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Javier Tebas LaLigaGoal

Presidente de LaLiga ironiza planos de Superliga Europeia: "Clandestina e inviável"

O presidente de LaLiga, Javier Tebas, analisou detalhadamente o possível novo torneio europeu de clubes, a Superliga. Em entrevista exclusiva à Goal, o espanhol afirma que o campeonato seria "clandestino e inviável" e diz considerar a competição como prejudicial para a indústria do futebol. Sobre esta questão, também criticou a postura de Josep Maria Bartomeu, ex-presidente do Barcelona, e Florentino Pérez, mandatário do Real Madrid.

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Confira a entrevista na íntegra a seguir.

Goal: Por que a Superliga dos clubes pode arruinar o futebol?

Javier Tebas: A tal da Superliga é clandestina. Só vi um presidente, Bartomeu, falar sobre isso por dez segundos. Se realmente houvesse dez ou 12 clubes querendo a Superliga, eles diriam isso e seria público. É tudo clandestino, escondido e "conversa de bar". Não há oficialidade. Não me consta. A Superliga é inviável. Quem diz que isso é viável é que não conhece bem o ramo do futebol, por mais bom empresário que seja. Não conhece o campo econômico e jurídico de tudo isso. Fala-se em entrar mais de um bilhão de euros ou quinhentos por temporada, mas esses 20 clubes já estão em outras ligas e geram mais dinheiro em suas ligas. A questão é: eles vão de um lugar para outro? Eles vão colocar dinheiro em risco?

Pois é, mas fala-se até num modelo de financiamento dessa Superliga...

Eles falam sobre CVC Capital Partners, falam sobre JP Morgan... Eles falam sobre muitas coisas, mas a realidade é que com seis bilhões de euros eles não garantem nem a metade do primeiro ano. Para fazer um projeto que os grandes clubes fiquem tranquilos, um fundo teria que garantir três ou quatro anos, porque da noite para o dia eles poderiam ficar sem renda. São quantidades inatingíveis, não podem ser garantidas. Estaríamos falando de 30 bilhões e não há instituição financeira que queira financiar uma competição, porque estariam financiando uma guerra. Guerra com a Fifa, com a Uefa... Impossível. É impossível conseguir uma nova competição sem o consenso desses organismos, uma grande confusão seria organizada. Já falavam que em 2022 haveria uma Superliga. Como vai ser? É impossível. É inviável comercialmente. A Superliga é um projeto perfeito para ir à falência, enfrentar a torcida e enfrentar as autoridades do futebol.

Josep María Bartomeu, ex-presidente do Barcelona, ​​falou em entrar na Superliga no dia em que renunciou. Você acredita que o novo presidente do Barça e sua diretoria não se juntarão a este projeto da Superliga e terá uma reviravolta?

O Barcelona pertence a um órgão como a LaLiga e a minha obrigação como presidente da Liga é dizer aos seus representantes: 'Sabia que isso prejudicaria o produto? O que disse o seu presidente na entrevista coletiva?' Ele me disse que 'isso é um rascunho, uma declaração de intenções'... A realidade é muito menos do que está escrito nos papéis. Se alguém se sentar para analisá-los, saberá que é impraticável. Aquilo do Bartomeu foi uma saída para desviar seu pior dia como presidente. No dia em que ele teve que sair, para não dizer que foi expulso, ele queria desviar a atenção. É a coisa mais lamentável que ele fez como presidente.

Neste projeto da Superliga existem dois nomes. Um é de Andrea Agnelli, presidente da Juventus e da ECA (Associação de Clubes Europeus); o outro é Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, que há anos sonha com tal competição. A LaLiga espera um passo à frente de ambos?

Não posso revelar do que estou falando com o Andrea Agnelli, mas ele não está atrás disso na Superliga. Ele estava por trás de uma reforma e um projeto de reforma das competições da Uefa, mas os clubes da Europa não concordaram e esse projeto morreu. Ele deve tentar fazer a Serie A Italiana crescer. Em minhas conversas com Agnelli, discutimos isso. 'Para que você vai fazer uma Superliga? Madrid e Barça continuariam a receber mais do que você. Você terá que fazer uma liga italiana melhor para poder receber mais, você deve fortalecer a Serie A'. A Superliga não o deixará mais competitivo. E Florentino Pérez? Dizem que é ele quem está por trás de tudo isso, mas é sempre uma questão clandestina, por isso não posso saber. Eu sinto que ele gosta desse tipo de projeto. Ele é um grande empresário da construção e um grande dirigente do Real Madrid como clube, mas não entende as grandes competições e a Superliga e não entende o que isso iria gerar. É um empresário privilegiado, mas não o considero privilegiado neste sentido porque não está interpretando os efeitos negativos que a Superliga teria no seu clube, o que poderia levar à sua ruína.

Existe uma preocupação em arrecadar mais dinheiro? Não existe uma certa “cegueira” nos clubes?

Eu converso com muitas pessoas. Falo com Miguel Ángel Gil, falo com Andrea Agnelli, por exemplo, e todos estão preocupados, mas não os vejo cegados pela questão da cobrança de impostos. A forma de gerar mais recursos não é a Superliga. Os dois primeiros anos não são um fracasso, mas arruinariam as ligas nacionais, que são as que geraram e estão gerando. Engana-se quem pensa que a Superliga é compatível com as ligas nacionais, seja Florentino Pérez ou seja quem for.

Além do Real Madrid e do Barcelona, ​​qual é a posição dos clubes de futebol espanhóis sobre a Superliga?

A maioria dos clubes espanhóis, incluindo o Atlético de Madrid, são contra a Superliga. Numa análise mais ampla, Real Madrid e Barcelona também devem ser contra. A LaLiga é formada por 42 clubes e eles devem agir de forma legal com a instituição. Você não pode estar na Superliga e na LaLiga. Aqui estão 40 clubes contra a Superliga e se Real Madrid e Barça raciocinassem bem, eles seriam contra a Superliga. Tenho certeza.

Fala-se muito do papel dos ingleses, do papel do Liverpool e do Manchester United...

Fala-se muito do 'Big Six', mas é tudo clandestino. Quando oficialmente, foi realizada uma assembleia dos clubes ingleses e foi tomada uma decisão. Tenho contatos com os maiores clubes ingleses e eles são contra a Superliga. Eles têm a melhor competição e se este modelo Premier funciona, se este modelo Champions está funcionando, por que temos que mudar? Isso seria um risco. Não podemos entrar em guerra por causa desse conceito. Os ingleses são a maior potência econômica do futebol e não querem a Superliga. Também se falou do fundo CVC para a Superliga e a verdade é que isso não existe. Se eu quiser fazer uma Superliga, eu venho, eu saio e digo. A questão é que se eles fazem isso clandestinamente, não estão convencidos de criar essa competição.

Você se refere à Superliga como um projeto clandestino, mas o que começa a ganhar corpo é o projeto da Uefa de reformar a Liga dos Campeões e criar um novo formato...

Estou em contato constante e diário com a Uefa. Não podíamos permitir que fosse apresentado um projeto de reforma que prejudicasse as ligas nacionais. A Uefa está agora trabalhando num projeco diferente, mas que respeita o que as grandes ligas querem. Haverá alguma pergunta de que não gosto, mas não viola a natureza das ligas, é preciso respeitar o calendário, a filosofia de cada liga, o número de participantes e, nesse sentido, a Uefa está a conceber um novo conceito de competição. Será necessário esclarecer quais clubes poderão acessar, quais listas de acesso haverá, é muito importante que todos os clubes tenham esperança de poder jogar campeões. Trata-se de não alterar as linhas vermelhas e embora haja posições que não posso contar aqui, a Uefa está a trilhar um caminho diferente, está a falar com as grandes ligas e está à procura de uma forma de melhorar. Sou a favor de não mudar, mas se a Uefa quiser fazer uma reforma, pode fazer um produto competitivo.

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