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O que esperar do Arsenal em 2025/26: é agora ou nunca para Mikel Arteta no sonho de acabar com o jejum de títulos no Campeonato Inglês

Visto de fora, a temporada tem clima de “agora ou nunca” para o Arsenal de Mikel Arteta na busca pelo primeiro título do Campeonato Inglês, que não vem desde 2004, ou pela primeira conquista da Liga dos Campeões.

Apenas uma vez na história um time terminou três temporadas seguidas na vice-liderança da competição, e foi justamente o Arsenal de Arsène Wenger, entre 1999 e 2001. Nenhuma equipe repetiu esse feito por quatro anos consecutivos, e este atual elenco espera não entrar para essa marca indesejada. O cântico “vice de novo, olê olê” ecoou no Emirates Stadium no fim de 2024/25 e serviu como combustível para um grupo de jogadores faminto por vitórias, mas o momento agora exige ação: é dentro de campo que precisam falar.

Não há dúvidas sobre a capacidade do Arsenal de terminar no topo. Entre 2022 e 2024, os Gunners chegaram muito perto de superar o Manchester City, mas precisam provar que a última temporada, quando viram o Liverpool conquistar o título com facilidade, foi apenas um tropeço isolado. Ser vice em uma liga tão disputada como a Premier League não é pouca coisa, mas já não basta competir. É hora de entrar para a história como campeão.

A GOAL analisa os planos do Arsenal e de Arteta para recuperar a coroa da Inglaterra.

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  • Arsenal v Athletic Club: Emirates CupGetty Images Sport

    Clima no Emirates Stadium

    A torcida do Arsenal entra em 2025/26 dividida entre dois extremos. O grupo mais otimista vê a temporada como a culminação do projeto de Mikel Arteta, momento em que um elenco mais maduro finalmente pode conquistar um grande título. Já os mais pessimistas encaram como um “agora ou nunca” e não confiam nas chances da equipe diante do Liverpool atual. As duas visões podem coexistir sem serem contraditórias.

    Arteta foi o técnico que mais conseguiu unir uma torcida que, na era Emirates, viveu polarizações. Ele pensa no projeto a longo prazo, ainda que às vezes desperte comparações com o personagem David Brent, de The Office. É parte do motivo pelo qual o Arsenal voltou a ser um sério candidato ao título e, em sua maioria, conta com o apoio de torcedores ao redor do mundo.

    Ainda assim, um início de temporada forte, e até mesmo vitórias de peso, como contra o Liverpool fora de casa antes da data Fifa, aumentariam a confiança e ajudariam a silenciar os críticos. Diante da pressão para conquistar títulos, o Arsenal não pode deixar que um clima de pessimismo se instale logo de início.

    Nos bastidores, há insatisfação, sobretudo nas redes sociais, quanto à condução do caso envolvendo Thomas Partey. Arteta e a diretoria afirmam que não podem comentar por motivos legais, mas a situação seguirá rondando o clube quando o jogador for a julgamento, especialmente se o sorteio da Champions colocar o Villarreal no caminho dos Gunners.

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  • Andrea BertaGetty Images

    Chegadas e saídas

    Esta foi a primeira janela de transferências sob o comando de Andrea Berta como diretor esportivo, substituindo o ex-Corinthians Edu Gaspar como braço direito de Arteta. É cedo para julgamentos, mas os primeiros sinais indicam um reforço competitivo do elenco.

    O primeiro grande movimento foi o acordo de £ 55,8 milhões (R$ 488,8 milhões) com a Real Sociedad por Martin Zubimendi, confirmado após meses de novela e rumores de interesse do Real Madrid. O volante chega com status de peça-chave para o sucesso na temporada.

    A contratação de Noni Madueke, por £ 52 milhões (R$ 455,1 milhões) junto ao Chelsea, gerou questionamentos, principalmente pelo histórico do Arsenal em trazer atletas que perderam espaço em Stamford Bridge. No entanto, o ponta chega para aliviar a sobrecarga de Bukayo Saka e também pode atuar pela esquerda.

    O elenco ganhou profundidade com o experiente volante Christian Norgaard (£ 12 milhões), o jovem zagueiro Cristhian Mosquera (£ 16,5 milhões) e o goleiro Kepa Arrizabalaga, contratado por apenas £ 5 milhões.

    O grande nome é Viktor Gyokeres, apontado como a peça final do quebra-cabeça. Custou £ 63,7 milhões após marcar 97 gols em 102 partidas pelo Sporting e já ter experiência na Inglaterra pelo Coventry City. A expectativa é que ele seja solução imediata para o ataque, depois que o clube desistiu de disputar Benjamin Sesko com o Manchester United.

    O saldo líquido de gastos está em cerca de £ 175 milhões, já que as vendas foram modestas: Nuno Tavares (£ 7,6 milhões) e Marquinhos (£ 3 milhões) foram os únicos negociados. Partey, Jorginho, Kieran Tierney e Takehiro Tomiyasu foram liberados sem custos.

    Para novas contratações, será preciso vender. O Arsenal não deve avançar por Eberechi Eze, também cobiçado pelo Tottenham, sem antes negociar jogadores como Leandro Trossard. Com o belga já na casa dos 30 anos e Gabriel Martinelli ainda irregular, segue a necessidade de um ponta-esquerda de alto nível.

  • Arsenal v Newcastle: Pre-Season FriendlyGetty Images Sport

    Desempenho na pré-temporada

    Os cinco amistosos tiveram desempenhos e resultados variados. A preparação começou com vitória por 1 a 0 sobre o Milan em Singapura, com bom controle do jogo, mas pouca efetividade para matar a partida. Depois, vitória por 3 a 2 sobre o Newcastle, já com falhas defensivas preocupando.

    Em Hong Kong, aconteceu o primeiro Dérbi do Norte de Londres fora da Inglaterra, com derrota por 1 a 0 para o Tottenham, graças a um golaço do meio-campo de Pape Matar Sarr. Mais uma vez, a falta de precisão ofensiva e problemas em bolas paradas chamaram atenção.

    O ciclo se encerrou com dois jogos no Emirates Stadium contra times espanhóis: derrota por 3 a 2 para o Villarreal, com direito a gol de Nicolas Pepe em seu retorno, e triunfo convincente por 3 a 0 sobre o Athletic Club, que recuperou o ânimo da torcida.

    Um dos destaques foi o jovem Max Dowman, de apenas 15 anos, que já havia treinado com os profissionais na última temporada. Ganhou minutos importantes nesta pré-temporada e animou os torcedores com sua personalidade e talento, um feito e tanto para quem nasceu no último dia da década de 2000.

  • Arsenal v Villarreal - Pre-Season FriendlyGetty Images Sport

    Sobre táticas

    O Arsenal de 2024/25 não foi o mesmo time envolvente que havia disputado o título com o City nas duas temporadas anteriores. Parte disso se deveu à necessidade de vencer jogos de forma pragmática, parte foi consequência da crise de lesões que afetou peças-chave, e parte, ainda, ao fato de os adversários terem encontrado formas de neutralizar o time de Arteta.

    Para renovar a identidade da equipe e dar mais força ao ataque, o Arsenal adotou neste verão europeu um jogo mais direto, algo que, segundo Arteta, também foi pensado para facilitar a adaptação de Viktor Gyokeres.

    “Esse é o estilo dele”, explicou o treinador sobre o sueco. “O movimento, o tempo de arranque, a leitura de onde vai surgir o espaço e onde a bola vai cair… isso é instinto, é por isso que marcou tantos gols nas últimas temporadas. Ele prende os dois zagueiros e, quando tem espaço no mano a mano, destrói o adversário. Além disso, cria espaço para os companheiros e, em qualquer situação, pode estar no lugar certo para marcar.”

    A mudança contrasta com o estilo mais cadenciado e controlado que, nas últimas temporadas, havia se tornado excessivamente lento. A chegada de um meio-campista inteligente como Zubimendi, que já mostra boa sintonia com Declan Rice e Martin Odegaard no trio do meio-campo, dá ao Arsenal a flexibilidade de atacar em diferentes ritmos.

    O retorno de Gabriel Magalhães após lesão também deve devolver a supremacia do time nas bolas paradas. O zagueiro está entre os mais artilheiros da posição na Europa, com 5, 3, 4 e 5 gols nas últimas quatro temporadas.

  • Arsenal v Villarreal - Pre-Season FriendlyGetty Images Sport

    O MVP

    É muito provável que o Arsenal não tivesse ficado 10 pontos atrás do Liverpool no último campeonato se Bukayo Saka não tivesse perdido três meses por lesão muscular. Ele é peça vital em todos os momentos do jogo, com e sem a bola. Poucos clubes do mesmo nível dependem tanto de um ponta quanto os Gunners dependem dele.

    Mesmo que a equipe atinja novamente o nível de 2022/23 ou 2023/24, isso pode não ser suficiente para conquistar um título. Para dar o passo seguinte, Saka talvez precise ter uma campanha digna de Bola de Ouro. Ele tem qualidade para brigar tanto pela Chuteira de Ouro quanto pelo prêmio de maior assistente da Premier League. Mohamed Salah, na temporada passada, é prova de que um ponta pode alcançar tal façanha.

    Ainda assim, ele não pode fazer tudo sozinho. Se Odegaard repetir o desempenho decepcionante do último ano, dificilmente o Arsenal levantará troféus. Gyokeres precisa corresponder como o centroavante que todos esperam. Saliba e Gabriel precisam manter-se disponíveis como dupla titular. Rice deve preservar o histórico de resistência física impressionante. Mas, acima de tudo, Saka terá que puxar a fila.

  • Arsenal v Villarreal - Pre-Season FriendlyGetty Images Sport

    De olho nos mais novos

    Quase todos os jogadores do elenco já são conhecidos pelo grande público. Até jovens como Ethan Nwaneri e Myles Lewis-Skelly, ambos de 18 anos, já estão relativamente estabelecidos na Premier League. Isso nos leva a Max Dowman, que só completará 16 anos na véspera do Ano Novo. É extremamente raro (quase inédito) ver um atleta dessa idade ter impacto real em um time que briga por títulos, mas há chances concretas de que o garoto de Chelmsford receba oportunidades nesta temporada.

    “Ele continua impressionando, sem dúvida”, disse Arteta sobre o meia, que cavou dois pênaltis para o Arsenal na pré-temporada com seus dribles desconcertantes. “O impacto que ele teve novamente hoje, a eficiência que mostra em cada ataque e ação, é incrível. Ele merece chances e, se continuar assim, vamos ver o que acontece.”

    A comunidade do Arsenal está totalmente por trás de Dowman, inclusive ex-promessas da base. Charlie Patino, hoje no Deportivo La Coruña, aconselhou: “Diria para ele manter a cabeça no lugar, ser humilde, ouvir quem está ao redor e aprender com jogadores mais experientes. Ele é bem mais novo que eu e, pelo que vi, é muito talentoso. Não podemos colocar pressão demais. Tudo é questão de tempo, e o tempo dirá onde ele vai chegar. Desejo tudo de melhor para ele.”

  • Arsenal v Athletic Club: Emirates CupGetty Images Sport

    Receita para o sucesso

    Sem querer discordar do grande Mick McCarthy, mas a situação não pode continuar assim. Pelo menos não para o Arsenal. O time precisa conquistar um título nesta temporada, e, de preferência, um dos dois mais importantes: o Campeonato Inglês ou a Liga dos Campeões.

    Ninguém pode negar que Mikel Arteta fez um trabalho incrível e, em certos momentos, aparentemente impossível desde que chegou ao clube. Quando assumiu, o Arsenal estava longe de brigar na parte de cima da tabela e havia terminado em segundo lugar apenas uma vez desde a saída de Highbury, em 2006. Agora, é novamente normal ver os Gunners entre os protagonistas das grandes discussões do futebol.

    Em algum momento, porém, é preciso “converter as fichas” em algo concreto. A busca por evolução constante precisa gerar resultados concretos. Dentro do clube, a pressão sobre Arteta não é tão grande quanto nas redes sociais, mas dificilmente será assim no próximo ano caso mais uma temporada passe sem troféus. A expectativa é de que, em maio de 2026, haja uma parada comemorativa em Islington.

    Também é injusto sugerir que o Arsenal deva se contentar apenas com o nível que já alcançou, como se não pudesse melhorar e tivesse que se satisfazer com isso. Apenas Liverpool (70) e Manchester United (68) têm mais títulos do que o Arsenal (49) no futebol inglês, e o clube está muito à frente do quarto colocado nesse ranking, Chelsea e Manchester City (ambos com 36). Trata-se de uma instituição repleta de glórias, e esses dias precisam voltar.

  • Arsenal v Athletic Club: Emirates CupGetty Images Sport

    Previsões

    Melhor jogador da temporada: Bukayo Saka. Enquanto estiver saudável, ele entregará gols, assistências e momentos de magia. É o rosto do Arsenal moderno.

    Maior decepção: Gabriel Martinelli. Ao que tudo indica, ele seguirá sendo o ponta-esquerda mais utilizado, mas não manteve a evolução esperada desde a temporada fantástica de 2022/23, quando marcou 15 gols na Premier League.

    Melhor contratação: Gyokeres pode conquistar o carinho da torcida, mas Zubimendi é a aposta mais segura. Não é à toa que a elite europeia queria tirá-lo da Real Sociedad. Se a conexão com Rice e Odegaard funcionar, o Arsenal pode ter o meio-campo mais equilibrado do país.

    Artilheiro: Com todo respeito a Gyokeres, Saka é a opção mais confiável no contexto da Premier League. Existe até a possibilidade de o atacante sueco não conseguir uma vaga no time titular, caso Kai Havertz esteja em plena forma.

    Destino na Champions: Finalista da Liga dos Campeões. O Arsenal agora carrega a experiência das cicatrizes necessárias para uma campanha ainda mais profunda, e a maneira como atropelou o Real Madrid nas quartas de final da última temporada deve dar confiança para vencer qualquer adversário, dentro ou fora de casa. Se vai conquistar a tão sonhada primeira taça europeia, aí já é outra história.

    Posição na liga: 2º lugar. Não necessariamente por culpa própria, mas porque o Liverpool investiu pesado para reforçar ainda mais um elenco já vencedor. A história será escrita no Norte de Londres, mas pelo motivo errado.

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