera.

    Além disso, seu estilo de jogo ofensivo, demonstrado no Burnley e no Anderlecht, pode se adequar ao perfil de jogo do Bayern, ainda mais com um elenco de maior qualidade à sua disposição. Sua capacidade de desenvolver jovens talentos também pode ser um ponto forte para um clube que historicamente investe fortemente em sua base.

    No entanto, há incertezas sobre sua capacidade de lidar com a pressão e com as expectativas de um clube como o Bayern de Munique, que tem uma cultura de vitória a todo custo sempre. Ele terá que provar sua capacidade de tomar decisões táticas cruciais e lidar com jogadores do mais alto nível do futebol mundial em um ambiente competitivo.

    Afinal, só o tempo dirá se Kompany será capaz de fazer a transição bem-sucedida de jogador a treinador e levar o gigante da Baviera ao sucesso.

  • Kompany-BurnleyGetty

    Caos em Munique

    No final das contas, isso diz mais sobre o Bayern do que sobre o homem que pode ou não dar certo na área técnica da Allianz Arena. Por todas as razões pelas quais Kompany pode ainda ser uma aposta certa, não podemos ignorar que ele é a nona opção para o cargo. A verdade é que o caos tem dominado o time e a diretoria há mais de um ano. Nagelsmann foi dispensado muito rapidamente em março de 2023, informando-o da demissão enquanto estava de férias.

    Desde então, as coisas têm desmoronado. Kahn e Sailihamidzic foram demitidos no último dia da temporada 2022-23, enquanto o Bayern comemorava a pipocada do Borussia Dortmund que lhes entregou um título da Bundesliga não merecido. Um novo líder de para o mercado não chegou por nove meses, enquanto os métodos de Tuchel falharam drasticamente. As negociações sobre novos contratos para jogadores importantes como Joshua Kimmich, Alphonso Davies, Leroy Sane e Jamal Musiala ainda não renderam resultados positivos, com os três primeiros entrando no último ano de seus contratos nesta janela, levando a relatos de que eles serão vendidos.

    Kompany, então, tem um grande trabalho em suas mãos, e ele não pode e nem deve ser o culpado se tudo der errado. Se ele se mostrar um técnico brilhante ou mais um erro de planejamento da diretoria, sua contratação mostra de qualquer forma o quão desesperadas as coisas ficaram no Bayern.