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Lionel Messi PSG 2022-23

Os motivos que fizeram Lionel Messi não dar certo no PSG

O anúncio veio através do técnico do Paris Saint-Germain, Christophe Galtier: Lionel Messi não jogará mais pela equipe francesa na próxima temporada. Dois dias depois, o próprio clube anunciou a saída do astro argentino e o último jogo do argentino foi com derrota por 3 a 2 para o Clermont. Messi deixou o Parque dos Príncipes sob vaias.

Apesar de todo o seu brilhantismo, o argentino nunca impressionou realmente no PSG do mesmo jeito que impressionou no Barcelona. De certa forma, isso não é um choque. Ele está com mais de trinta anos e nunca quis deixar o clube de infância. Mas a situação é mais complexa do que isso. Afinal de contas, onde foi que tudo deu errado para oargentino no PSG?

  • Lionel Messi Paris Saint-Germain 2021-22Getty Images

    Uma seca nas estatísticas

    Quem poderia imaginar que Messi teria algum tipo de expectativa a cumprir? Parte do desafio do atleta de ser o maior de todos os tempos é que isso precisa ser provado todos os anos. Os "faladores" do Twitter, como observado, precisam de munição para suas guerras diárias na internet.

    Mas esses "brigões" não tiveram muito material nos primeiros meses do argentino em Paris para discussões. Ele não foi exatamente ruim, mas seus sete gols e quatro assistências nos primeiros quatro meses na capital francesa foram uma decepção para seus próprios padrões.

    Se um desempenho é bom ou não, não deve ser decidido apenas pelas estatísticas, e Messi teve alguns momentos de alto nível - principalmente um gol memorável contra o Manchester City na Liga dos Campeões. No entanto, a consistência que o caracterizava o iludiu desde o início e, sem dúvida, nunca mais retornou.

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  • Kylian Mbappe Lionel Messi PSG 2021-22Getty Images

    Táticas e culpa nas costas de Messi

    As táticas sempre foram um problema em Paris. Colocar Messi, Kylian Mbappé e Neymar no mesmo time parecia ser uma receita para o ataque perfeito. Mas no momento de fazer pressão alta, o trio sempre tinha dificuldade para recuperar a posse de bola.

    E foi o que aconteceu. O PSG estava jogando diretamente com oito homens sempre que não tinham a bola. Isso era bom na Ligue 1, quando a equipe era simplesmente muito melhor do que todas as outras. Mas na Champions League, foi desastroso.

    Não ajudou, é claro, o fato de que grande parte da culpa foi jogada sobre o novato Messi pelos incansáveis ultras do PSG. Messi foi o bode expiatório dos problemas defensivos do PSG, e seu nível de responsabilidade pode ser questionado.

  • Linoel-Messi(C)GettyImages

    Pós-Copa do Mundo

    Em janeiro de 2023, as coisas pareciam diferentes na França. Messi havia conquistado, em dezembro de 2022, o único troféu que lhe faltava por 20 anos, a Copa do Mundo com a seleção argentina. O rosarino tirou quase duas semanas de férias para comemorar. Enquanto isso, Mbappé, depois de perder para Messi na final, voltou a se dedicar aos treinos do PSG sem descanso.

    As comparações sempre aconteceram. Aqui estava um craque, desfrutando da maior conquista de sua carreira, deitado em uma praia do outro lado do mundo. Enquanto isso, o garoto já estava voltando ao trabalho. Não ajudou, é claro, o fato de Mbappé ter passado o mês de janeiro como herói do PSG, enquanto Messi era sujeito oculto.

    E isso acabou se mantendo desde então. Messi meio que passeou pela Ligue 1, sua mente ainda em Doha ou fixada na Catalunha. Seus números têm sido até bons, com 12 gols desde seu retorno. Ainda assim, isso não foi suficiente para impedir as vaias dos torcedores do PSG, enquanto Galtier passou meses tentando se esquivar das perguntas sobre sua visível falta de esforço.

  • Leo Messi with the white falcon in DiriyahSaudi Tourism Authority

    A "viagem"

    De um estado-nação para outro! Algumas pessoas ficaram bem impressionadas quando Messi concordou em ser embaixador de turismo da Arábia Saudita há um ano, um compromisso que lhe rendeu uma bela quantia de 30 milhões de euros (R$ 159,47 milhões) de um país associado a uma série de abusos contra os direitos humanos.

    Para seu crédito, Messi demonstrou apoio inabalável à causa, algo que ele provou quando fez uma viagem "não permitida" ao Oriente Médio para cumprir os requisitos de seu acordo. O argentino ignorou as ordens do seu clube, deixando de treinar após uma feia derrota para o Lorient e partindo para a Arábia Saudita para uma breve viagem. Ele recebeu uma suspensão por isso.

    Messi argumentou que já havia adiado a viagem e que tudo se deveu a uma falha na comunicação com o PSG. Para os torcedores, isso foi interpretado como as ações de um jogador que já não se importava mais.

  • Lionel Messi Kingsley Coman PSG Bayern 2022-23Getty

    Dificuldade europeia

    Há uma questão mais ampla em jogo com o PSG em geral. Os parisienses, apesar de todo o seu talento, simplesmente não conseguem vencer no cenário europeu. E isso não é necessariamente culpa de Messi. Nos dois anos em que o argentino esteve em Paris, o clube foi derrotado por um Karim Benzema em ascensão, no Real Madrid, e superado por um Bayern de Munique mais equilibrado.

    O argentino chegou a Paris com o objetivo, se não a expectativa, de obter sucesso na Europa (ou seja, conquistar a Champions). O PSG vence a Ligue 1 praticamente em todos os anos - e fará isso com ou sem Messi. Ainda assim, o atleta tem sido alvo de críticas, e talvez isso seja um pouco injusto.

    Erros defensivos de jogadores como Marquinhos e Marco Verratti fizeram a diferença contra o Bayern de Munique. Ainda assim, Messi chegou ao Parc des Princes com uma responsabilidade, que ele não cumpriu.

  • Lionel Messi PSG 2021-22Getty Images

    O tempo passa...

    Messi está ficando velho. Ele tinha 34 anos quando o PSG o contratou, e precisou ser protegido pelo Barcelona por alguns anos antes de se mudar para a França. O PSG sabia que estava adquirindo um jogador que não poderia correr incansavelmente por 90 minutos. Provavelmente também sabiam que herdariam uma versão do argentino que poderia sofrer uma ou duas lesões, uma lenda do esporte cujos músculos poderiam começar a sentir o desgaste da idade.

    E, embora ele não tenha se lesionado ou simplesmente não tenha conseguido se movimentar, o impacto da idade claramente afetou o argentino. Ele perdeu alguns jogos, tanto neste ano quanto no anterior, devido a problemas na panturrilha. Enquanto isso, sua falta de ritmo também pode ser atribuída à simples necessidade de proteger um jogador que não pode correr durante um jogo inteiro toda semana. Messi está em fim de carreira. O PSG e seus torcedores nunca se conformaram com esse fato.

  • Lionel Messi Barcelona press conference Getty Images

    Conectado ao Barcelona

    Todos se lembram das lágrimas. A coletiva de imprensa que Messi mal conseguiu dar quando anunciou publicamente que não poderia continuar no Barcelona. Esse era um jogador forçado a sair, impedido de ficar em seu clube de infância devido à má administração financeira. Messi não queria sair.

    Isso é algo que seu próximo clube estava destinado a enfrentar. Barcelona é o lar adotivo de Messi, uma cidade à qual ele ainda está muito ligado. O PSG, por mais agradável que seja e por mais acolhedora que seja a torcida, nunca preencheria esse vazio. E é difícil lidar com isso.

    Messi é um jogador de futebol profissional, que recebe muito dinheiro e de quem se espera que jogue sem reclamar. Ele não está isento de qualquer falta de esforço. Mas quando os problemas inevitáveis surgiram, foi claramente difícil para o argentino se dedicar de verdade a resolvê-los.

  • Christophe Galtier Paris Saint-Germain 2022-23Getty

    Problemas no comando

    As dificuldades gerenciais do PSG já estão bem documentadas a essa altura. É, de fato, um trabalho impossível, algo que os parisienses provaram ao contratar uma série de técnicos muito bons e vê-los fracassar. O problema tático de todos os treinadores nos últimos anos tem sido encontrar o equilíbrio certo entre as estrelas do ataque e os outros atletas. Não há uma solução óbvia.

    Ainda assim, os dois técnicos de Messi em Paris fracassaram de forma espetacular. Mauricio Pochettino venceu a Ligue 1, mas nunca conseguiu tirar o melhor proveito de Messi. Galtier, por sua vez, teve seu próprio conjunto de problemas. Mas talvez o mais alarmante seja que ele enfraqueceu o PSG na defesa, uma equipe que carece da sua suposta área mais forte.

    De qualquer forma, Messi nunca trabalhou sob o comando de um técnico que tenha se saído bem em Paris.