Ange Postecoglou rapidamente conquistou o público inglês quando começou sua trajetória no Tottenham, em 2023, com uma sequência invicta de 10 jogos na Premier League. Sete partidas após assumir o Nottingham Forest, ele ainda busca sua primeira vitória e já corre risco de demissão. Como o Forest, sensação da temporada passada, e Postecoglou, um técnico vencedor em vários continentes, chegaram a essa situação? Há muitos fatores a considerar.
Se deixarmos de lado o debate sobre o comando técnico, a explicação simples seria que o Forest apenas superou as expectativas no último campeonato e agora está voltando à média. Seu saldo de gols esperado em 2024/25 foi de -3,4 (segundo o FBRef), o 13º melhor da liga, seis posições abaixo da colocação real, o sétimo lugar.
Mas reduzir a análise apenas aos números seria injusto com o que o Forest conquistou sob o comando de Nuno Espírito Santo. O time se tornou um dos mais sólidos e difíceis de enfrentar na Premier League, enquanto o talento criativo de Morgan Gibbs-White e a boa fase do veterano atacante Chris Wood garantiram os gols necessários. Parte desse brilho ofensivo esfriou e a defesa ficou mais vulnerável por causa das lesões, mas os problemas vão além disso.
O temperamental dono do clube, Evangelos Marinakis, atraiu atenção indesejada ao confrontar Nuno em campo após o empate por 2 a 2 com o Leicester City, no penúltimo jogo em casa da temporada passada. Ambos minimizaram o episódio, dizendo que o grego apenas se preocupava com o atacante lesionado Taiwo Awoniyi, mas a cena não pegou bem. A situação piorou quando Nuno admitiu, em agosto, que sua relação com o dono havia se deteriorado, e relatos posteriores atribuíram isso à chegada de Edu Gaspar, ex-Arsenal, como novo diretor global de futebol.
A demissão do popular Nuno para contratar Postecoglou foi uma decisão confusa. Marinakis mantinha boa relação com o ex-técnico do Celtic e chegou a jantar com ele durante o meio do ano. Se esse era o plano, por que esperar o fim da janela de transferências para anunciá-lo? Além disso, os estilos de Nuno e Postecoglou são completamente diferentes, e as táticas do australiano já estavam desgastadas no fim de sua passagem pelo Tottenham.
O Forest perdeu o senso de unidade. Um clube coeso e vibrante virou um ambiente fragmentado. Segundo reportagens recentes, se Postecoglou não conseguir sua primeira vitória neste fim de semana, contra o Chelsea, no City Ground, o nativo de Nottingham Sean Dyche pode assumir o cargo, em mais uma reviravolta completa de filosofia. Difícil entender a lógica disso tudo.