Quando Neymar sofreu a lesão na coluna que o tirou da Copa do Mundo de 2014, não havia Plano B para a sua ausência. Nos dias anteriores à semifinal contra a Alemanha, diversos nomes, com diferentes características de jogo, foram cogitados e no final das contas Felipão, treinador do Brasil na época, optou pela velocidade de Bernard. Tudo bem improvisado. O resultado, todos sabemos. Para esta Copa América de 2019, entretanto, Tite terá mais tempo para montar a seleção com o desfalque de seu camisa 10 – cortado após ruptura nos ligamentos do tornozelo.
Tempo este que já iniciou na metade do primeiro tempo do amistoso contra o Qatar, assim que Neymar deixou o gramado do estádio Mané Garrincha. Nos cerca de 70 minutos em que precisou pensar na sua equipe sem o jogador “imprescindível”, a escolha do treinador foi por Everton Cebolinha, do Grêmio, que ficou preso na extremidade esquerda, participou bem de algumas ações mas não foi agudo o suficiente: arriscou uma única finalização a gol.
Qual Plano B vira opção principal?

Faltam oito dias para a estreia na Copa América contra a Bolívia, e até lá o amistoso perante Honduras, neste domingo (09), ganha nova importância para Tite ajustar este time pós-Mundial de 2018 sem Neymar. Ciente de que precisará otimizar ao máximo o tempo para montar a sua equipe principal, é possível imaginar Tite mantendo Everton na ponta-esquerda [até porque já utilizou o gremista por ali no amistoso contra a República Tcheca].
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David Neres seria outra opção. Embora tenha entrado na ponta-direita no amistoso contra os tchecos – inclusive dando uma assistência na vitória por 3 a 1 – Neres atuou boa parte desta temporada europeia pelo flanco canhoto. Foi por ali que ajudou o Ajax a chegar nas semifinais da Champions League. Com a convocação de Willian para o lugar de Neymar, a outra opção é colocar o jogador do Chelsea na ponta-esquerda ou também pela direita - no lugar hoje de RIcharlison.
Independentemente da opção, o importante neste caso seria dar cara definitiva de 4-2-3-1 por causa de Philippe Coutinho. O jogador do Barcelona não pode ficar recuado na faixa de meio-campo em um 4-3-3: precisa ficar perto da área, como fez em momentos da vitória por 2 a 0 sobre o Qatar.
Paquetá e mais força no meio-campo?

Se o Brasil perdeu o Plano A, a segunda opção vira a primeira e a terceira agora é a segunda. E, acredite, na teoria a seleção ainda conta com outras opções que podem tirar o máximo da capacidade do elenco. Uma delas seria colocar Philippe Coutinho na ponta-esquerda, onde viveu os melhores momentos de sua carreira, e escalar Lucas Paquetá para compor uma linha de meio-campo ao lado de Casemiro [mais recuado] e Arthur.
Coutinho do Barcelona também não rende seu melhor na Seleção
As variações do time poderiam ficar para um 4-2-3-1, graças às pisadas na área de Paquetá (que no Milan seguiu demonstrando a energia apresentada no Flamengo) ou até mesmo um 4-1-4-1, tendo em Casemiro o jogador mais preso na frente da zaga. Ao mesmo tempo, seria uma opção que resolveria o problema deste time em ter um volante que pise mais na área.

Outra alternativa, muito mais improvável por sua complexidade, seria manter Coutinho na esquerda, mais preso, com Roberto Firmino um pouco mais recuado atrás de Gabriel Jesus em um 4-2-3-1. O atacante do Liverpool, apesar de vestir a camisa 9 em seu time, atuou em vários jogos da caminhada até o título da Champions League voltando para criar e abrindo espaços para quem chegava pelos lados [Salah e Mané].
Protagonismo com quem?
Sem Neymar, Philippe Coutinho e Roberto Firmino são os nomes mais fortes do meio para a frente. E os que, ao longo dos últimos anos, mais demonstraram capacidade para decidir jogos com protagonismo. Algumas das principais opções que Tite terá para montar o seu time terá eles como peças-chave. Mas não resta dúvidas de que, acima de tudo, a estrela principal volta a ser quem mais importa: a camisa amarelinha. Responsabilidade a mais para Tite, que vem pressionado após a queda nas quartas de final do Mundial: se não existe jogador insubstituível, como deve acontecer, a equipe precisa funcionar bem. E vencer.
