Criticar Weverton é ter memória curta, mas Palmeiras já precisa pensar em novo goleiro no futuro próximo?

Weverton é um dos jogadores com mais títulos na história do Palmeiras: tem duas Libertadores, três Brasileiros, uma Copa do Brasil, três Paulistas além de Recopa e Supercopa. Taça não é o seu problema, e não estamos falando de conquistas empoeiradas pela passagem do tempo. Muito pelo contrário.

O ano de 2023 teve a conquista de mais um Paulista, além da Supercopa do Brasil, mas o ponto alto foi o título brasileiro sacramentado na reta final da temporada. E se for possível citar três protagonistas alviverdes deste título, Weverton estaria lá ao lado de Endrick e do técnico Abel Ferreira.

No jogo mais emblemático da campanha, o goleiro palmeirense fechou a porta do destino para Tiquinho Soares e o Botafogo quando o então líder do Brasileirão poderia fazer um placar de 4 a 1 na reta final do segundo tempo, dentro do Nilton Santos, em jogo válido pela 31ª rodada. Weverton voou para defender o pênalti e, minutos depois, saboreou uma histórica virada por 4 a 3.

Além do título, que o colocou ao lado de Emerson Leão como arqueiro palmeirense com mais Brasileirões conquistados na história (três para cada), Weverton ainda recebeu o prêmio Bola de Prata de melhor goleiro da competição.

As críticas de parte da torcida palmeirense a Weverton estão concentradas em dois gols sofridos em clássicos diferentes, ambos pelo Campeonato Paulista. Contra o Corinthians, o goleiro não esticou completamente o braço no gol de falta marcado por Rodrigo Garro, no último lance da partida que terminou empatada em 2 a 2.

O jogador alvinegro acertou um belíssimo chute no ângulo, mas a impressão era de que o arqueiro palmeirense poderia ter feito a defesa. E aí é aquela coisa: um golaço pode ser golaço mesmo com falha do goleiro? Se a defesa teria sido daquelas espetaculares, o fato de não a ter feito transforma o lance em falha absurda?

Contra o São Paulo, em outro empate, desta vez 1 a 1, Weverton ficou parado no lugar quando o chute de Alisson passou rasteiro, próximo de seu joelho e braço. O camisa 21 do Palmeiras poderia ter defendido, mas também vale o contexto de um chute rápido e da visão encoberta que dificultou a velocidade de reação de Weverton.

Olhando os números, no entanto, o desempenho de Weverton não tem nada de ruim. Em 11 jogos, foram nove gols sofridos dentro de quase 10 gols esperados (xG). Ou seja, o ídolo palmeirense não tem sofrido mais gols do que deveria. A questão é que na maior parte de sua história no clube, desde sua chegada em 2018, Weverton fazia mais milagres, era mais decisivo, e sofria menos gols do que se esperava.

A temporada ainda está muito no início, e quando as competições que valem “pra valer” começarem, poucos irão lembrar de jogos de fase de classificação de estadual (ainda que sejam clássicos).

Mas a defesa de Weverton contra críticas exageradas não quer dizer que o Palmeiras não tenha que começar a traçar um plano futuro para a sua meta. Estamos falando de um jogador de 36 anos. Se cumprir com o contrato assinado até o fim de 2026, Weverton será goleiro alviverde com 38 anos. Fernando Prass, o titular antes do camisa 21, tinha 41 em sua última temporada – já se alternando na posição com Weverton.

Ou seja, a história recente do Palmeiras mostra que ainda há muito chão para Weverton trilhar dentro do clube. A hora do adeus chega para todos e o papel de um clube de futebol é sempre estar de olho em nomes para aumentar a competitividade interna e facilitar uma transição de papeis, mas um goleiro do tamanho de Weverton dificilmente vai cair tanto de rendimento de uma hora para a outra. Mesmo em um esporte tão dinâmico quanto o futebol.