Amizade de Abel Ferreira com diretor do PSG nasceu no campo e valoriza técnico do Palmeiras

O ano era 1999. Luís Campos, ainda relativamente jovem para um treinador, buscava o seu sonho nas divisões inferiores de Portugal quando chegou ao Penafiel. Abel Ferreira dava os seus primeiros passos no futebol profissional após subir das categorias de base do clube.

Tanto Abel quanto Luís mostraram boas capacidades, mas o objetivo do acesso à primeira divisão não foi atingido naquela temporada 99/00 e a parceria acabou sendo interrompida ao final da campanha, com a ida do lateral para o Vitória de Guimarães. Os aprendizados obtidos ali, contudo, seguiram para sempre com Abel.

“Faço hoje porque fizeram comigo no passado. O meu treinador na época fez isso comigo”, disse em 2022, fazendo referência a Luís Campos ao explicar a sua relação com os jovens do Palmeiras. “Se os jogadores tiverem cabeça, eles terão uma vida tranquila, e não como muitos jogadores que assistimos, que ganham muito dinheiro e destroem o dinheiro todo. Eu fico triste, porque às vezes é uma questão de educação”, completou.

Quando recebeu a proposta do Palmeiras, em 2020, Abel entrou em contato com o seu antigo mentor em busca de algum conselho. Luís incentivou a sua vinda para o futebol brasileiro e ainda demonstrou conhecimento sobre alguns jovens valores que vinham da base palmeirense. Ou seja, se ao mesmo tempo a torcida alviverde pode ficar ressabiada com a figura de Campos, pelo interesse atual do PSG, também é possível agradecê-lo pelo leve empurrão dado ao antigo pupilo. Entre aquela conversa de 2020 e agora, 2023, o Palestra Itália entrou em uma de suas eras mais vitoriosas.

Mas antes mesmo de Abel virar candidato no PSG, Luís Campos chegou a entrar na mira do próprio Palmeiras. Em 2021, o técnico palmeirense indicou o amigo para ser diretor de futebol do Alviverde. Luís chegaria credenciado por trabalhos espetaculares em anos anteriores, ajudando Monaco e Lille a revelarem talentos (como Kylian Mbappé) e a desbancarem o PSG na corrida pelo título do Campeonato Francês. O sucesso na Ligue 1, contudo, atraiu olhares do Paris Saint-Germain. E aí são poucos os que conseguem fazer frente em meio aos valores e aspirações oferecidos no Parque dos Príncipes.

Campos foi escolhido por um PSG que já começava a buscar uma mudança de chave em seu status de Globetrotter. O objetivo era diminuir a dependência em relação às grandes estrelas, como Neymar e Messi, e focar na contratação de jovens valores – uma especialidade do português. O problema é que a Champions League, obsessão do Paris, seguiu promovendo fracassos para a equipe estelar e a pressão aumentou consideravelmente sobre as escolhas de Luís Campos. Especialmente a sua opção por Christophe Galtier, com quem havia conquistado o título francês pelo Lille, para o cargo de treinador.

Pensando em 2023/24, o PSG quer dar um passo além no plano de construir um time jovem, capitaneado pelo brilho de Kylian Mbappé. Neymar e Messi, vaiados pela torcida parisiense, têm futuros indefinidos e simbolizam esta espécie de expurgo das estrelas. A situação parece indicar que Luís Campos ainda possa ser o nome certo para administrar o futebol do clube, mas o trabalho de Galtier não agradou. Aí é que entra Abel Ferreira.

Ao contrário de Galtier, Abel manteve a regularidade de levantar grandes troféus mesmo em meio a grande pressão. E construiu o seu sucesso também com o uso de jovens destaques das categorias de base. Guardadas as devidas proporções, é justo dizer que o Palmeiras atual poderia servir de modelo dentro deste novo plano de ação desejado pelo Paris Saint-Germain. E é impossível dissociar o sucesso do Palmeiras do nome de Abel Ferreira. Luís Campos sabe muito bem disso.