Os jogadores que brilharam após mudar de posição

Onde mais poderíamos começar do que com um dos maiores de todos os tempos?

Todos nós conhecemos Cristiano Ronaldo como um dos maiores artilheiros desta ou de qualquer época, um finalizador implacável e obstinado, para quem nenhum jogo estava completo sem seu nome na súmula.

Mas no início da carreira no Sporting e no Manchester United, vimos um jogador muito diferente. Cristiano Ronaldo surgiu como um ponta veloz e obcecado por passos longos e jogadas rápidas.

Não foi até sua quarta temporada no United - 2006/07 - que começamos a ver uma mudança. CR7 marcou 23 gols naquele ano e nunca olhou para trás. Quando chegou ao Real Madrid em 2009, estava pronto para se estabelecer como um dos camisas 9 mais completos e consistentes de todos os tempos.

Uma das maiores vendas britânicas de todos os tempos, Bale se tornou um dos melhores jogadores do mundo durante sua passagem pelo Real Madrid, conquistando cinco títulos da Liga dos Campeões e marcando, em 2018, talvez o maior gol de todos os tempos em uma final de Champions.

Ele fez tudo isso como um atacante devastador e livre na ponta, mas foi como lateral esquerdo que ele se destacou no Southampton, e não foi até que ele foi movido para a frente pelo técnico do Tottenham, Harry Redknapp.

A temporada 2010/11, em particular, foi um avanço, incluindo aquele hat-trick contra a Inter, no San Siro. A partir daí, Bale nunca mudou de posição até sua aposentadoria.

Você já deve estar familiarizado com a história de Henry, certo? Contratado como um lateral esquerdo talentoso, mas inconsistente, pelo Arsenal em 1999, o francês foi moldado por Arsène Wenger em um dos maiores atacantes da Premier League, tornando-se o maior artilheiro de todos os tempos dos Gunners no processo.

Henry ainda, para ser justo, causou muitos danos como atacante ao mudar para a esquerda e, posteriormente, retornaria à ala esquerda durante sua passagem pelo Barcelona.

Mas essa mudança de posição e de mentalidade no Arsenal continua sendo uma das mais bem-sucedidas da história do futebol inglês.

Um dos grandes jogadores subestimados da era moderna, Lahm ganhou quase tudo o que havia para ganhar com o clube e o país, incluindo a Copa do Mundo, a Liga dos Campeões e oito títulos da Bundesliga.

Ele o fez principalmente como lateral, atuando tanto na direita quanto na esquerda, mas também teve uma passagem por Pep Guardiola jogando como meio-campista, uma função que ele disse ter gostado imensamente.

Lahm foi o capitão da Alemanha na Copa do Mundo no Brasil, jogando como zagueiro e meio-campista durante o torneio. Um jogador de futebol da elite.

Uma mudança mais sutil, esta, mas a mudança de Pirlo de um clássico número 10 para um cerebral e profundo camisa 8 pode muito bem ter mudado o curso da história do futebol italiano.

Ele é considerado por muitos como um dos grandes jogadores do futebol moderno por seu estilo, consciência e alcance de passe permitindo-lhe ditar partidas pelo Milan, Juventus e Itália ao longo de uma brilhante carreira de 22 anos. O 'papel de Pirlo' é aquele que muitos tentaram replicar desde então.

Uma estrela das décadas de 1980 e 1990, a reputação de Matthaus foi construída como um meio-campista dominante e fisicamente imponente, com seu auge chegando ao levar a Alemanha Ocidental à glória na Copa do Mundo de 1990, derrotando a Argentina de Diego Maradona na final.

Ele tinha 29 anos na época, mas continuou jogando no mais alto nível por mais uma década, graças em grande parte à sua decisão de voltar ao papel de zagueiro central durante sua segunda passagem pelo Bayern de Munique. Foi lá que jogou contra o Manchester United na final da Liga dos Campeões de 1999, aos 38 anos.

Outro meio-campista que virou zagueiro, Mascherano fez parte do que talvez seja o maior clube de todos os tempos, o Barcelona de Guardiola, vencedor da Liga dos Campeões em 2010/11.

Apesar de ter apenas 1,74 m, o argentino compensou a falta de altura com uma expectativa brilhante e uma vontade implacável de vencer.

Ele ganhou outra Liga dos Campeões em 2015, além de quatro títulos de La Liga e dois Mundiais de Clubes. O fato de ele ser capaz de fazer isso como zagueiro fala tanto da visão tática de Guardiola quanto do puro talento e mentalidade de Mascherano.

Assim como Cristiano Ronaldo, seu grande colega e rival, a mudança de Messi de jogador lateral para central ajudou a mudar a história do futebol.

O argentino sempre foi um talento quando surgiu na direita do Barcelona, mas foi sua mudança para o papel de centroavante, sob o comando de Guardiola em 2009, que realmente acendeu as coisas.

A interpretação de Messi do papel do 'falso nove' foi mágica, e ele marcou pelo menos 40 gols em cada uma das próximas 10 temporadas, mantendo sua notável criatividade e estilo.

Mais uma história de sucesso de Guardiola, em uma lista cheia delas.

Algumas mudanças de posição, é claro, não funcionam como planejado, e a mudança de Rooney no final da carreira para uma função de meio-campo central é uma delas.

A estrela da Inglaterra, na verdade, jogou em várias posições de ataque diferentes durante seu tempo no Manchester United, muitas vezes se sacrificando para jogar com Ruud van Nistelrooy, Cristiano Ronaldo e Dimitar Berbatov.

Mas, embora sua técnica e alcance de passe parecessem ideais para o meio-campo, a realidade era bem diferente.

Rooney parecia um peixe fora d'água durante a Euro de 2016, sua carreira no United terminou de forma insatisfatória e um retorno ao Everton nunca funcionou.

Quando você tem uma posição inteira com o seu nome, você deve ser algum jogador.

Durante anos, as equipes de todo o mundo procuraram alguém para desempenhar o 'papel de Makelele', parando o jogo, desarmando e mantendo o centro do meio-campo fechado. Poucos o fizeram tão bem quanto o francês no Real Madrid e no Chelsea.

Mas Makelele nem sempre foi um meio-campista defensivo. No início de sua carreira no Nantes, ele jogou mais como um jogador avançado. Só com a transferência para o Celta de Vigo, em 1998, é que começou a firmar-se realmente no cargo que viria a levar o seu nome ao topo do futebol.

Um dos maiores de todos os tempos do Liverpool, Carragher ocupa o segundo lugar na lista de aparições de todos os tempos do clube e deve isso tanto à sua capacidade de aceitar e se adaptar a novas posições quanto ao seu talento.

Ele começou sua vida no futebol como um centroavante, e era bom nisso, mas era meio-campista quando chegou ao primeiro time dos Reds em 1997.

Logo, porém, ele foi transferido para a defesa, oscilando entre o zagueiro e lateral ao se estabelecer na seleção principal.

Ele ganhou a tripla sob o comando de Gerard Houllier como lateral esquerdo em 2000/01, antes de se estabelecer como zagueiro sob o comando de Rafa Benitez a partir de 2004, quando se tornou um dos mais consistentes da época.

Um dos grandes zagueiros da era moderna, Ramos passou boa parte de sua carreira como lateral direito.

Ele era muito bom nisso também. Ele jogou lá pela Espanha na final da Copa do Mundo de 2010 e teve um bom desempenho em mais de uma ocasião pelo Real Madrid.

O centro da defesa, porém, tornou-se sua casa pelo então técnico Vanderlei Luxemburgo, e permanece assim até hoje, com seus instintos competitivos ainda em plena exibição no Paris Saint-Germain.

O capitão do Manchester City em seus primeiros quatro triunfos na Premier League é um dos melhores zagueiros do passado recente do futebol inglês.

Mas Kompany era na verdade um meio-campista quando assinou pelo clube sob o comando de Mark Hughes em 2008. Rapidamente, porém, percebeu-se que suas qualidades - sua altura, sua leitura de jogo e sua liderança - seriam melhor utilizadas na defesa. Que boa decisão provou ser.

Outro jovem do Bayern que se beneficiou de uma mudança de campo é Schweinsteiger, cujos primeiros dias em Munique foram como um jogador criativo, mas que, mais tarde, se tornou um dos meio-campistas mais dominantes e controladores do futebol mundial.

Ele venceu uma Copa do Mundo com a Alemanha em 2014 jogando dessa forma e, embora seja lembrado na Inglaterra por uma passagem bastante abaixo pelo Manchester United no final de sua carreira, sua medalha no Bayern e em seu país está bem e verdadeiramente garantida.

Scholes é um dos maiores jogadores de futebol inglês de todos os tempos, um meio-campista de toque único, habilidade e consciência, que ajudou o Manchester United a dominar os jogos de um papel profundo.

Mas ele nunca foi isso quando jovem. Na verdade, seus dias nas categorias de base do United foram passados como centroavante, e grande parte de seu início de carreira no time principal foi gasto de maneira semelhante.

Em seus 20 e poucos anos, no entanto, ele foi transferido para uma função de meio-campo mais convencional, alcançando grande sucesso ao lado de Roy Keane, e depois que Keane deixou o United em 2005, Scholes foi redesenhado novamente, desta vez como um número 8, no estilo Pirlo, capaz para dar passes e ditar o ritmo do jogo.

Colombiano que atuou pelo Palmeiras e Corinthians no futebol brasileiro, Freddy Rincon iniciou sua carreira como um camisa 10 clássico, mas foi com o técnico Vanderlei Luxemburgo que passou a ser utilizado como volante, onde viveu um dos melhores momentos da carreira.

Conhecido por atuar nas principais equipes do futebol brasileiro, Diego Souza iniciou sua carreira no Fluminense como um verdadeiro camisa 10, mas foi no decorrer da carreira que passou a ser utilizado como atacante, mais precisamente no Sport em 2016, para se tornar um dos maiores artilheiros dos pontos corridos do Campeonato Brasileiro.

Campeão por onde passou, Zé Roberto iniciou sua carreira ainda como lateral esquerdo na Portuguesa. Ainda no Real Madrid e no Flamengo, o jogador ainda era utilizado na ala, mas foi no Bayern de Munique, clube por qual acumulou mais títulos, que iniciou suas aparições como meio-campista, assim como nos clubes seguintes que passou.

ídolo do Vasco e conhecido por Felipe Maestro, o atual técnico do Bangu iniciou sua carreira como lateral esquerdo, mas, assim como Zé Roberto, também fez sucesso atuando como meio-campista.

Jogador de um único clube, Leandro é considerado um dos maiores laterais da história do Flamengo. Ao longo da sua carreira como jogador era escalado como lateral direito, mas, com o passar do tempo, passou a ser utilizado como zagueiro central.