Mais do que ninguém no mundo do futebol, Ronaldo sabe o que é superação. Sabe que a força interior comanda e que o destino até pode nos surpreender, mas cabe a nos lutar para dar a volta por cima. Nesse sentido, o ex-jogador e atual proprietário do Valladolid decidiu escrever uma carta aos sócios do clube espanhol, em meio à pandemia do novo coronavírus, em que recorda a sua luta para recuperar de uma grave lesão, que muitos diziam que seria o fim de sua carreira. Uma mensagem clara em meio ao período de incerteza e medo.
"O futebol me ensinou muitas coisas. O maior foi a superação. Quando sofri a minha primeira e mais grave lesão no joelho, havia pessoas que me disseram que eu nunca mais voltaria a jogar e nem sequer voltaria a andar. Senti como se tivessem tirando a vida. Foi nesse momento que os meus limites foram testados, e lutei para mudar essas opiniões e mostrar a todos que eu podia fazer o que mais queria. Foram três anos muito difíceis de reabilitação, motivados pelo desejo de sentir tudo o que só podia sentir em campo, com a bola nos pés. No final, chegou o momento, talvez o mais emblemático de toda a minha carreira: em 2002, lá estava eu, no Japão, disputando uma final do Mundial com o Brasil. Marcando dois gols contra a Alemanha. O título de pentacampeão para o meu país; para mim, a consagração do retorno", recordou.
Há 20 anos, a expectativa era alta para o retorno de Ronaldo aos gramados com a camisa da Internazionale. Melhor jogador do mundo por duas vezes nos anos anteriores, o Fenômeno voltava de uma lesão de cinco meses para enfrentar a Lazio na Supercopa da Itália.
No entanto, o sonho virou pesadelo. Após poucos movimentos em campo, a patela de seu joelho saiu do lugar. Depois de mais uma nova cirurgia e tratamento, a redenção veio na Copa do Mundo de 2002. Artilheiro e pentacampeão.
Veja a carta na íntegra:
"Caro associado,
Durante semanas, estive pensando em como entrar em contato contigo nestes momentos delicados de confinamento e más notícias. Finalmente, decidi enviar esta carta, com a qual espero que possa sentir o carinho e a consideração com que a escrevi. Da minha casa para a tua. Da minha família para a tua família.
Estamos separados pela distância física, mas estou convencido de que nunca estivemos tão perto. Empatia é o que nos une agora. O espírito coletivo, responsabilidade, humanidade. Estamos dentro das nossas casas por nós, por aqueles que amamos, por todos os que não conhecemos e por aqueles que não podem mais estar conosco. Ajudamos uns aos outros, aprimorando essa solidariedade de várias maneiras.
Estou escrevendo para te agradecer, ainda mais agora, por transformar a tua casa no lugar. Por transformar cada momento em algo memorável para a tua família. Pela paciência, cautela e otimismo, apesar de todas as dificuldades, desafios e perdas que estamos enfrentando nestes tempos difíceis.
O futebol me ensinou muitas coisas. O maior foi a superação. Quando sofri a minha primeira e mais grave lesão no joelho, havia pessoas que me disseram que eu nunca mais voltaria a jogar e nem sequer voltaria a andar. Senti como se me tivessem tirando a vida. Foi nesse momento que os meus limites foram testados, e lutei para mudar essas opiniões e mostrar a todos que eu podia fazer o que mais queria. Foram três anos muito difíceis de reabilitação, motivados pelo desejo de sentir tudo o que só podia sentir em campo, com a bola nos pés. No final, chegou o momento, talvez o mais emblemático de toda a minha carreira: em 2002, lá estava eu, no Japão, disputando uma final do Mundial com o Brasil. Marcando dois gols contra a Alemanha. O título de pentacampeão para o meu país; para mim, a consagração do retorno.
Tenho certeza de que você também, quando olhar para trás, se lembrará de quantas vezes se levantou, de todas as batalhas e de quantas vezes conseguiu superar, ao longo da vida, tornar possível o impossível e chegar ao ponto em que se encontras.
Se esta carta chega até você hoje, é porque, entre as escolhas da minha vida, uma foi a Pucela. Eu também escolhi. Eu também tenho sido apaixonado. Como tu, estou ansioso pelo regresso à nossa casa. Fecho meus olhos e penso na Zorrilla cheia de torcedores. É a paixão que me emociona. Fora de campo, ainda estou motivado para superar todos os desafios. E pessoalmente, que eu fui atrás de você para esta família, agradeço por estar comigo.
Ânimo. Estamos juntos e sairemos mais fortes disso tudo. Um forte abraço"
