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PSG new era HIC 16:9GOAL

A era das estrelas acabou no PSG? O que as novas contratações indicam

Aqueles que ficaram acostumados com contratações de impacto, preste atenção na nova política de mercado do PSG. A ideia do time francês é, agora, liberar jogadores caros e reforçar o elenco com opções acessíveis nesta janela de negociações europeia.

Nesta última semana, o PSG acertou a contratação de Manuel Ugarte. Ele é um jogador que vai fazer muita coisa boa de imediato atuando como volante, com bom passe e marcação, e também, com o treinador certo, vai ser ainda melhor em cinco anos.

Este é um começo notavelmente perspicaz para um verão de gastos, algo que o PSG geralmente não está acostumado. Os parisienses dos anos anteriores teriam imediatamente perseguido um substituto para Lionel Messi e tentado persuadir Mohamed Salah, do Liverpool, ou Leroy Sané, do Bayern de Munique. Em vez disso, sua primeira contratação é sensata, um bom jogador que aborda uma posição de necessidade.

  • Classique PSG OM Javier PastoreGetty Images

    Uma história confusa

    Desde que contrataram Neymar em 2017, os parisienses sempre buscaram grandes nomes, indo atrás de jogadores no auge ou à beira dele. Mas essa estratégia rendeu um sucesso limitado. Desta vez, porém, as coisas podem ser diferentes.

    Ugarte, inteligente e inteiramente aceitável que é, o início de uma estratégia mais inteligente, o verdadeiro nascimento de um projeto que os parisienses prometem há anos. Historicamente, o PSG não tem sido muito bom na contratações da janela de verão.

    Os parisienses adotaram uma espécie de política pseudo-galáctica, fortalecendo-se em posições semelhantes com os maiores nomes possíveis. E tudo fez sentido nos primeiros anos depois que os parisienses foram comprados pela Qatari Sports Investment Group, em 2011.

    Os grandes nomes entraram em massa. Alguns exemplos estão em Javier Pastore, Thiago Silva, Zlatan Ibrahimovic e Edinson Cavani. E tudo isso fazia sentido para um time que ainda tentava se firmar. Paris era um grande mercado, com marcas bacanas e um estádio histórico. Os primeiros movimentos da era QSI foram táticos em certo sentido, mas também comercializáveis em outros. O PSG, com efeito, teve que provar que era digno de atenção. Mas tudo deu errado muito rápido.

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  • Neymar(C)GettyImages

    Dinheiro não era problema

    Seis verões atrás, Neymar foi contratado, depois de se desentender com o técnico do Barcelona, Luis Enquire, e ficar frustrado com a falta de atenção em um time que incluía Messi e Luis Suárez. O PSG quebrou o mercado ao pagar 222 milhões de euros em sua primeira estrela exorbitante.

    Isoladamente, o brasileiro foi uma excelente contratação. Dinheiro não era problema, e Neymar ainda era Neymar. Mas as contratações que o seguiram confundiram as coisas.

    Mbappé foi contratado porque era francês e bom. Messi chegou em 2020 porque estava disponível. Eles contrataram também Achraf Hakimi, um lateral ofensivo para reforçar uma equipe que precisava de estabilidade defensiva.

    E, finalmente, eles desembolsaram 12 milhões de euros por ano em Gianluigi Donnarumma, contratando o goleiro mais caro do mundo, quando ainda tinham Keylor Navas no elenco.

    No ano passado, com os parisienses finalmente restritos financeiramente após vários anos, a diretoria gastou mais de 100 milhões de euros em três meio-campistas centrais. Um deles, Renato Sanches, que não era titular há mais de 20 jogos em uma temporada desde 2016. Os outros dois, Carlos Soler e Fabián Ruiz, simplesmente, não deram certo ainda.

  • Marco Asensio Real MadridGetty Images

    Quem chega?

    E, agora, as restrições financeiras estão de volta. A tradição diz que o PSG vai encontrar a estrela mais cara do mercado, com o maior ego, comitiva e seguidores nas redes sociais, e trazê-lo para Paris imediatamente.

    A questão é que eles já perderam um e podem ver outro partir. Mbappé comunicou ao clube que não renovará seu contrato e sempre esteve de olho no Real Madrid. Se a oferta certa chegar, Mbappé jogará de branco na temporada que vem.

    E não há, realmente, nenhuma outra grande estrela disponível. Vinícius Jr. acaba de assinar um contrato longo para ficar no Real Madrid, e pegou o antigo número de Cristiano Ronaldo. Erling Haaland não deixará o Manchester City. Salah está na casa dos 30 anos e o Liverpool nunca o venderia.

    Então, o PSG, finalmente, é forçado a procurar em outro lugar. Ugarte foi o pontapé inicial, mas a equipe de olheiros, liderada por Luis Campos, já deu alguns passos: Marco Asensio foi contratado de graça depois de não ter acertado um novo acordo com o Real Madrid. Ele não é o jogador que costumava ser, mas ainda é um ponta-direita de alta qualidade, um jogador bom o suficiente para jogar no PSG que é, posicionalmente, um substituto adequado para Messi.

    Lee Kang-in, do Mallorca, também será jogador do PSG em breve, de acordo com o Foot Mercato. Um meia-atacante, o sul-coreano foi um jogador crucial de uma das maiores surpresas de La Liga nesta temporada, com 13 gols marcados. Onde, exatamente, ele se encaixa será trabalho do novo treinador. Mas ele certamente será uma adição sólida por menos de 20 milhões de euros.

    De repente, o PSG reforçou seu time titular por um preço relativamente barato, sem adicionar grandes egos ao vestiário. O próximo é supostamente Bernardo Silva. Os parisienses chegaram a um acordo com o português no verão passado, mas não conseguiram concretizar a transferência. Luis Campos tem uma relação pré-existente com Silva, que não tem mais nada a ganhar no City.

    Campos também está atrás de um zagueiro e se beneficiará de um mercado cheio de opções. Ainda que a chegada de Milan Skriniar deva ser a melhor opção. O ex-Inter tem perfil semelhante a Marquinhos, e os parisienses precisam idealmente de uma opção de pé esquerdo. Josko Gvardiol seria um alvo de primeira linha, mas Campos, o recrutador experiente que é, provavelmente tem um ou dois jogadores mais acessíveis em mente.

    Há, reconhecidamente, alguns fatores complicados aqui. A suposta saída de Mbappé deixa os parisienses com um buraco na frente. Randal Kolo Muani está pronto para deixar o Frankfurt. Ele custará cerca de 100 milhões de euros, mas para um dos melhores atacantes da Europa, esse número é simplesmente o preço normal. Se ele for a contratação mais cara e chegar com uma série de outros a preços acessíveis, o PSG terá se saído bem.

  • Sergio Ramos PSG 2022-23Getty Images

    Quem sai?

    Isso tudo vem em um momento oportuno também. O PSG pode enfrentar uma grande rotatividade neste verão. Sergio Ramos e Messi foram dispensados. Parece provável que Mbappé os siga. Uma série de empréstimos parece certo também. Os parisienses podem finalmente ter encontrado um comprador para Mauro Icardi, enquanto Leandro Paredes, Julian Draxler, Gini Wijnaldum e Keylor Navas devem estar fora do elenco.

    Eles terão uma longa ausência de Presnel Kimpembé, que sofreu uma ruptura no tendão de Aquiles no final do ano passado, o que pode deixá-lo de fora da maior parte da temporada. Enquanto isso, Neymar passou por uma cirurgia no tornozelo e, provavelmente, não estará de volta em agosto (isto é, se ele ainda estiver por perto).

    Nem tudo vai correr bem aqui. Um ou dois podem ter que ficar. Mas o PSG tem um elenco desanimado e tem muito dinheiro para atualizá-lo. Tudo o que resta é garantir que eles não o desperdicem.

  • Julian-Nagelsmann(C)GettyImages

    A questão do novo treinador

    Ainda assim, existem alguns problemas em Paris. A hierarquia do clube continua uma bagunça, com Luis Campos, oficialmente um consultor de futebol , assumindo o controle das transferências enquanto o clube está em busca de um novo técnico. Nessa procura, o novo treinador, supostamente Julian Naglesmann, pode muito bem entrar em uma janela de transferência quando o time já estiver montado para ele. Isso não é algo fácil de aceitar para um técnico que teve uma palavra importante no Bayern de Munique há apenas 12 meses.

    O próprio Galtier também deixou uma bagunça para resolver. O técnico empregou uma formação de 3-4-1-2, deixando o PSG com vários zagueiros e nenhum lateral de origem. Os parisienses também têm um excesso de meio-campistas vagamente semelhantes, mas falta criatividade na posição.

    E, mais fundamentalmente, Nagelsmann provavelmente terá suas próprias ideias sobre como seu time deve jogar futebol. Ugarte, Silva e Asensio são jogadores versáteis, enquanto o jovem Warren Zaire-Emery é o tipo de meio-campista que o técnico tem se especializado em desenvolver. Mas como esse grupo vai se misturar efetivamente com Neymar, e também se conformar com as ideias de um novo técnico, ainda é uma incógnita.

  • Nasser Al-Khelaifi PSG Luis CamposGetty

    Champions League?

    Assim, os parisienses mostram vislumbres da janela de verão europeu sensata que precisava acontecer há anos. Ugarte, Asensio e, em breve, Bernardo Silva são todas contratações comedidas, a própria antítese da arrogância impulsiva dos últimos anos.

    Mas onde, exatamente, o PSG quer chegar com isso? Não é segredo que os parisienses cobiçam a Liga dos Campeões. Eles têm, de fato, sido um caso perfeito sobre como não vencer a competição por quase 10 anos, celebrando sua tentativa anual fracassada de maneira consistentemente dramática.

    A saída presumida de Mbappé obscurece ainda mais as coisas. Se ele cumprir o esperado e deixar o clube até o final de agosto, é quase certo que o PSG não vencerá a competição este ano. Mas, se os parisienses receberem a bela taxa que supostamente estão solicitando, o dinheiro deve servir para uma espécie de reconstrução.

    Os times de futebol, em sua maioria, precisam de craques. Mbappé se encaixa perfeitamente nessa conta. Quando ele for embora, o PSG sem dúvida ficará tentado a buscar outro grande nome. Talvez uma busca por Harry Kane esteja em jogo. Ou eles podem aproveitar ao máximo seu dinheiro e montar algo interessante para o novo técnico trabalhar. Uma versão do PSG sem Mbappé ainda pode vencer a Ligue 1 com bastante conforto.

    Essas contratações sensatas não serão recompensadas imediatamente. Mas em cinco anos, e se o PSG mantiver a calma no mercado de transferências, pode existir um projeto adequado em Paris.

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