Mauricio Pochettino já fez por merecer segunda chance no Chelsea mesmo com nova eliminação

Por mais desafiadora que tenha sido a campanha na Premier League, Pochettino usou as competições de copa a seu favor e transformou o Chelsea novamente em uma equipe competitiva.

Eles voltaram ao Wembley para as semifinais da FA Cup, depois de terem chegado à final da Carabao Cup há dois meses - duas competições das quais foram eliminados na terceira rodada sob o comando de Graham Potter na temporada passada, e ambas eliminações foram contra o Manchester City.

Os Blues fracassaram contra o Liverpool em fevereiro, apesar de levarem os Reds em excelente momento até os momentos finais da prorrogação, e novamente, levaram um duro golpe ao enfrentarem o City no noroeste de Londres.

Independentemente do resultado contrário que culminou na eliminação, no entanto, a façanha de Pochettino de levar o Chelsea, que estava sem rumo, de volta à proximidade do título que o clube desejava e, de fato, esperava, não deve ser subestimada.

Deixando de lado o relativo sucesso nas copas, não há dúvida de que o Chelsea ainda está longe de onde desejava estar na liga nacional, com um fio de esperança de que o pesadelo da temporada passada tenha sido apenas um contratempo pontual e fosse extinto em questão de semanas com uma nova campanha no Campeonato Inglês.

É evidente que o clube passa por uma transição complicada, tentando se recuperar e voltar ao topo, e estamos testemunhando Pochettino supervisionar esses primeiros passos - mesmo que ele esteja travando uma batalha quase impossível contra a impaciência de uma torcida exigente.

Apesar de produzir mais uma série de resultados decepcionantes em 2023/24, o Chelsea tem oito pontos a mais em comparação com o mesmo momento da temporada passada, e, desde o Natal, apenas os três primeiros - Manchester City, Arsenal e Liverpool - acumularam mais pontos em uma série invicta de oito jogos na liga.

Dessa forma, um retorno ao futebol europeu na próxima temporada não está fora de cogitação. Os Blues têm dois jogos a menos que o West Ham, e um jogo a menos que Newcastle e Manchester United, times que também estão brigando por vaga em competição europeia.

É crucial destacar que o Chelsea tem o saldo de gols muito superior à equipe de Erik ten Hag, embora o jogo a menos seja em casa contra o rival Tottenham, e há também a questão de enfrentar o Arsenal,fora de casa, após a eliminação na FA Cup.

O gás tardio rumo ao torneio europeu tem sido liderado quase que de maneira exclusiva pela surpreendente contratação para a temporada, Cole Palmer, e Pochettino merece muito crédito por propiciar sua ascensão meteórica e dar a ele a liberdade necessária para ter sucesso, apesar do fato de que ele não solicitou a contratação do jovem jogador.

"Eu acho que o diretor esportivo e o dono, é claro, mas o diretor esportivo foi ideia dele adicioná-lo ao elenco", disse o argentino quando a chegada de Palmer foi confirmada em setembro. "Eu acho que ele se encaixa no projeto. Jogador talentoso, é claro."

Apenas seis meses depois, à medida que nos aproximamos do clímax da temporada, Palmer acumulou incríveis 36 participações em gols, levando em conta todas as competições - sem as quais o Chelsea estaria em apuros. O próprio jogador acredita fielmente no projeto de Pochettino, e se há alguém que deveríamos sentar e ouvir neste momento, provavelmente é ele.

"Há tanto talento no Chelsea", disse o ex-City, recentemente. "Os torcedores não veem, mas a maneira como o treinador trabalha conosco no campo, as coisas que ele faz conosco, só vai melhorar. Tenho certeza de que, se não na próxima temporada, então na seguinte. É um projeto, todos são jovens, você verá mais cedo ou mais tarde."

É notavel também que as exibições individuais de Palmer têm sido emblemáticas devido a uma mudança geral de estilo que parece ter libertado certos membros do elenco.

Embora tenham se tornado agentes do caos e concedam gols com facilidade, a timidez ao marcar gols é coisa do passado, e embora ainda sejam inconsistentes, geralmente jogam um futebol coeso, baseado na posse de bola e atraente. Parece haver também uma nova união nos vestiários, com os problemas extracampo da temporada passada superados.

A demolição do Everton por 6 a 0, na rodada mais recente da Premier League, deu uma ideia do que poderia ser possível se este projeto conseguir ganhar força - e longevidade. De fato, esta ainda é uma equipe que está longe, muito longe, da sua força total.

É fato que haverá um asterisco enorme ao lado da lista de fracassos do Chelsea nesta temporada, com uma crise de lesões tomando conta do departamento médico dos Blues antes mesmo do início da campanha e se tornando quase ridícula nos meses seguintes.

O clube do oeste de Londres teve que lidar com mais de 50 problemas de lesões em 2023/24, o que deixou Pochettino com o esqueleto do seu elenco para trabalhar em certos momentos, com pelo menos sete jogadores titulares indisponíveis para cada dia de jogo até agora. Antes de enfrentar o Everton mais recentemente, o Chelsea confirmou que 10 jogadores estariam de fora.

A lista de ausências de longo prazo inclui nomes-chave como o capitão Reece James e as grandes contratações do início da temporada Christopher Nkunku e Romeo Lavia - ambos mal jogaram e, certamente, estarão de volta como titulares na campanha que vem.

Dada a enorme quantidade de problemas físicos com os quais ele teve que lidar e o fato de que o Chelsea tem estado desfalcado em todas as posições do campo, o treinador merece algum reconhecimento por administrar a crise até este ponto. Embora seus métodos de treinamento intensivos tenham sido alvo de alguma crítica, claramente não são os únicos culpados.

Se o Chelsea realmente quiser se desfazer do treinador, então sua situação financeira poderá ser um grande obstáculo. Não há dúvida de que isso influenciará na decisão da diretoria quando a manutenção de Pochettino no cargo for analisada ao final da campanha.

O argentino terá 12 meses restantes em seu contrato, que inclui a opção de mais um ano. Terminar esse acordo prematuramente custará ao clube mais de £10 milhões (R$ 64 milhões) em compensação.

O Chelsea já se encontra em uma posição financeira precária enquanto luta para evitar violar as Regras de Lucro e Sustentabilidade (PSR) da Premier League, após ter gasto incríveis £1 bilhão (R$ 6 bilhões) em novos jogadores, e ficou constatado que eles podem precisar levantar até £100 milhões (R$ 643,5 milhões) em vendas de jogadores para evitar punições.

Se havia alguma dúvida sobre a capacidade de Pochettino de provocar mais progressos na próxima temporada, essa ameaça iminente pode ser suficiente para mantê-lo no comando técnico.

Dada uma segunda chance e uma segunda temporada no comando, Pochettino pode começar a moldar o que ainda é um elenco desorganizado à sua imagem. Parece quase certo que será outra janela de tranferências de mudanças significativas com mais rotatividade de jogadores, embora talvez não na mesma escala da limpa que fizeram no ano passado.

Espera-se que o treinador principal seja mais envolvido desta vez, trabalhando ao lado dos diretores esportivos, já que se juntou ao clube tarde demais para ter muita influência em suas negociações em 2023.

Muitos torcedores ficarão tranquilizados ao saber que Pochettino parece querer seguir uma direção diferente em termos de estratégia de transferência, à medida que ele promove a ideia de que o Chelsea precisa de jogadores mais experientes ao lado de seus jovens se quiserem ter sucesso.

Ele disse recentemente: "Temos jogadores experientes no elenco. Não vai contra o projeto ter alguns jogadores que estão ajudando os jovens a se destacarem, a serem profissionais e a entenderem o que significa estar na Premier League e estar no Chelsea."

Se ele receber o apoio certo, há todas as chances de que Pochettino possa dar continuidade ao que começou e levar o Chelsea mais um passo adiante, na próxima temporada.