O São Paulo, em meio a quarentena, vê um dos momentos mais traumáticos de sua história voltar à tona: a contratação do meia Ricardinho, maior transferência do futebol brasileiro naquele momento, e a dívida de R$ 30 milhões que ela rendeu aos cofres do Tricolor. Agora, ela finalmente começará a ser paga.
Na época da contratação, acertada em 2002, o meia era o craque do Corinthians, campeão brasileiro de 2001, e fez parte do elenco do Brasil que se sagrou pentacampeão mundial. No entanto, o Timão, endividado, precisava fazer dinheiro e vendeu o jogador a um de seus maiores rivais por cerca de R$ 20 milhões. Hoje, esses valores corrigidos chegam a R$ 57 milhões.
Desta maneira, o São Paulo, que não tinha dinheiro para trazer o atleta, contou com dois investidores - a Res Empreendimentos e Participações, além da Time Traveller Turismo - para viabilizar a contratação. Esses valores seriam pagos com o dinheiro que uma possível venda de Ricardinho renderia ao Tricolor. Não foi bem assim que a história terminou, no entanto.
O clube do Morumbi trouxe o camisa 10 para ser a peça final de um elenco que contava com grandes jogadores como Rogério Ceni, Kaká e Luís Fabiano, entre outros. No entanto, dentro de campo a combinação não deu certo: o meia nunca se deu bem com o resto do elenco, tinha um salário astronômico para a época e não conseguiu praticar um bom futebol.
Em seus 62 jogos com a camisa do São Paulo, o meia só fez quatro gols, uma média muito inferior ao seu período no Corinthians e no Santos. Além disso, o clube, em crise financeira, atrasava salários do elenco, mas continuava pagando os valores astronômicos para Ricardinho. Isso, obviamente, não caiu bem com o resto do grupo.
Na época, Wagner Ribeiro, então empresário de Kaká, pediu em entrevista que os salários dos dois fossem equiparados. Isso já mostra o clima que o meia teve que enfrentar no Tricolor. Após sua saída, ficou pior ainda: o meia foi liberado de maneira gratuita e os valores a serem repassados aos investidos que bancaram sua contratação simplesmente não existiam.
Assim, depois de longa batalha judicial, o São Paulo foi sentenciado a pagar R$ 30 milhões para as duas empresas. O clube chegou a um acerto na justiça com os investidores e, nesta sexta-feira (23), teve o acordo homologado na justiça, segundo informações da UOL Esporte.
Agora, só resta pagar. Ainda de acordo com a publicação, o Tricolor já pagou as duas primeiras parcelas da dívida, que será um ônus nos cofres do clube até 2023. Ou seja: o São Paulo precisará pagar um "salário" mensal de aproximadamente R$ 600 mil para finalmente encerrar um capítulo tão amargo de sua historia.