Raheem Sterling foi um dos maiores destaques do Manchester City na caminhada rumo ao bicampeonato da Premier League. O atacante inglês, de apenas 24 anos, fez 17 gols e terminou a campanha 2018-19 como líder de assistências na equipe treinada por Pep Guardiola: serviu seus companheiros dez vezes ao longo da campanha que o colocou entre os grandes craques. Mas o camisa 7, nascido na Jamaica e criado nos arredores de Londres, também mostrou ser tão craque fora dos gramados por causa de suas atitudes.
Na última terça-feira (21) foram dois exemplos marcantes deste caráter forte na luta contra o racismo. O primeiro deles foi focado no presente: uma matéria feita pelo Bleatcher Report promoveu o encontro do jogador com o jovem Ethan Ross, fã do ponta e que vinha sofrendo com abusos racistas em sua escola. Sterling, que já havia escrito uma carta passando coragem para o garoto, o levou para conhecer as dependências do City e reiterou a mensagem “tenha orgulho de quem você é”. Exemplo de boa representatividade e força, algo raro de se ver em um jogador em seus 20 e poucos anos dentro de um ambiente como o futebol atual.
Horas mais tarde, o jogador eleito como melhor desta Premier League pela associação inglesa de cronistas esteve em um evento que debatia o racismo e defendeu uma opinião forte. Sterling disse que os times deveriam ter nove pontos deduzidos caso seus torcedores entoassem cânticos racistas no estádio: “No futebol você pode ficar preso na rotina de treinos diários e jogos a cada dois ou três dias, então você não tem muito tempo para sair e falar com as pessoas”, afirmou durante evento nesta terça (21).
“Mas com certeza, durante minhas folgas e feriados, se eu conseguir chegar e conversar com a FA (federação inglesa) e as pessoas da Premier League para ver como nós podemos encarar melhor essas coisas no futuro, com certeza estarei em pessoa e vou tentar fazer isso”.
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“Se eu vou a um jogo de futebol e, por exemplo, vou torcer pelo Manchester United eu não quero ser a pessoas que vai prejudicar o meu time ao falar bobagens dentro do estádio. Se você souber que seu time vai perder nove pontos, que podem fazer perder um campeonato, você não vai fazer estes comentários racistas mesmo que você não devesse nem pensar neles”.
Para quem acompanha com maior atenção o futebol inglês, não chega a ser novidade a postura de Sterling. Durante a atual temporada ele sofreu abusos raciais em mais de uma ocasião. E deu a resposta seja com seu clube ou até mesmo com a seleção. Em dezembro de 2018, o atacante foi alvo de discriminações vindas das arquibancadas do Stamford Bridge, estádio do Chelsea, na derrota por 2 a 0 sofrida pelos Citizens. O acontecimento reascendeu o debate em relação ao tema: “Só podia rir, não estou à espera de algo melhor", ironizou o jogador pouco após o acontecido. Meses depois, durante partida entre Inglaterra e Montenegro pelas Eliminatórias da Eurocopa, a torcida local entoou os cânticos criminosos. A resposta desta vez seria mais forte.
Autor de gol e assistência na vitória por 5 a 1, Sterling comemorou um de seus tentos colocando as mãos nos ouvidos. Enfrentou os montenegrinos e depois do apito final ainda foi às suas redes sociais para escrever: “a melhor forma de calar os haters (e, sim, eu quero dizer os racistas)".
Em um futebol cada vez mais engessado nas declarações, e com ídolos que muitas vezes ou falam besteira ou sentem medo de defender o óbvio, Sterling mostra que não está apenas pronto para mudar partidas. Ele quer mudar o mundo da maneira que pode: lutando contra o racismo e encorajando os que enfrentam a mesma batalha. Não caminha apenas para ser um craque, dá passos largos para ser ainda algo além. Um símbolo.


