Quando Diego Milito voltou para o Racing em 2014 - depois de ganhar tudo pela Inter de Milão e até ser eleito o melhor jogador da Europa superando Lionel Messi - para se tornar o primeiro jogador a ganhar dois títulos pela Academia em 50 anos, ninguém imaginou que poderia aparecer outro jogador capaz de disputar o trono de idolatria com o "Príncipe". E então chegou Lisandro López.
"Licha". O cara que apareceu no Campeonato Argentino alguns anos depois do título de 2001 para fazer os torcedores acreditarem que sim, que algo podia acontecer depois daquela conquista isolada do início do século, num momento de muita dificuldade financeira. O cara que foi embora sem ser campeão, mas sendo artilheiro do Apertura 2004.
O cara que voltou em meados de 2016 para assumir o lugar deixado por Milito dentro do campo, com o objetivo de pagar essa dívida de poder dar uma volta olímpica. O cara que pareceu que ficaria sem nada depois de duas eliminações na Copa Libertadores e chegou até a cogitar a aposentadoria.
Depois de uma rápida transição em que chegaram a ser companheiros de time, o título do Campeonato Argentino desta temporada, conquistado neste domingo, coloca os dois ídolos em destaque e em papéis de destaque na campanha.
Um deles, Milito, como secretário-técnico e responsável por montar um elenco de primeira, que não deve nada aos gigantes do continente. O outro, Lisandro López, como símbolo, rosto e goleador do elenco comandado por Eduardo Coudet rumo à glória depois de quatro anos e meio.
Se o título do Argentino de 2014 foi de Milito, o de agora, sem dúvidas, foi de Lisandro. Hoje, os torcedores do Racing comemoram uma nova volta olímpica, mas também celebram o capitão: todos o viram se emocionar e derramar lágrimas nas últimas rodadas, todos sentiram como suas as palavras do atacante cada vez que ele admitia ter uma dívida na carreira, que era conquistar algo pelo clube que o viu nascer.
Foi assim que o próprio técnico do Racing definiu logo depois da conquista do título: "Se tinha alguém que merecia esse título era o Licha, por tudo que deu a esse clube e a essa camisa".
Quem é mais ídolo entre os dois? Impossível responder. No Cilindro, há tanto camisas com o número 22 como com o número 15 nas costas. Se alguém se arriscar a contar, boa sorte.


