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Manchester derby compositeGetty

Como o City pode superar o United como maior torcida de Manchester

Dois cânticos resumem a antiga questão de se Manchester pertence ao City ou ao United. E ambos vem sendo entoados ao longo do jogo da final da FA Cup, a primeira entre as equipes.= e que foi vencida pelos Citizens com placar de 2 a 1.

"A cidade é nossa, vá se f*der de volta para Londres, a cidade é nossa", cantam os torcedores do Manchester City. "A cidade é sua? 20.000 assentos vazios, você tem certeza?", é como os torcedores do Manchester United respondem.

A visão estereotipada que o City tem dos torcedores do United é que eles vêm de Londres e não conseguiriam apontar Manchester em um mapa, enquanto o United gosta de brincar que seus vizinhos não são grandes o suficiente para encher seu próprio estádio. Ambas as opiniões são, obviamente, completamente sem sentido, mesmo que contenham nuances de verdade.

Mas qual time é realmente o maior clube de Manchester, quem tem a maior torcida e como isso mudou ao longo dos anos? A GOAL te mostra!

  • Busby Babes Manchester United muralGetty Images

    Os Busby Babes levaram o United para o mundo

    Os dois clubes sempre tiveram um grande número de torcedores. O United detém o recorde de maior público em um jogo da primeira divisão inglesa, com 83.260 pessoas lotando o estádio para o jogo contra o Arsenal em 1948. O jogo, aliás, foi disputado no campo do City na época, Maine Road, pois Old Trafford estava sendo reconstruído depois de ter sido bombardeado durante a Segunda Guerra Mundial (um incidente sobre o qual os torcedores do City mais tarde fizeram uma música envolvendo o cultuado atacante Uwe Rosler).

    O City, no entanto, detém o recorde de maior público em um jogo nacional inglês (excluindo finais), quando 84.569 pessoas compareceram ao Maine Road para um jogo da FA Cup contra o Stoke City em 1934.

    O United começou a atrair uma base maior de torcedores fora de Manchester após o desastre aéreo de Munique em 1958, quando muitas pessoas foram atraídas pelo renascimento do time sob o comando de Matt Busby, que sobreviveu ao acidente junto com outros nove jogadores. O técnico escocês levou o United a vencer a Copa da Europa 10 anos depois, com uma equipe formada pelos também sobreviventes Bobby Charlton, Harry Gregg e Bill Foulkes.

    "A busca pela conquista da Copa da Europa após a tragédia de Munique deu ao United essa atenção global, e a vitória em 1968 consolidou o status de clube global. O City continuou a ser visto como o clube de Manchester, enquanto a base de torcedores do United se tornou parte de Manchester e de outros lugares", disse o historiador do futebol Gary James à GOAL.

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  • Maine RoadMaine Road

    O City traz uma nova geração de torcedores

    O City também teve grande sucesso no mesmo período, vencendo a liga nacional em 1968, o mesmo ano do triunfo do United na Copa da Europa, antes de levantar a FA Cup em 1969. Em 1970, eles venceram a European Cup Winners Cup e a League Cup.

    Nesse período, eles plantaram as sementes de sua futura base de torcedores fiéis por meio da iniciativa Junior Blues, tornando-se o primeiro time a criar um clube de torcedores para crianças.

    "A iniciativa tentou garantir que a geração de torcedores que viria nos anos 70 fosse capturada cedo. O antigo presidente Peter Swales acertou nessa parte, ele percebeu que se você conseguir atrair as crianças quando elas têm sete ou oito anos de idade, se você fizer brigas de torta de creme com os jogadores no clube social e em atividades relacionadas, se você conseguir conquistá-las nessa idade, elas serão fiéis para sempre", diz James.

    "Portanto, quando o sucesso acabou nos anos 80 e 90, não mudou muita coisa para o City, pois eles trabalharam muito para conquistar torcedores desde cedo. Quando o City não estava tendo sucesso e o United estava tendo muito, a ideia passou a ser 'Nós somos o time de Manchester. Vocês podem ter uma torcida internacional, mas nós ainda representamos Manchester". E a maioria dos garotos que o clube pegou nos anos 70 eram os que faziam o barulho. O que o City fez nos anos 70 valeu a pena."

    O City tomou outras iniciativas para fortalecer seus laços com a comunidade local, formando uma equipe feminina em 1988. O United só lançou oficialmente a sua equipe em 2018.

  • Class of 92

    O City perdeu espaço para o United nos anos 90

    Mas a segunda era gloriosa do United na década de 1990 inevitavelmente aumentou sua base de torcedores em Manchester e também no exterior. Quando Alex Ferguson assumiu o comando do clube em 1986, uma das primeiras coisas que fez foi aumentar a rede de olheiros locais do clube, depois de ficar chocado com a falta de presença dos Red Devils no futebol nacional em sua primeira reunião com o técnico das categorias de base, Eric Harrison.

    Naquela época, o City tinha a melhor categoria de base, mas o novo foco levou o United a vencer a FA Youth Cup em 1992, com um time formado por Ryan Giggs - que veio do City -, Paul Scholes, Gary e Phil Neville, Nicky Butt e David Beckham, que se tornaria conhecido como a Turma de 92. Todos, com exceção de Beckham, eram garotos de Manchester.

    Os seis jovens se tornaram as astros das vitórias subsequentes na Premier League, e estavam todos na equipe quando o United conquistou o tricampeonato em 1999. Além de contar com estrelas estrangeiras como Eric Cantona e Andrei Kanchelskis, a equipe do United apostava nos talentos locais, atraindo ainda mais apoio local.

    "Esse investimento nos jovens, a ideia do que é o Manchester United, é o que os manteria por anos e anos", acrescentou James. "O que aconteceu nos anos 90? O City caiu para sua posição mais baixa [rebaixado para a terceira divisão do futebol inglês], enquanto o United teve um sucesso incrível. Foi quando o City passou a perder o apoio dos jovens de Manchester."

    A expansão do Old Trafford para comportar 55.000 pessoas em 1996 ajudou o time a aumentar ainda mais sua torcida, enquanto apenas 35.000 podiam entrar em Maine Road.

    "No final dos anos 90, o estádio estava lotado, então os jovens não conseguiam ir aos jogos do City e o clube não conseguia atrair novos torcedores", continuou James. "Naquele momento, era mais fácil conseguir um jogo da Copa da Liga no United. Se você é um garoto, pensa que eles estão ganhando troféus e que pode ver isso de perto. Se a falta de sucesso do City tivesse continuado por mais tempo, teria sido irreversível, o City estaria em uma espiral descendente, e sabe-se lá onde teria ido parar."

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  • Manchester City fansGetty Images

    O City se aproxima da base mundial de torcedores do United

    O United estava à frente da curva quando se tratava de atrair torcedores no exterior. Seu primeiro clube de torcedores foi lançado em Malta, em 1959, um ano após o desastre aéreo de Munique. O clube também teve um forte apoio na Irlanda desde a década de 1960, começando com a chegada de George Best e perpetuado por Kevin Moran e, mais tarde, por Roy Keane e Dennis Irwin.

    O clube aproveitou o sucesso na década de 1990 para fazer turnês em outros continentes, especialmente na Ásia. O City tem clubes de torcedores há muito tempo na Escandinávia e também tem seguidores na Irlanda, mas, em geral, ficou atrás do United em termos de apoio global, aumentando a sensação de que era o time local e que pertencia mais a Manchester.

    No entanto, desde que foi comprado, em 2008, fez grandes progresso em sua imagem em todo o mundo. Por meio do City Football Group, se criou uma vasta rede de times no Uruguai, nos Estados Unidos, na Índia, no Japão, na Austrália, na França, na Bélgica, na Espanha e no Brasil. De fato, eles agora têm 330 clubes de torcedores, em comparação com os 277 do United.

    Nuria Tarre, diretora de marketing do CFG, afirmou no ano passado que apenas 1% da base de torcedores do City vive no Reino Unido. O clube tinha 91 milhões de seguidores em todas as plataformas de mídia social em 2022, mas o United tinha quase o dobro, com 177 milhões.

  • Manchester City Premier League trophy 2022-23Getty

    O City agora se vangloria dos troféus, não do apoio local

    O alcance global do City está levando a uma experiência diferente nos dias de jogos e a um público cada vez mais internacional, especialmente nas partidas da Liga dos Campeões. A pretensão de ser o time de Manchester, nesse sentido, está se diluindo, e os torcedores agora estão mais felizes em se gabar do domínio do City sobre o United em termos de títulos, em vez de se gabarem de como eles representam melhor a área local.

    "Se você estivesse lá nos anos 80 e 90, quando o City não ganhava nada, e o United conquistava troféus, como você poderia criticá-los? Era 'Nós somos de Manchester e vocês não são'. Não é necessariamente o que importa, mas é o que você tem sobre o seu rival. É uma brincadeira".

    Mas, para James, o crescimento global do clube não é algo com que os torcedores locais devam se preocupar por enquanto. O City está ampliando o Etihad Stadium, gastando 300 milhões de libras para aumentar a capacidade para 60.000 pessoas e abrir espaço para a nova base de torcedores.

    "Se você não conseguir um ingresso para um jogo, essas coisas importam ou se o preço for tão alto, mas o estádio está em expansão. As piadas sobre o "Empti-had" [vazio-had, em tradução livre], que todos sabemos, não são verdadeiras. Desde que você consiga comprar ingressos, não acho que isso seja um problema."

  • Manchester United fans Glazers OutGetty Images

    Uma história de dois donos

    James acredita que o City está vencendo a batalha local com o United novamente, e não apenas porque Pep Guardiola os colocou no caminho certo para a tríplice coroa, embora isso certamente ajude. Seus proprietários de Abu Dhabi compraram para eles alguns dos melhores jogadores do mundo e, ao mesmo tempo, injetaram dinheiro na área local.

    Além de ampliar duas vezes o Etihad Stadium, os proprietários investiram 200 milhões de libras para construir a City Football Academy, adjacente ao Etihad Stadium. Eles também construíram 6.000 casas em um dos bairros mais pobres da cidade, embora o esquema "Manchester Life" tenha sido alvo de críticas.

    A família Glazer, por sua vez, alienou os torcedores locais do United ao retirar cerca de £1,6 bilhão do clube desde sua aquisição em 2005. Enquanto os torcedores do United realizam protestos inflamados contra a família americana e cantam "Queremos os Glazers fora" após cada gol marcado em Old Trafford, o City adora seus proprietários.

    Quando os torcedores do Bayern de Munique ergueram uma faixa durante o recente jogo de ida das quartas de final da Liga dos Campeões no Etihad Stadium com os dizeres "Glazers, Sheikh Mansour, Todos os Autocratas Fora! O futebol pertence ao povo", os torcedores do City responderam em massa cantando o nome do Sheikh Mansour.

    "É fácil ser dono de um clube de futebol e obter lucros, que é o que acontece no United. Investir na cidade de Manchester, construir moradias, construir instalações comunitárias, isso é diferente. Não conheço nenhum clube inglês que tenha feito isso", acrescenta James. "Se você tem um proprietário que está tirando algo de Manchester e outro que está colocando dinheiro, isso é importante para as pessoas".

    "Toda vez que vejo o que os Glazers fizeram com o United, fico imaginando se, em vez de ficar com o lucro, eles tivessem investido nas instalações, consertado o telhado com vazamentos, construído uma academia, construído casas. O United estaria muito à frente de qualquer outro time".

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