Como a rejeição de Carlo Ancelotti contra a seleção pode levar o Real Madrid a uma nova era de conquistas

Em março de 2023, surgiu o interesse do Brasil em contratar Ancelotti. A seleção buscava um substituto para Tite e viu no técnico italiano a escolha ideal. Até porque Ancelotti já havia prometido, anteriormente, que o Real Madrid seria o seu último clube... e a contagem regressiva de um contrato válido até junho de 2024 indicava a despedida.

Sua experiência e sucesso tanto em gerenciamento de jogadores quanto na parte tática o tornaram uma opção óbvia para o Brasil. Para o italiano, a mudança parecia ser o passo mais correto no atual momento da carreira.

Só que o futebol é dinâmico. No final das contas, Ancelotti decidiu continuar na capital espanhola em meio ao caos organizacional e político vivido pela Confederação Brasileira de Futebol.

Ancelotti esperava uma temporada mais fácil com a possível chegada de Mbappé no início da campanha, especialmente em meio à saída de Karim Benzema para a Arábia Saudita. No entanto, a situação mudou quando o futuro de Mbappé novamente se entrelaçou com o Paris Saint-Germain e o jovem craque francês seguiu longe de Madri.

Com a falta de um atacante de nome, os Blancos tinham uma clara necessidade no setor, mas optaram por não buscar jogadores como Victor Osimhen ou Randal Kolo Muani. Em vez disso, trouxeram, por empréstimo do recém-rebaixado Espanyol, o veterano espanhol Joselu.

Como resultado, surgiram relatos de que Ancelotti estava disposto a cumprir o último ano de seu contrato e de fato sair do clube. A falta de reforços e a perda do título espanhol para o Barcelona davam a entender que Ancelotti logo sairia.

Desta forma, Ancelotti encarou a nova temporada como um desafio a mais. Abraçou o elenco desequilibrado do Madrid como um quebra-cabeça a ser resolvido. Sua formação habitual, o 4-3-3, seria difícil de implementar sem um centroavante reconhecido e com um meio-campo desorganizado. A solução foi usar mais meio-campistas, com Bellingham mais avançado, e dois alas, Vinicius Jr e Rodrygo, como atacantes divididos na trinca de ataque. O Madrid adotou uma formação fluida, alternando entre um 4-4-2 tradicional e um 4-2-2-2 contra blocos defensivos mais baixos.

Além de Bellingham e os atacantes brasileiros, Valverde, antes ponta-direita, foi posicionado como meio-campista duplo, contribuindo defensivamente e avançando desde a defesa.

Embora a temporada do Real Madrid até aqui tenha sido desafiadora, especialmente em relação às lesões, Ancelotti sempre teve o controle da sua equipe. No entanto, em agosto, em um curto intervalo de seis dias, Thibaut Courtois e Eder Militão sofreram lesões graves e foram descartados para a temporada.

Apesar da solidez defensiva com Rudiger e Alaba, a ausência de Courtois, considerado o melhor goleiro do mundo, levantou um grande desafio. A chegada de Kepa Arrizabalaga, por empréstimo, trouxe mais incertezas que tranquilidade, mas ajudou a diminuir o problema.

Em 24 de setembro, o Real Madrid sofreu uma derrota dolorida para o Atlético no dérbi de Madri: 3 a 1, com Bellingham atuando abaixo das expectativas e vários erros defensivos sendo cometidos. Ancelotti assumiu a responsabilidade pela derrota e, desde então, o Madrid se recuperou de maneira incontestável.

Os merengues venceram o Girona, sensação no Campeonato Espanhol, por 3 a 0. Na Champions League, bateram o Napoli por 3 a 2, incluindo um gol espetacular de Bellingham. No El Clásico contra o Barcelona, apesar de um primeiro tempo abaixo do esperado, Bellingham marcou dois gols na segunda etapa, liderando a equipe para uma vitória por 3 a 2.

Apesar de alguns empates seguidos no Campeonato Espanhol, o Madrid conseguiu engatar uma sequência de 21 jogos invicto até a derrotas para o Atleti, que decretou sua eliminação na Copa do Rei. Antes, contudo, a conquista da Supercopa com a goleada de 4 a 1 sobre o Barcelona solidificou a confiança na equipe.

O Real Madrid está na busca por mais uma temporada extraordinária, especialmente no Campeonato Espanhol e Champions League. Com o futuro de Ancelotti assegurado, a equipe tem o caminho livre para colher seus frutos, tendo Bellingham, Vini Jr e Rodrygo em suas melhores formas desde o início da temporada.

O início de uma nova era no Bernabéu é ainda mais empolgante, com a chegada do talentoso Endrick, do Palmeiras, e rumores de possíveis reforços como Mbappé e Davies para a próxima temporada. Ancelotti optou por um último desafio em vez de se aposentar, e sua recompensa pode resultar na melhor equipe do Madrid dos últimos anos.