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Erling Haaland HIC 16-9GOAL

O dilema de Pep Guardiola: chegou a hora de barrar Erling Haaland na Champions League?

Uma diferença cultural entre Espanha e Inglaterra é que os 'hermanos' não têm papas na língua. No que se refere a críticas, eles não se seguram. Depois do empate em 3 a 3 entre Manchester City e Real Madrid, nesta terça-feira (09) - para muitos, o melhor jogo do mundo -, Haaland era quem estava sob os holofotes.

O Marca, em sua análise pós-jogo, deu apenas uma estrela - de três possíveis - ao norueguês, o descrevendo como "impotente", após sair em branco na batalha contra Antonio Rüdiger. "Rüdiger engoliu Haaland", dizia uma das manchetes.

"Erling Haaland jogou duas vezes no Santiago Bernabéu e saiu de campo com a mesma sensação, a de não conseguir chegar nem perto de ser aquele atacante amedrontador que causava pânico aonde quer que fosse", lia-se no texto.

O AS foi ainda mais a fundo. "Desajeitado e desesperado", resumiu um dos jornalistas; "apenas os substitutos participaram menos. O ciborgue foi desativado por Rüdiger", opinou outro redator.

O jornal, aliás, foi bem mais brutal, sequer dando uma estrela ao atacante - Manuel Akanji, Rúben Dias e Mateo Kovacic, em contraste, receberam todos uma estrela. Ao lado do nome do norueguês, um espaço em branco.

  • Rudiger Haaland Real Madrid Manchester CityGetty

    Apenas 20 toques

    Haaland não pode reclamar das duras críticas que recebeu. Ele parecia perdido durante a maior parte da partida e teve apenas 20 toques na bola, o menor número de qualquer um dos titulares - incluindo os goleiros. Foi, ainda, apenas uma chance de gol, um chute fraco facilmente defendido por Andriy Lunin.

    Rüdiger venceu mais um duelo pessoal com o atacante; Toni Kroos e Eduardo Camavinga também garantiram que ele não pudesse recuar e oferecer apoio. A única contribuição positiva de Haaland durante os 90 minutos foi quando ele correu para a lateral para desarmar Vinicius Jr. e evitar um contra-ataque do Madrid.

    Isso não foi apenas um caso isolado, no entanto. Apesar de ser novamente o artilheiro a Premier League, tem decepcionado nos maiores jogos, assim como na temporada passada.

    Ele também contribuiu pouco nas duas partidas contra Madrid do ano passado, pelas semis, e desapareceu na decisão, contra a Inter. O mesmo vale para a final da Copa da Inglaterra, contra o Manchester United, quando Ilkay Gündogan foi o herói do City.

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  • Erling Haaland Manchester City 2023-24Getty Images

    Impossível ignorar

    Nesta temporada, ele marcou apenas um gol em seis partidas da Premier League contra os cinco primeiros colocados e, nos confrontos que valiam a liderança, contra Arsenal e Liverpool, dentro do último mês, ele também passou em branco.

    Haaland pode desequilibrar qualquer defesa em seu melhor dia, como mostrou com seus cinco gols contra o Luton, na FA Cup, seis semanas atrás, sendo decisivo contra o Everton e castigando o Manchester United (que não é mais um dos cinco primeiros colocados) no dérbi de Manchester.

    Mas não se pode esquecer que Luton e United estão entre os três melhores times quando se trata de conceder finalizações. Muitas outras equipes começaram a descobrir como parar Haaland, principalmente jogando com uma linha defensiva mais baixa para impedi-lo de correr entre os espaços.

    O futebol geral de Haaland tem sido um ponto de discussão por muito tempo, mas seus impressionantes gols de 52 gols em 53 jogos na última temporada foram a resposta perfeita. O problema é que, quando os gols cessam, como aconteceu neste último mês - Haaland guardou apenas um tento em suas últimas cinco aparições -, suas limitações são impossíveis de serem ignoraradas.

  • Haaland Man City Antonio Rudiger Real Madrid UCL 2024Getty

    "Bastante inútil"

    Roy Keane fez uma crítica quase que brutal ao norueguês, comparando seu futebol ao de um atacante da League Two após o empate contra o Arsenal, e o ex-jogador holandês Rafael van der Vaart também criticou o camisa 9 após sua performance apagada contra o Real.

    "Foi muito ruim. Quando ele não marca, é bastante inútil", disse o ex-meio-campista do Madrid à emissorad e TV holandesa Ziggo Sport. "Eu o considero um jogador muito mediano com a bola nos pés".

    Haaland ainda é um trunfo para o City, capaz de manter impressionantes séries de gols. Mas nos jogos mais difíceis, há quem argumente que os Citizens poderiam ir melhor sem ele.

  • guardiola(C)Getty Images

    Hora de um 'chá de banco'?

    O City rotineiramente perdia a posse de bola contra o Real, e uma das razões era que eles recorriam a lançamentos longos em direção a Haaland que eram quase sempre interceptados. E mesmo quando a bola chegava ao atacante, Rüdiger constantementeo o vencia, e o Madrid recuperava a posse. Haaland perdeu a bola sete vezes na terça-feira e não conseguiu completar um único drible.

    Ter o norueguês na frente sozinho, procurando aproveitar sobras na área, deixa o City com um homem a menos em sua construção de jogo. E há um crescente argumento para Pep Guardiola deixá-lo de fora para o segundo jogo contra o Madrid, no Etihad Stadium.

  • Julian Alvarez Manchester City 2023-24Getty

    Álvarez oferece mais controle

    Começar com Julian Álvarez no lugar de Haaland no segundo jogo daria ao City uma melhor chance de controlar o jogo e evitar que o Real avançasse com frequência nos contra-ataques, como fizeram tantas vezes no Bernabéu. O argentino também ofereceria um tipo diferente de desafio para Rüdiger e daria ao City mais chances de abrir a defesa adversária.

    E se o jogo não estiver indo conforme o planejado, Haaland estará à disposição no banco, para entrar descansado contra uma defesa já desgastada.

  • Haaland Guardiola spat 2023-24Getty Images

    Bite the bullet

    Deixar Haaland no banco para um jogo tão importante seria um grande posicionamento por parte de Guardiola e, sem dúvida, arriscaria prejudicar seu relacionamento com o atacante. Ainda assim, o treinador é uma das poucas personalidades do futebol com autoridade para fazer tal movimento.

    Se deixar o norueguês no banco for o melhor caminho para vencer o Madrid e chegar às semifinais da Liga dos Campeões - e muita gente acha que é -, então Guardiola deveria, sim, bater no peito.