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Neymar e Philippe Coutinho não estão valendo o peso que têm ou elencos de Santos e Vasco que deixam tanto a desejar?

Existem situações em que até mesmo os olhos mais céticos abrem um espaço para a esperança. Dentro de um jogo de futebol, pode ser aquele momento em que o torcedor de arquibancada se levanta, cheio de expectativa, quando seu time chega com perigo no ataque -- ou em que o fã mais distante descola as costas do encosto da cadeira ou sofá na espera do tão esperado gol. Ao longo dos últimos 15 anos, mais ou menos, todas as vezes em que Neymar ou Philippe Coutinho tinham uma bola nos pés algo deste estilo acontecia.

Foram eles, os artífices destas expectativas. Amigos desde as categorias de base, onde se enfrentavam quando tinha Vasco x Santos ou se juntavam nas seleções inferiores, eles foram tratados, com justiça, como as duas maiores joias de uma geração. Os herdeiros do jogo bonito, de fantasia. Os feitos no futebol europeu, por Barcelona, PSG, Liverpool ou Bayern de Munique depositaram nos cérebros dos fãs de futebol a crença de que Neymar e Coutinho seriam capazes de mudar qualquer time da água para o vinho.

Mas não é sempre que o futebol é mágico. Pelo contrário. Os últimos anos da dupla foram de baixa: Neymar perdeu protagonismo no PSG, foi para a Arábia Saudita para não completar nem dez jogos em meio a uma nova sequência de lesões; Coutinho teve uma queda até mais acentuada em campo, tendo passagens extremamente irregulares por Barcelona e Bayern de Munique, antes de tentar sobrevida no Aston Villa até enfim ter que ficar mais “escondido” no futebol do Qatar.

Buscando um refúgio no futebol brasileiro, onde poderiam renascer nos clubes em que nasceram, a narrativa parecia resetada: de volta para onde tudo começou, jogadores como eles “sobrariam” em campo e mudariam completamente a sorte de times que, embora gigantes, nos últimos anos vivem realidade mais sofrida – em meio a rebaixamentos e lutas contra quedas. Só que a realidade ficou bem distante do sonho e os príncipes, como são chamados por suas respectivas torcidas, não vivem nenhum conto de fadas.

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    Reencontro marcado

    Neste domingo (17), os amigos se reencontram pela primeira vez desde que retornaram ao futebol brasileiro. Duelo de título? Não. Disputa direta por vagas na Libertadores? Também não. O Vasco de Philippe Coutinho abre a zona de rebaixamento com 16 pontos, enquanto o Santos de Neymar ainda sente o calor do Z4 tendo 21 pontos. Uma realidade muito diferente daquela de 2020, na única vez em que os camisas 10 haviam anteriormente se encontrado como adversários, na final de Champions League vencida pelo Bayern de Coutinho contra o PSG de Neymar.

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  • Lanus v Vasco Da Gama - Copa CONMEBOL Sudamericana 2025Getty Images Sport

    O príncipe claudicante

    Philippe Coutinho chegou na metade de 2024, carregando obviamente grande expectativa, e não foi bem na primeira parte de seu retorno a São Januário: três gols, uma assistência, lesões sofridas e um Vasco que não conseguiu brigar de verdade por grandes objetivos. A melhora em 2025 é nítida, até porque seria mais difícil piorar do que melhorar, mas ainda assim os seis gols e três assistências, considerando todas as competições, não impressionam. Coutinho é uma figura conhecida, tem o carinho das arquibancadas, mas ainda não conseguiu ser protagonista nem mesmo do time, quiçá do futebol brasileiro.

  • Santos v Juventude - Brasileirao 2025Getty Images Sport

    O príncipe polêmico

    Neymar, por outro lado, retornou ao Santos no início de 2025 e, como tem acontecido com sua carreira nos últimos anos, vinha aparecendo mais pelas polêmicas extracampo do que pelos seis gols e três assistências. Sim, é isso mesmo: Coutinho e Neymar têm o mesmo número de participações em gols, embora o vascaíno tenha entrado muito mais vezes em campo do que o santista (31 a 18). 

    Outra coisa em comum é a falta de regularidade: no Brasileirão eles ainda não conseguiram emplacar dois jogos seguidos participando de gols. Os brilhos chamam atenção quando acontecem, pela plasticidade com a qual os artistas pintam seus quadros futebolísticos, mas a cada vez que as esperanças santistas ou vascaínas são acesas, vem uma sequência de cerca de três a quatro jogos mais tímidos.

  • Culpa dividida

    Neymar e Coutinho têm culpa, não há como fugir disso apesar de serem vítimas de expectativas que eles próprios ajudaram a criar. Mas não dá para descartar, também, o que está no entorno. O Santos retornou da Série B, tem como técnico Cléber Xavier em sua primeira experiência no comando de um time profissional. O Vasco vive em um limbo em sua SAF, que acaba impedindo investimentos maiores em jogadores, e também se acostumou mais a lutar na parte de baixo da tabela do Brasileirão.

    Os elencos destes dois gigantes do futebol brasileiro não fazem jus às suas tradições. Há tempos. Dos últimos 10 técnicos do Santos, apenas Marcelo Fernandes, em 2023, teve aproveitamento maior que 50% (51,8%). Pelo Vasco, a gangorra tem sido regra e brigar por grandes feitos tem sido a exceção. Ou seja, a resposta para a pergunta que intitula este texto é dividida. O futebol não permite muitas análises absolutas: Neymar e Coutinho não estão demonstrando o peso que têm, mas seus times também não lhes ajudam muito.

    O mais frustrante é que, em teoria, o casamento entre craques e clubes poderia ser perfeito: times carentes de liderança técnica e ídolos buscando redenção. Na prática, virou uma relação marcada por lampejos, mas sem a constância que separa boas histórias de retorno das histórias que poderiam ter sido. De qualquer forma, o reencontro entre ambos será uma das grandes atrações da 20ª rodada deste Campeonato Brasileiro.