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Brasil Momento GOAL

Jogador de seleção brasileira tem que ser convocado só pelo momento?

Um dos maiores debates da história da seleção brasileira é sobre os jogadores convocados ou a escalação do time titular. Volta e meia aparece um nome surpreendente, pouco conhecido do público geral, ou aquele grande jogador que não passa por um bom momento enquanto outro alguém, que se encontra em grande fase, é deixado de lado.

“Por que não convocou/usou Fulano, que está voando e trouxe Cicrano que há tempos deixa a desejar?”. É um questionamento bastante comum a cada rodada de partidas do Brasil. Mas jogador de seleção brasileira tem que ser convocado (ou utilizado como titular) só pelo momento?

A história nos mostra argumentos prós e contras nesta seara. Em sua primeira convocação como treinador extraoficialmente interino da seleção, Fernando Diniz chamou alguns jogadores que não passam pelos melhores períodos em suas carreiras. Renan Lodi, Neymar, Matheus Cunha e Richarlison em especial. E aí?

  • Mario Zagallo Brazil

    A montagem do time é o principal

    O futebol de seleções em países como o Brasil nos apresenta situações conflitantes: ao mesmo tempo em que há muito “pé de obra qualificado”, existe um número limite de escolhas. É por isso que o debate sobre convocar quem está ou não em melhor momento acaba existindo. A forma de construir equipes varia de um treinador para o outro, claro, mas a constante na formação de um time é o universo de possibilidades e permutações.

    A escalação de uma peça mais badalada pode desequilibrar defensivamente a equipe, ao mesmo tempo em que a inclusão de um jogador mais polivalente e não tão brilhante tem a chance de potencializar o conjunto como um todo. Um exemplo famoso vem de muitas décadas atrás: o Brasil bicampeão mundial em 1958 e 1962 tinha Pepe e Zagallo na disputa da ponta-esquerda, com o primeiro sendo um jogador mais ofensivo e espetacular enquanto o Velho Lobo já tinha como trunfo o cérebro tático que lhe garantiria, anos depois, um lugar de protagonismo na história também como treinador.

    Zagallo era um ponta-esquerda habilidoso, mas sem o brilho goleador de Pepe. No entanto, sua entrega tática acabou fazendo a diferença nesta difícil disputa por posição: então atacante, voltava tanto para recompor no 4-2-4 utilizado à época que não são poucos os que o creditam como um dos responsáveis pela criação do desenho de 4-3-3, que times do mundo inteiro utilizam até hoje. A segurança defensiva dada por Zagallo ajudou (e muito!) aquele Brasil a tirar o máximo do futebol mais solto de Garrincha.

    Tanto Zagallo quanto Pepe estavam convocados para aquela seleção brasileira, mas a lógica também é parecida para a hora de optar por não convocar alguém estritamente pelo momento. Em 2022 o argentino Germán Cano vivia fase espetacular e sequer foi cogitado para a Albiceleste que seria campeã mundial no Qatar...

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  • Rai Brazil 1994Getty

    Importância do momento

    Mas é claro que o momento tem enorme importância, principalmente na questão psicológica – que por sua vez gera inúmeras outras ramificações. Em 1994, Raí chegou como titular e capitão do Brasil comandado por Carlos Alberto Parreira, mas perdeu o status ao longo da competição e o time encontrou sua formação ideal depois que Mazinho, volante, entrou em seu lugar. O Brasil foi campeão e ambos fizeram parte daquela equipe. Mais difícil, contudo, é encontrar exemplos de alguém chamado às pressas, estritamente pela fase que vivia naquele então.

  • Ronaldo Rivaldo Brazil 2002Getty Images

    Ronaldo e Rivaldo ditam o peso do debate

    O maior argumento possível que vai contra a tese de que “seleção é momento” veio no título mundial do Brasil em 2002. O clamor popular era pela convocação de Romário, mas Felipão insistiu com Ronaldo mesmo com o Fenômeno passando longos períodos sem jogar, enquanto se recuperava de grave lesão no joelho. Rivaldo era outro que não vivia grande fase, também por conta de problemas físicos. Nos campos de Coreia do Sul e Japão, contudo, eles foram os grandes protagonistas do título.

    No final das contas, o que acaba ditando as conclusões gerais no futebol são os resultados. Mas em meio a esta discussão, ainda que o mais importante seja a formação de um time sólido e coeso, jogador de seleção brasileira tem que ser convocado não apenas pelo momento... mas pelos momentos. Pluralidade. É o que ele fez, de forma consistente, em um passado recente, aliado ao que ele pode entregar para equipe no presente e futuro. O mais novo ciclo do Brasil rumo à Copa do Mundo de 2026 começa agora e muitos dos debates serão os mesmos de décadas atrás. A maior preocupação, contudo, fica na indefinição do cargo de treinador (Ancelotti? Diniz?) exatamente para a montagem do time.

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