A grande falha na estratégia de contratações do Chelsea exposta pelo desejo de Tyrique George de deixar Stamford Bridge

Parecia uma questão de tempo antes que o escrutínio em torno do futuro de George se intensificasse, e outro previsível verão europeu frenético de negócios em Stamford Bridge colocou o jovem de 19 anos sob o microscópio. O Chelsea adicionou mais dois jovens pontas, Jamie Gittens e Estevão, e enquanto Jadon Sancho partiu, uma mudança para seu colega de Manchester United, Alejandro Garnacho, aparentemente está em andamento, assim como o meio-campista ofensivo do RB Leipzig, Xavi Simons, que pode jogar pelas pontas.

Não foi surpresa, então, quando finalmente surgiu a informação de que George queria deixar os Blues neste verão. O especialista em transferências, Fabrizio Romano, deu a notícia, primeiro relatando que o ponta 'pode sair' seja por empréstimo ou permanentemente, antes de mudar interessantemente a formulação para dizer que ele 'quer sair' por 'futebol regular', apesar da 'preferência' do Chelsea em mantê-lo.

Onde quer que esteja a verdade, mal se pode culpá-lo por querer sair; em quase qualquer outro clube, um retorno de três gols e cinco assistências em poucos minutos em todas as competições em 2024/25 constituiria uma temporada de destaque e uma plataforma a partir da qual avançar para minutos regulares no time principal.

Mas o Chelsea não é um clube normal, e a busca implacável pelo melhor talento jovem significa que essa contribuição - provavelmente o máximo que George poderia alcançar nas circunstâncias - não será suficiente para garantir sua vaga nos planos de Maresca a longo prazo em meio a outra janela cheia de negociações.

A chegada de Gittens empurra o adolescente para baixo na hierarquia, enquanto Pedro Neto provavelmente já é titular e Garnacho está potencialmente a caminho. Isso levantará questões não apenas sobre o futuro de George, mas também sobre todos os outros jogadores atuais da academia que sonham em ser o próximo Reece James ou Levi Colwill. Do jeito que está, é quase impossível ver a realização desse feito acontecer.

O que é ainda mais revelador é que parece que George já tinha previsto esse cenário há muito tempo, refletindo uma possível mudança na mentalidade dos jogadores de base do Chelsea - alguns dos quais também já decidiram nunca jogar pelos Blues no nível profissional e, portanto, devem usar o clube como uma ferramenta de desenvolvimento e um trampolim para uma carreira de sucesso em outro lugar.

Quando você lê nas entrelinhas, George tem sido consistente em sua mensagem de que ele só quer jogar futebol - seja no Chelsea ou em outro lugar. Quando perguntado sobre seus objetivos a longo prazo em uma entrevista para o canal Rising Ballers no YouTube em maio, ele disse: "Eu diria que a longo prazo é apenas continuar jogando o máximo de jogos possível, seja no Chelsea ou em outro lugar. Estou muito feliz em continuar jogando e ganhando experiência também."

Depois, em uma entrevista interna publicada em junho, ele reiterou o fato de que simplesmente quer tempo de jogo, dizendo: "Vou para qualquer lugar, jogo em qualquer posição [no campo]. Eu só quero conseguir minutos e entrar em campo. Estou orgulhoso, mas não costumo realmente tirar tempo para pensar nisso porque tudo é tão acelerado."

"Estou feliz por mim mesmo, mas só quero continuar crescendo e jogando. Depois verei aonde isso me leva, mas espero que seja para um nível realmente alto", completou o atleta.

Claramente, George não é um tolo, e se o Chelsea não lhe der os minutos que ele deseja, ele estará ciente de que há muitos casos recentes de atletas formados na base dos Blues mas que prosperaram em outros lugares - Marc Guéhi, Tino Livramento e Lewis Hall, para citar alguns.

Um exemplo notável é Rio Ngumoha, que foi aliciado pelo Liverpool em setembro do ano passado - muito para a frustração do Chelsea. Embora o ponta de 16 anos ainda não tenha feito sua estreia na Premier League, ele brilhou na pré-temporada pelos Reds e parece pronto para uma oportunidade na equipe principal.

Ngumoha tomou a decisão de deixar os Blues em julho de 2024, quando ainda tinha 15 anos, tendo sido convencido pela trajetória para a equipe principal oferecida em Anfield, presumivelmente em comparação com a rota cada vez mais complicada no Chelsea.

Claro, ele não havia chegado perto de fazer uma aparição na equipe principal como George, mas isso pode se tornar uma ocorrência cada vez mais comum à luz da estratégia de recrutamento do oeste de Londres. De fato, já foi relatado que as famílias de alguns jogadores da academia estavam cada vez mais preocupadas com a enxurrada de jogadores estrangeiros chegando.

Ironicamente, George é vítima do sucesso do Chelsea no final de 2024/25, apesar de proporcionar o momento que os trouxe de volta à corrida pela qualificação para a Liga dos Campeões. Foi o jovem de 19 anos que surgiu como substituto tardio para marcar um gol vital de empate contra o Fulham, disparando um chute certeiro no canto inferior para seu primeiro gol na Premier League.

O time de Maresca tinha caído para sexto na tabela antes do jogo, e estava a caminho de uma derrota que seria gravemente prejudicial, mas o gol de George foi o catalisador para uma dramática vitória de virada e colocou o Chelsea no caminho de terminar entre os cinco primeiros, já que venceram quatro dos cinco jogos restantes.

"Ele é um talento, está indo bem conosco", disse Maresca depois. "Ele mereceu uma chance e o gol foi fantástico. Tudo foi muito importante porque nos deu um impulso de energia para o último esforço."

No entanto, um retorno à Liga dos Campeões provavelmente reduziria bastante os minutos de George, com muitas de suas oportunidades na última temporada vindo na Conference League - uma competição que foi o palco ideal para dar minutos aos jovens, já que o Chelsea raramente foi desafiado a caminho de erguer o troféu.

Isso diz muito que Maresca tem geralmente sido evasivo sobre o futuro de George, elogiando-o por suas performances mas sem realmente dar garantias sobre suas perspectivas na equipe principal - dizendo que "esperançosamente" ele "pode" ser importante, e que ele "poderia" ser um bom jogador no futuro.

Em janeiro, o técnico italiano disse: "Tyrique está indo bem conosco. Ele já jogou algumas partidas na Conference League. Ele tem a mesma idade que Josh Acheampong, muito jovem, então esperamos poder dar mais chances e que eles também possam se tornar uma parte importante deste time."

Depois, em abril de 2025, ele acrescentou: "Estamos empolgados com ele, mas agora é o momento em que você precisa gerenciar jogadores jovens porque eles podem ficar empolgados e depois facilmente desanimar. Tyrique e Josh Acheampong são ambos da academia, e no início da temporada eles estavam buscando algumas soluções diferentes. Mas eles começaram a pré-temporada conosco, e vimos que eles poderiam ser bons para nós."

Quem sabe, o sucesso em campo como resultado dessa estratégia de transferências pode muito bem empurrar a situação dos aspirantes da academia do Chelsea, assim como foi o caso durante o sucesso sem precedentes da era entre o início dos anos 2000 e início de 2010, quando quase nenhum graduado da base teve um impacto notável na equipe principal.

Mas, dado o quão prolífica a base tem sido nos últimos tempos, isso seria uma vergonha. Afinal, esses são os jogadores que realmente sabem o que significa jogar pelo Chelsea, que fazem parte da estrutura. Esse sucesso certamente não pode ser comprometido pela ambição do clube de voltar ao topo construindo um elenco de jogadores jovens vindos de fora, mas é difícil ver como essa política funcionaria em conjunto com a promoção interna.

George se tornaria o mais recente em uma linha cada vez mais longa a sair de Stamford Bridge por falta de espaço. Se os Blues não conseguirem encontrar uma maneira de sua nova estratégia coexistir com a academia, então a base se tornará nada mais do que uma plataforma de lançamento para jovens jogadores que não têm a intenção de jogar pelo time principal e um campo de alimentação para seus rivais.