Leonardo está certo: o PSG criou um monstro com Kylian Mbappé e precisa vendê-lo

Mbappé tinha acabado de sair do banco para marcar um hat-trick na vitória do PSG na Champions League contra o Club Brugge - e ainda assim Dugarry estava profundamente preocupado. "Receio que o sonho possa ser quebrado com este rapaz; sinto que as coisas podem ficar piores", disse o ex-jogador da seleção francesa e campeão do mundo de 1998 à RMC.

Enquanto quase todos se concentravam na mais recente e emocionante demonstração do talento de Mbappé, Dugarry estava preocupado com os comentários do atacante após o jogo. Mbappé deixou claro que queria e esperava começar o jogo na Bélgica. Reconheceu que "a decisão é do treinador e há que aceitá-la". Mas logo a seguir acrescentou: "Queria mostrar mais uma vez que é difícil passar sem mim".

No entando, Dugarry viu outra coisa: um crescente sentimento de "direito". Ele temia que o até então adolescente, que uma vez faltou a uma festa de conquista do título no Monaco para dormir, corresse o risco de se tornar uma "pedra no sapato" do PSG.

O treinador previu uma "guerra de egos" no Parc des Princes se Mbappé crescesse sem controle - e acertou em cheio, com o choque de personalidade com Neymar e assim criando uma enorme divisão nos bastidores do PSG.

A situação tornou-se tão ridícula que os dois chegaram a discutir por causa de um penalti, e quem o bateria, em agosto do ano passado. Na mesma noite, Mbappé virou as costas à jogada de forma petulante - e imperdoável - simplesmente porque não tinha recebido a bola no contra-ataque.

No verão europeu passado, Nasser Al-Khelaifi fez de Mbappé "o pilar principal para o clube", numa tentativa desesperada de convencer o francês a rejeitar uma transferência para o Real Madrid - no entanto, menos de seis meses depois, Mbappé criticou severamente o PSG por não ter conseguido contratar um número 9 como Olivier Giroud para jogar com ele.

Recentemente, foi ainda mais longe. Depois de confirmar sua intenção de prolongar seu contrato até 2025, Mbappé culpou diretamente a diretoria do clube pelos seguidos fracassos na Champions League, dizendo, inclusive, que a "falta de gana" atrapalhava o desenvolvimento do time.

De certa forma com razão, apesar da forma ríspida de dizer. O PSG cometeu uma série de erros no mercado de transferências nos últimos anos, mas ele é parte do problema.

Os problemas de lesão de Neymar e a óbvia falta de amor de Messi pelo PSG, sem dúvida, atrapalharam o planejamento do PSG pela busca da Champions nas últimas duas temporadas. Restando somente a Mbappé a liderar a equipe pelo grande objetivo.

Mas esse argumento não pôde ser sustentado por muito tempo... Dado as incessantes "cantadas" com o Real Madrid e uma sonhada transferência. Messi foi altamente criticado por ter usado o PSG para se preparar para a Copa do Mundo de 2022 - mas Mbappé tem provocado o caos no clube de maneira repetida, expondo de forma constante as suas queixas em público.

"Com o seu comportamento nos últimos dois anos, Mbappé demonstra que está longe de ser um líder, alguém capaz de orientar uma equipe", argumentou Leonardo. "Ele é um grande jogador, mas não um líder."

Rothen argumentou que os perfeccionistas podem sempre se revelar problemáticos num ambiente de grupo, mas devem sempre ser acomodados para o bem da equipe - embora até ele tenha admitido que o treinador da França, Dider Deschamps, teria tido um pé atrás em nomear Mbappé como capitão porque "ele faz muito barulho".

Ao permitir este comportamento infantil, o PSG foi enfraquecido pelo jogador. É um talento extraordinário, uma verdadeira superestrela que está destinada a bater recordes atrás de recordes e a ganhar troféus atrás de troféus com a equipe certa à sua volta. Além disso, ele é absolutamente essencial para a marca do clube.

Mas Mbappé já não é apenas uma atração valiosa - é uma distração prejudicial. Pergunte a qualquer torcedor de qualquer clube, se gostariam de ter o francês no time. No mínimo, algumas hesitações virão antes das respostas...

O PSG parece ter chego a essa conclusão tardiamente. A situação contratual do jogador ofuscou completamente a apresentação de Luis Enrique como novo treinador do clube na semana passada - e continuará a fazer até que o futuro de Mbappé seja resolvido de uma vez por todas.

Al-Khelaifi decidiu, e muito bem, que a menos que Mbappé assine uma extensão de contrato, ele será vendido nesta janela de transferências. A ideia de perder o jogador mais valioso do mundo numa transferência gratuita no próximo ano é absolutamente impensável. Não à toa, o desespero do clube é visto de longe.

"O PSG é o responsável pela situação, porque o mimou demais", afirmou Paolo Di Canio à Sky Sport Italia. Agora, eles precisam limitar os danos e tomar uma decisão. Esta novela tende a acabar neste verão europeu. É necessário o PSG deixar Mbappe para trás. É necessário de se livrarem do monstro que criaram.