Os melhores momentos de Real Madrid x Barcelona no século 21

Atirar garrafas nos jogadores durante os escanteios não é algo novo no futebol. Com muita frequência, os jogadores são bombardeados com moedas, garrafas de água ou pior. Mas em 2002, um objeto particularmente estranho foi arremessado das arquibancadas em Luis Figo.

Enquanto o jogador do Real se preparava para bater um escanteio, diante de uma parede de torcedores do Barça, um torcedor jogou uma cabeça de porco em seus pés. Foi a segunda aparição de Figo no Camp Nou desde que trocou o Barça pelo Real Madrid em 2000, então é compreensível que as tensões estivessem altas. Mas a escolha específica do objeto foi estranha.

Logo após o incidente, a tensão aumentou nas arquibancadas e o árbitro suspendeu a partida por 15 minutos. O restante do jogo foi esquecível, mas o incidente será lembrado para sempre.

Em 1983, Diego Maradona foi aplaudido de pé no Bernabéu após uma exibição tipicamente cativante, o estádio se levantou para reconhecer um dos melhores jogadores de todos os tempos. Vinte e dois anos depois, outro jogador do Barcelona recebeu um reconhecimento semelhante.

Ronaldinho estava desfrutando de seus melhores anos com a camisa do Barça na época. E naquela noite de novembro, enfrentando Sergio Ramos, de 20 anos, ele fez uma performance inesquecível.

Na verdade, ele ficou relativamente quieto no primeiro tempo, com Samuel Eto'o abrindo o placar após receber um passe do jovem Messi. E aí, no segundo tempo, Ronaldinho explodiu. Houve, é claro, o gol icônico. O brasileiro começou no meio-campo, passou pela defesa do Real e venceu Casillas na primeira trave.

Ele acrescentou um segundo depois e, enquanto se afastava para comemorar, o Bernabéu lotado se levantou em aplausos, um reconhecimento de uma das melhores apresentações de todos os tempos no clássico.

Raramente os clássicos são tão distintos como este. E que alegria foi assistir este jogo. O Barcelona estava em seu melhor momento, dominando a posse de bola e simplesmente destruindo o Real Madrid.

A véspera do jogo foi dominada pelas conversas sobre o momento do Real Madrid. O novo técnico, José Mourinho, optou por deixar de lado seu estilo defensivo e implementar um ataque poderoso. No jogo anterior, por exemplo, eles haviam goleado o Racing Santander por 6 a 1.

Porém, o Barça marcou duas vezes nos primeiros 18 minutos e acrescentou mais três gols logo após o intervalo. Estranhamente, Messi não marcou nenhum dos cinco. Após a partida, Mourinho desanimado admitiu que seu time foi derrotado.

"Jogamos muito, muito mal e eles foram fantásticos. Demos dois gols que beiram o ridículo. A culpa é nossa", disse.

Cristiano Ronaldo provavelmente deveria ter marcado um hat-trick neste jogo. Ele teve três chances no primeiro tempo, perdendo uma e vendo duas serem defendidas pelo goleiro reserva do Barça, José Manuel Pinto.

Mas na prorrogação, com o jogo empatado em 0 a 0, Cristiano não errou. Foi um daqueles cabeceio do português em que parece voar por cima de qualquer zagueiro que se atreva a saltar com ele. Seu toque foi perfeito, a bola passou pelo goleiro, que nada pode fazer.

Esse gol deu o título da Copa do Rei ao Real Madrid e representou uma espécie de virada na gestão de Mourinho. O português havia assumido o controle no verão europeu anterior e muitas vezes foi criticado por suas táticas, destacadas pela derrota por 5 a 0 em seu primeiro clássico como técnico do Real Madrid. Mas aqui, Cristiano Ronaldo silenciou qualquer crítico do treinador para ajudar a conquistar o troféu.

Nunca um jogador deu uma assistência tão simples para um gol como esse. Messi teve uma de suas melhores atuações em um clássico da semifinal da Liga dos Campeões de 2011, marcando dois gols no segundo tempo para dar ao Barcelona uma vitória por 2 a 0 no Santiago Bernabéu.

Seu segundo gol foi uma beleza, com Busquets rolando a bola para Messi antes que o argentino fizesse uma corrida, tirasse três jogadores da sua frente e acertasse o gol de Iker Casillas com o pé direito. Foi um dos melhores gols da história do El Clásico, e deu a Busquets sua assistência mais fácil nos últimos tempos.

Nenhum clássico é sem importância, mas o confronto da Supercopa da Espanha, em agosto de 2011, realmente não deveria ter sido tão significativo. Ainda assim, com Mourinho na área técnica, tudo pode acontecer.

Esse foi certamente o caso aqui. Depois que Messi matou o confronto, os dois times se enfrentaram em frente aos bancos de reservas. E em meio ao caos, Mourinho se aproximou do assistente do Barça, Tito Vilanova, e cutucou o auxiliar no olho.

Apesar dos protestos do Barcelona, o árbitro não conseguiu ver o incidente e, na era pré-VAR, nada pôde ser feito. Mourinho pediu desculpas aos torcedores do Real Madrid após o jogo, mas, notavelmente, não demonstrou remorso por ter acertado Vilanova.

Ele foi suspenso por dois jogos por suas "travessuras" e disse anos depois: "Eu não deveria ter feito o que fiz. Claro que não, essa imagem negativa fica para sempre. Tito não teve nada a ver com isso. Peço desculpas a ele."

Antes de Cristiano Ronaldo aperfeiçoar sua agora famosa celebração "siiiiu", ele cunhou uma outra no clássico.

CR7 fez uma de suas melhores atuações no El Clásico em 2012, marcando o gol da vitória por 2 a 1 no Camp Nou. Foi uma finalização assinada por portugueses, acertando a rede no ângulo.

E quando ele se afastou para comemorar, ele produziu a memorável celebração "calma", incitando 90 mil torcedores do Barcelona a relaxar com a atitude de um jogador que sabia que tinha quase conquistado o título da Liga para seu time.

Sério, como passou na cabeça de Gareth Bale que isso era possível?

Faltando cinco minutos para o final da Copa do Rei, com Barça e Real Madrid empatados em 1 a 1, Bale fez algo que não parecia possível dentro dos limites de um campo de futebol, principalmente porque ele saiu do gramado para fazer isso.

Ele recuperou a bola um pouco antes da linha do meio campo e, com seu primeiro toque, mandou a bola girando em torno de Marc Bartra para 30 metros a frente. Mas quando Bartra se moveu para bloquear a corrida de Bale, o ala do Real Madrid simplesmente continuou seu passo fora do campo, correndo pela área técnica do Barça antes de bater o zagueiro na bola a três metros do fim.

O resto foi igualmente impressionante, quando o galês deu de ombros para Bartra e chutou para o gol para finalizar um dos gols mais improváveis da história do El Clásico.

Em 24 de abril de 2017, Messi recebeu um cartão amarelo perdoável, já que resultou de uma das sequências mais brilhantes da história do clássico.

O argentino estava simplesmente passeando a 40 metros do gol, quando o Barça iniciou um contra-ataque, aparentemente desinteressado, enquanto os catalães pressionavam para um gol aos 92 minutos. Mas, quando o Barça passou a bola pela ala esquerda, Messi foi para o centro. O passe de Jordi Alba foi perfeito, um corte na entrada da área, e o número 10 acertou um chute em cheio.

O gol, apesar de genial, fica esquecido pelo que aconteceu depois. Messi tirou a camisa, correu para os torcedores do Real Madrid e ergueu seu nome e número em comemoração, uma rara provocação de uma modesta estrela.

Os números de Suárez contra o Real Madrid foram impressionantes. O uruguaio sempre parecia encontrar sua melhor forma nesses jogos, e mostrou isso em outubro de 2018, conquistando apenas o quarto hat-trick na história desse clássico após a vitória por 5 a 1.

O atacante não teve o primeiro tempo mais fácil, apesar de ter cobrado um pênalti para dar ao seu time uma vantagem de 2 a 0 em 30 minutos. Mas no segundo, ele encontrou seu melhor momento, marcando um de cabeça e acertou outro chute em Thibaut Courtois depois.

O resultado foi ainda mais importante porque o Barcelona não contava com Messi, que estava lesionado, e colocou o Real Madrid no nono (!) lugar na tabela.