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Corinthians v Flamengo - Brasileirao 2025Getty Images Sport

Cavadinha "ridícula" não deve destruir Yuri Alberto no Corinthians como fez com Alexandre Pato

O pênalti desperdiçado por Yuri Alberto contra o Flamengo, na derrota por 2 a 1 do Corinthians contra os rubro-negros, virou o grande fato da 25ª rodada do Brasileirão 2025. O placar ainda estava inalterado quando, aos 14 minutos, o árbitro Wilton Pereira Sampaio assinalou a penalidade máxima para os donos da casa depois que a chuteira de Léo Pereira encontrou a de Breno Bidon, ainda que de leve, desequilibrando o atacante corintiano dentro da área. Yuri Alberto enfrentava um jejum de nove jogos sem estufar as redes e uma cobrança de segurança seria o mais indicado, mas ele não quis saber disso.

Sob as traves, Agustín Rossi esbanjava confiança e todos sabiam: três dias antes, o argentino havia sido o herói da classificação do Flamengo às semifinais da Libertadores, depois de defender duas penalidades na disputa alternada contra o Estudiantes de La Plata. Seria preciso muito sangue frio para tentar uma cavadinha, opção de batida que geralmente vai contra todas as expectativas. Mas acabou sendo esta, a escolha do artilheiro corintiano. E Yuri Alberto errou. Errou feio. Rossi, ainda deitado, encaixou a bola como se tivesse recebido o chute de uma criança.

Pênalti de cavadinha tem algo de desmoralizante para o goleiro, se der certo para o batedor. Mas se acontecer o contrário, fica impossível tirar de quem “cava” a nhaca de uma falta de responsabilidade. Por mais que a cavadinha seja, com certeza, uma técnica, esse caráter de oito ou oitenta vem junto no pacote. E se trazem boas recordações para quem admirava Djalminha ou Loco Abreu, pênaltis de cavadinha com certeza despertam uma certa ira – ou ao menos uma lembrança ruim – no torcedor corintiano.

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    Impossível não se lembrar...

    O problema não é tanto a indolência na hora da batida. Marcelinho Carioca batia, muitas vezes, devagarinho, no meio do gol, tirando o mesmo tipo de onda. O problema no Corinthians parece ser a cavadinha em si, a trajetória devagar da subida e descida. E quando falamos neste tipo de lance, é impossível não se lembrar do pênalti desperdiçado por Alexandre Pato, a cavadinha defendida por Dida que acabou decretando a eliminação para o Grêmio nas quartas de final da Copa do Brasil de 2013.

    Pato ainda disputaria outros 12 jogos pelo Corinthians, marcando um gol de pênalti em vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense. Naquela ocasião, o torcedor alvinegro pedia, nas arquibancadas, para que a principal contratação do time naquele ano fosse para a cobrança para se redimir. O atacante bateu forte, no canto esquerdo de Diego Cavalieri, e estufou as redes.

    Poderia ter sido o início de uma recuperação, mas a verdade é que Pato já vinha deixando a desejar antes, continuou sem conseguir entrar no time titular depois e acabou saindo do Parque São Jorge no ano seguinte. Não era para ser. Ninguém se lembra deste gol de Alexandre Pato sobre o Fluminense, ninguém esquece a cavadinha desperdiçada contra o Grêmio.

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    A gota d'água para Pato

    No final das contas, a cavadinha que tirou até mesmo Tite do sério foi a última gota d’água que fez transbordar um copo cheio de frustrações. O Corinthians de 2013 era o vigente campeão mundial, depois de ter batido o Chelsea. Era a grande potência do futebol brasileiro naquele momento. Se Alexandre Pato não conseguia ajudar o Corinthians, que saísse do Corinthians. O pensamento era mais ou menos esse e o atacante acabou sendo envolvido numa troca com o São Paulo, no ano seguinte, que deu certo para os dois lados – Jadson, que vinha do Tricolor, virou ídolo alvinegro, e Pato conseguiu ter uma passagem respeitável no Morumbi.

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    A diferença com Yuri Alberto

    O caso com Yuri Alberto é diferente e isso já ficou claro no próprio jogo contra o Flamengo. O atacante teve seu nome gritado pela torcida mesmo após o pênalti, descrito como “ridículo” pelo Craque Neto. E depois de ter marcado o seu gol, no início do segundo tempo, comemorou literalmente nos braços de seu povo, entre lágrimas de desabafo.

    “Peço desculpas pela cobrança de pênalti, foi um erro meu. Felizmente, pude marcar depois e tirar esse peso do jejum [de gols], que já me incomodava bastante. Sei das críticas que irei receber, com razão (...) Agradeço de coração pelo apoio da Fiel em todos os momentos. Mesmo quando eu errei, gritavam meu nome”, disse após o jogo, com a derrota por 2 a 1 sacramentada. 

    Tudo isso indica que ainda haverá dias seguintes para Yuri Alberto se redimir. O lance será sempre lembrado, assim como o de Alexandre Pato contra o Grêmio. Mas as semelhanças param por aí, porque Yuri Alberto, ao contrário de Pato, já conseguiu seu lugarzinho nas boas memórias de torcedores corintianos. Embora esteja longe de entrar no hall de grandes ídolos do clube, é possível colocá-lo entre os maiores ídolos do elenco atual. Com 71 gols, Yuri é o maior artilheiro do Corinthians neste século e foi o herói do título paulista de 2025, conquistado sobre o Palmeiras.

    Além disso, Yuri Alberto é um jogador incansável em campo. Raçudo. Qualquer torcedor gosta de ver alguém que se entrega assim, e com o corintiano não é diferente. Ele é também uma das principais peças em um time que, ao contrário daquele de 2013, não é uma das potências nacionais. O Corinthians precisa de Yuri Alberto e de seus gols, ao contrário do que acontecia com Alexandre Pato, e o contrato que une as duas partes vai até 2030. A cavadinha será uma página virada, tudo leva a crer.