Luan ainda consegue jogar em alto nível ou jamais será aquele do Grêmio?

A certeza é que Luan jamais será outra vez aquele craque que vimos entre 2015 e 2018, período em que foi protagonista e referência de um Grêmio campeão de Copa do Brasil e Libertadores -- além dos campeonatos gaúchos, claro. E ainda teve o Ouro Olímpico de 2016, com a seleção brasileira.

Naquele período, o 7 na camisa azul-preta-e-branca era o que impunha mais medo nos adversários. E com razão: Luan flutuava entre a área e marcava tantos gols quanto criava chances para seus companheiros. O seu nome era um pedido constante na seleção brasileira. Poucos são os jogadores com um ápice tão marcante quanto.

Mas se, aos 30 anos e com um longo histórico de lesões e problemas extracampo, Luan não conseguirá mais chegar perto de seu auge, a última esperança é de ao menos flertar com algo como sua temporada de despedida do Grêmio. Em 2019, o camisa 7 já vinha sofrendo com uma fascite plantar que o incomodava desde 2018, além de outros problemas musculares. Chegou a perder a titularidade para Jean Pyerre, mas ainda assim conseguiu se mostrar útil para a equipe. Fez nove gols e deu o mesmo número de assistências.

A decadência já começava a aparecer mais claramente. Ainda assim, Luan seguia sendo alguém capaz de, em um lance, ganhar um jogo. Não era mais protagonista, mas jogava em alto nível. Quando o Corinthians, time de sua infância, gastou quase de R$ 30 milhões em sua contratação a empolgação corintiana contrastava com as críticas pelo valor exagerado dentro do que o atleta já vinha entregando.

A história do meia-atacante no Corinthians começou com direito a comparações com Marcelinho Carioca, grande ídolo alvinegro dos anos 90. Quis o destino que o primeiro gol de Luan pelo clube tenha sido de falta, marca registrada do Pé de Anjo. Mas a expectativa criada naquela noite de Flórida Cup, em 2020, foi se esvaindo, se transformou em decepção, cobrança e revolta e a única outra coincidência entre Luan e Marcelinho, além da agitada vida noturna, está no fato de também terem sido treinados por Vanderlei Luxemburgo no Corinthians. Detalhes no início e no fim, mas com um recheio completamente diferente ao de Marcelinho.

O tempo de Luan no Corinthians seguiu marcado por muitas lesões, mas o desempenho esteve longe até mesmo de seus maiores períodos de baixa no Grêmio. Em 2021, o Alvinegro já se movimentava em busca de possíveis interessados pelo jogador. Mas o alto salário recebido por Luan dificultava qualquer mudança. De tão descartável, em 2022 o meia acabou sendo emprestado para o Santos, um rival, e com os vencimentos pagos pelo Corinthians. Na Vila Belmiro foram apenas oito jogos, só um como titular, e um gol e uma assistência. O Peixe não ficou interessado em contratá-lo em definitivo.

Luan não joga desde sua saída do Santos. Ainda não disputou jogos oficiais em 2023 e, como já citado no texto, tem sido notícia mais por causa dos feitos extracampo. As lesões evidentemente atrapalharam, e em entrevista concedida ao ex-jogador Denílson Luan revelou que, em determinado momento, mal conseguia pisar no chão.

“Eu não conseguia andar. Umas paradas que não eram só muscular, foi bem complicado, não conseguia treinar (...) Fiz cinco infiltrações para poder jogar. Já estava sem jogar no começo com o Mancini, falei: não posso sair agora nem f... Fiz cinco infiltrações, voltava a treinar, e o Fábio Santos cansava de me zoar do jeito que eu andava. Parava, voltava a treinar mesmo com dor e ia me f... mais ainda, porque não conseguia voltar 100%.”, disse.

Além dos problemas no corpo, evidente que Luan também veio sofrendo com questões da mente. As mortes de dois grandes amigos abalaram profundamente o seu psicológico, assim como a decadência e falta de jogos para disputar. Um ciclo vicioso que mexeria com a cabeça de qualquer um.

Luan ainda conseguiria jogar em alto nível na elite do futebol brasileiro? É uma das perguntas que muitos fazem. As últimas temporadas dizem que não. Mas sempre há alguma chance. Aos 30 anos, o Rei da América de 2017 precisaria focar toda sua energia, física e mental, para o futebol de alto nível, sem permitir escapadas extracampo. Ainda assim, ficaria a dúvida. A certeza é que, ao menos para a torcida do Grêmio, Luan já conseguiu escrever, com protagonismo, seu nome como ídolo e os feitos do passado estão na eternidade tricolor. Será que ainda há algumas páginas, ainda que bem mais tímidas, a serem escritas nesta história?