Polêmicas, 'sombra' de Messi e futebol abaixo do esperado: Primeiros passos de Cristiano Ronaldo no Al-Nassr ainda deixam a desejar

O Al-Nassr fez fortuna com a venda de camisas e ingressos desde que contratou Cristiano Ronaldo, ao mesmo tempo em que impulsionou suas mídias sociais a níveis recordes para um clube saudita. A presença do jogador de 38 anos sozinha também ajudou a elevar drasticamente o perfil da liga em todo o mundo, mas ele não melhorou o time.

Quando Cristiano se juntou inicialmente, o Al-Nassr estava com três pontos de vantagem na liderança da Saudi Pro League após 13 partidas. Desde então, eles registraram três empates e duas derrotas, além de apenas seis vitórias, o que permitiu ao Al-Ittihad ultrapassá-los na liderança.

Se for esse o caso, deve-se esperar que o português esteja à altura desse desafio como um dos melhores jogadores de todos os tempos para levar a equipe ao título saudita.

Cristiano Ronaldo pode ter dado as costas ao futebol europeu, mas não conseguiu escapar da sombra persistente de Lionel Messi.

Em total contraste - quer ele admita ou não - de Messi, a carreira de Cristiano Ronaldo está chegando ao fim. Os dois dividiram o mesmo campo talvez pela última vez, quando o PSG fez a viagem à Arábia Saudita para um amistoso em janeiro, e enquanto Cristiano Ronaldo marcou dois gols contra um de Messi naquele confronto, todo o evento pareceu um triste adeus ao nível muito alto para o atacante português.

Cristiano Ronaldo costumava aumentar sua rivalidade no passado, e os torcedores da oposição na Arábia Saudita rapidamente perceberam como apertar seus botões.

Um dos temas dos últimos meses infelizes de Cristiano Ronaldo no United foram suas explosões regulares de frustração, enquanto criticava seus colegas por passes errados, chances perdidas e erros defensivos.

Esse comportamento continuou no Al-Nassr, que não tem o luxo de ter uma equipe repleta de talentos de primeira classe. Depois de mais uma derrota para o Al-Ittihad em março, desta vez pelo campeonato, Cristiano não escondeu a raiva.

Ele jogou as mãos para o alto enquanto saía do campo, apesar dos melhores esforços de um de seus companheiros para tentar acalmá-lo, antes de chutar violentamente uma garrafa de água na lateral - com mais cânticos de Messi tocando em volta.

No final do mês, ele recebeu um cartão amarelo por chutar a bola para longe depois que o árbitro apitou para o intervalo por impedir um contra-ataque nas quartas de final da Copa do Rei, contra o Abha.

Essas não são as ações que você esperaria de um homem com a vasta experiência de Cristiano Ronaldo. Depois de uma carreira ilustre de 20 anos, ele ainda não tem maturidade para controlar suas emoções e dar um bom exemplo para os jogadores mais jovens do Al-Nassr.

A estreia de Ronaldo no Al-Nassr foi uma ocasião brilhante, pois ele recebeu uma recepção de 25 mil torcedores no estádio. Os anfitriões não ofereceram muito em termos de entretenimento, já que conseguiram uma vitória pouco convincente por 1 a 0, graças a um gol de Talisca, que superou Cristiano na noite.

Avançando três meses, Cristiano Ronaldo tem 11 gols e duas assistências em suas primeiras 13 partidas na Arábia Saudita, mas esse recorde não é tão impressionante quanto parece.

Ele deveria estar balançando a rede com muito mais frequência em uma liga que até ele admitiu não chega aos pés de nenhuma das cinco principais divisões da Europa. O Al-Nassr pensou que estava contratando um jogador que faria a diferença, mas Cristiano muitas vezes parecia fora do ritmo e sua tomada de decisão era ruim. Ele perde a posse de bola com muita frequência e seus passes não são nem de longe tão nítidos quanto antes.

Ao reagir à notícia de que o Al-Nassr fechou contrato com o português, o ex-treinador da Roma brincou: "Primeiro eu queria trazer Messi de Doha. Tentei trazer Messi diretamente de Doha." Fale sobre começar com o pé esquerdo!

Garcia - um treinador que foi descrito como o "maior mau caráter do futebol" pelo ex-meio-campista do Lyon, Juninho - nunca se deu bem com Cristiano. Quando dois egos tão grandes colidem, um geralmente é forçado a abrir caminho.

E foi exatamente assim que aconteceu no Al-Nassr, que tomou a decisão de demitir Garcia na semana passada, quatro dias após o decepcionante empate com o Al-Feiha. Antes do anúncio, surgiram relatos sugerindo que Cristiano havia brigado com o francês nos bastidores, deixando claro que ele não concordava com seu estilo de jogo pragmático.

O técnico sub-19 do Al-Nassr, o croata Dinko Jelicic, foi apontado como substituto interino de Garcia em meio a rumores de uma troca por José Mourinho.

CR7 teve problemas semelhantes com Ten Hag no United, e Ralf Rangnick antes disso, o que sugere que Garcia nunca teve chance. O ícone de Portugal detém todo o poder no Al-Nassr agora, e o tempo dirá se isso é bom ou não para o clube.

"Pensamos, refletimos, eu e minha família, mas depois chegamos à conclusão de que, apesar das dificuldades, não podemos jogar a toalha. Estou feliz por estar de volta. Roberto Martinez mostrou que contava comigo. Eu sinto, eu quero e o meu desejo é levar Portugal ao mais alto nível. Darei sempre o meu melhor quando precisarem de mim."

Depois de muita especulação sobre seu futuro após a Copa do Mundo, Cristiano foi convocado para a primeira relação de Portugal de Martinez, e ele deixou claro que pretende ficar por um tempo ainda.

Martinez deveria ter carimbado sua autoridade iniciando a nova era de Portugal sem Cristiano. Em vez disso, ele pode estar de volta para prejudicar suas chances de sucesso na próxima Eurocopa. CR7 deveria ter tido o entendimento de se afastar também. Ele está impedindo que uma das próximas estrelas em potencial de Portugal cause impacto porque é teimoso demais para desistir.

Al-Nassr certamente também não se beneficia, já que tem lutado para estar em plena forma ao longo da campanha atual, e adicionar mais jogos à sua agenda não faz sentido. Ele estaria muito melhor concentrando todos os seus esforços nos assuntos do clube se realmente quisesse deixar uma marca duradoura no futebol saudita - e consertar seu legado.