A derrota por 4 a 0 para o Internacional , em Porto Alegre, na 11ª rodada do Campeonato Brasileiro 2014 , foi um marco na temporada do Flamengo . Depois da partida, que manteve a equipe na lanterna da competição, o técnico Ney Franco, contratado há poucos meses, perdeu rapidamente seu emprego e a solução encontrada foi um velho conhecido: Vanderlei Luxemburgo . Recheada de desconfiança, a contratação acabou funcionando e, apenas quatro rodadas depois, o rubro-negro deixou a zona de rebaixamento e nunca mais voltou. Permaneceu no meio da tabela e manteve a regularidade até o final. Confira um raio-x da campanha do Fla!
A CAMPANHA
Campeão da Copa do Brasil em 2013 e do Cariocão em 2014, Jayme de Almeida iniciou pela primeira vez o Brasileirão com moral no Flamengo. Mesmo não sendo considerado um técnico de elite, a sua história na Gávea e os títulos recentes pesavam em seu currículo, mas a sua passagem terminou de maneira melancólica, com apenas quatro rodadas. A notícia de sua demissão , após a derrota para o Fluminense no clássico , pegou até o próprio comandante de surpresa e a crise se instaurou no Flamengo.
O sucessor escolhido foi Ney Franco , até então no Vitória, que teria algumas rodadas e depois a pausa na Copa do Mundo para arrumar a casa e melhorar o rendimento do time. A diretoria do Flamengo só não contava que, em sete jogos, o técnico não venceria nenhuma e ainda levaria a equipe ao último lugar. Dois meses depois de assumir, o treinador era demitido e voltaria ao rebaixado Vitória na sequência da competição.
O "acabado" Vanderlei Luxemburgo, que teve uma fraca campanha no Fluminense em 2013, que acabou na zona de rebaixamento, foi readmitido, principalmente por sua identificação conhecida no Flamengo. A chance era de recuperação mútua. E como nos velhos tempos, Luxa foi feliz na correção da equipe e a subida de produção foi rapidamente percebida.
Com menos de uma semana do novo trabalho, o Fla venceu o Botafogo no clássico por 1 a 0 e, no seu quarto jogo, Luxemburgo levou o Flamengo ao 14º lugar, escapando da zona de rebaixamento. A sequência vitoriosa se manteve por cinco jogos e a nova colocação foi alcançada, a melhor até aquele momento, e a Libertadores começou a ser sonhada pelos torcedores. Não pelo treinador. Com um discurso afinado, que se manteve até o final do campeonato, ele afirmou que o objetivo era "sair da confusão", ou seja, abrir uma vantagem para os últimos colocados.
E mais uma vez Vanderlei acertou. Com uma campanha regular, ele manteve a equipe sempre no meio da tabela, sem mostrar forças para aspirar voos mais altos, mas também deixando claro que a equipe não correria mais riscos até o final do Brasileirão. A fuga matemática veio já no final e a equipe chegou ao oitavo lugar, melhor posição do campeonato, mas terminou em décimo, uma ótima posição para um time que, na parte inicial, parecia predestinado a brigar contra o rebaixamento.
O CARA
Vanderlei Luxemburgo é torcedor declarado do Flamengo e tem uma carreira recheada de vitórias e títulos, mas a sua terceira passagem terminou em 2012 com uma demissão logo no início da temporada, principalmente por problemas com Ronaldinho Gaúcho, craque da equipe à época. Depois, os resultados não vieram mais e a sua participação na campanha ruim do Fluminense em 2013 enterrou suas chances no futebol na visão de muitos.
Em tempos de crise, ele foi visto como uma solução rápida, um bombeiro para apagar o incêndio no Flamengo, e acabou se transformando na grande figura da campanha rubro-negra no Brasileirão. Ganhou rapidamente a confiança do grupo e conseguiu a maior sequência de vitórias logo no primeiro turno, que mudou o patamar do time na competição. De Z-4, virou pelotão intermediário.
Sem grandes craques, algumas contratações pontuais também funcionaram, como Héctor Canteros e Everton, que chegou no início do ano, mas só se desenvolveu durante o campeonato. Com o investimento menor da diretoria para controlar as dívidas do clube, Luxemburgo conseguiu tirar praticamente o máximo da equipe.
Garantido para a próxima temporada, ele terá tempo para planejar desde o início do campeonato e pode até traçar uma oportunidade de títulos em 2015. Porém, mesmo sem taças, o ano de 2014 foi importante como mais um recomeço para o consagrado comandante.
A ASCENSÃO DE PAULO VICTOR
Se teve um jogador que foi beneficiado com a chegada de Vanderlei Luxemburgo ao Flamengo, com certeza foi Paulo Victor, Desde 2005 como jogador profissional na Gávea, o goleiro foi importante em diversos momentos, mas sempre ficou na reserva, principalmente para o ex-capitão Bruno e Felipe, então goleiro titular na temporada 2014.
Uma das medidas do técnico foi afastar Felipe, que já não apresentava o melhor rendimento em campo, e apostar no jogador de 27 anos, que agarrou (literalmente) a oportunidade e se transformou em um jogador-chave. Junto com o Flamengo, Paulo Victor também cresceu e terminou o ano como titular incontestável.
Para 2015, o goleiro terá uma temporada diferente. Deixará de ser o reserva para, enfim, assumir a camisa 1 da equipe. Nas graças da torcida, a esperança de conquistar passar pelas mãos do arqueiro.