Daniel Alves chegou ao São Paulo para vestir a camisa 10, que além de colocar nele o rótulo de referência técnica do time também significou como anúncio extraoficial de que o craque brasileiro, já na história do futebol pelo poder decisivo como lateral/ala-direito, também chegaria para jogar no meio-campo. Esta impressão foi reforçada, naquele 2019, pela contratação do espanhol Juanfran para atuar no flanco destro.
Daniel teve ótimos momentos atuando centralizado no São Paulo, mas esta impressão durou enquanto o time vivia uma boa fase e, ao mesmo tempo, encontrou o máximo de suas críticas quando o Tricolor engatou uma sequência de péssimos resultados que acabou custando à equipe, então treinada por Fernando Diniz e líder do Brasileirão de 2020, o título nacional. Naquele pior momento o conjunto são-paulino mostrava falhas como equipe e também protagonizou erros individuais. O camisa 10 foi um dos tantos a participar de alguns destes deslizes.
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Craques como Daniel Alves costumam ser termômetros de suas equipes, especialmente quando passam a ser protagonistas. Este protagonismo é novidade para o baiano – que atuou a maior parte de sua carreira no Barcelona de Messi, depois foi uma das várias excelentes engrenagens da Juventus antes de atuar por uma temporada no PSG de Neymar e Mbappé. E sendo assim, neste São Paulo agora treinado pelo argentino Hernán Crespo, que faz um de seus melhores inícios de temporada no século XI, Dani Alves é, dentro de campo, um dos retratos deste ótimo momento: em 10 jogos desta campanha 2021 foram oito vitórias e apenas uma derrota.
Sem contar com Igor Vinícius e Orejuela, lesionados, Crespo passou a montar seu time com Daniel Alves na ala direta do seu 3-5-2. Foram três jogos assim: vitória sobre o Palmeiras (Paulistão), sobre o Sporting Cristal (Libertadores) e agora, nesta sexta-feira (23), sobre o Santo André.
No clássico contra o Alviverde, o camisa 10 deu um passe para gol. Teve boa atuação nos 3 a 0 da estreia na Libertadores e agora contra o Santo André, pelo Paulistão, a assistência para o segundo gol encantou: o passe, dado próximo à linha lateral, em jogada que parecia ser como qualquer outra, pegou quatro atletas do time adversário de surpresa até Victor Bueno estufar as redes – João Rojas abriu o placar. Uma das características do craque é encontrar espaços que ninguém mais em campo consegue enxergar.
Foto: Paulo Pinto / saopaulofc.net(Foto: Paulo Pinto / saopaulofc.net)
O ganho de qualidade com Daniel de volta à faixa destra do gramado já havia sido abordada por Crespo: “Acredito que Daniel Alves é um craque. Pode jogar em todas as posições. Nesse momento, a equipe precisa dele na lateral. Está fazendo muito bem. Então, pensamos que pode ficar tranquilamente ali”, disse o treinador argentino após a estreia na Libertadores.
Evidente que Daniel vai render melhor no pedaço do campo onde viveu seus melhores momentos, construindo uma das carreiras mais vitoriosas da história do futebol. Ainda mais tendo menos responsabilidades defensivas. Foi depois do meio-campo, pelo canto direito, no setor mais avançado onde muitos gols são arquitetados, que o baiano se notabilizou como gigante da bola. Mas apenas colocar o camisa 10 na lateral/ala não é garantia de vitórias. Manter esta regularidade de boas exibições, que o time de Crespo vem demonstrando, é essencial. O craque faz a diferença e ganha títulos quando a equipe toda responde satisfatoriamente com regularidade.


