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Copa do Brasil 2019 Sorteio primeira fase 13122018Lucas Figueiredo/CBF

Por que a Copa do Brasil foi criada só em 1989?

Header Tauan Ambrosio

A edição 2019 da Copa do Brasil terá início às 21h30 desta terça-feira (05), no duelo entre River do Piauí e Fluminense. O segundo maior torneio em importância do nosso país é, na verdade, o que mais paga aos seus clubes: nesta temporada as premiações poderão chegar até a R$ 70 milhões, sendo que apenas a final terá um peso de R$ 52 milhões – valores maiores em relação ao ano passado. O curioso é que o nascimento do ‘torneio mais democrático’ do nosso futebol tinha aspirações menores.

É impossível falar em Copa do Brasil sem citar a eleição de Ricardo Teixeira para a presidência da CBF, há exatos 30 anos. O rótulo de sogro de João Havelange, então presidente da FIFA, era o seu grande trunfo. Mas até ser eleito, o mineiro de Carlos Chagas não fez questão de esconder o lobby em meio às federações para que fosse alçado à cadeira principal do futebol brasileiro. Teixeira subiu ao posto em 16 de janeiro e o novo torneio teve o seu pontapé inicial em 19 de julho daquele mesmo ano de 1989.

Mas por que o Brasil demorou tanto para ter a sua Copa nacional? A comparação com a Copa da Inglaterra, torneio mais antigo ainda disputado hoje (a FA Cup), evidentemente é desmedida. Entretanto, a Italia teve a sua Coppa em 1922 – pouco antes da oficialização do profissionalismo – enquanto a Alemanha criou a sua em 1935, muito antes dos campeonatos regionais se juntarem na criação da Bundesliga atual. A resposta para a pergunta deste parágrafo, entretanto, não é tão simples.

Em primeiro lugar porque desde a criação da Taça Brasil, que nasceu como a máxima competição entre clubes brasileiros em 1959, todas as edições do nosso Brasileirão tiveram caráter eliminatório, ao contrário do que era comum nas ligas nacionais europeias. Pontos corridos, por aqui, só em alguns estaduais – que sempre mudaram muito a sua fórmula de disputa. Ou seja: não era necessário criar um torneio para ocupar um vácuo que não existia por uma ausência de ‘mata-matas’.

Ricardo Teixeira former CBF president 2011Getty ImagesTeixeira ficou 23 anos no comando da CBF, mais do que todos seus antecessores  (Foto: Getty Images)

Só que em 1989 o máximo campeão brasileiro ainda era decidido em torneios de mata-mata (mesmo apesar dos diferentes nomes e formatos), uma realidade que mudou apenas em 2003 com o início da Série A em pontos corridos. Mas o que explica aí a criação da Copa do Brasil é a politicagem. Em meio ao lobby por votos, Teixeira viu na criação de um novo torneio a oportunidade para trazer apoio. A sua Copa do Brasil, segundo torneio nacional em importância, iniciou com 32 participantes (22 campeões estaduais e outros 10 vices), e o grande prêmio - além do título em si - era uma vaga para a Libertadores, o que agradou especialmente dirigentes das federações mais afastadas do grande centro – animados com a oportunidade de enfrentar os principais emblemas esportivos do país.

Henrique campeão Corinthians Cruzeiro Copa do Brasil final volta 17102018AFP/GettyEm 2018, Cruzeiro recebeu cerca de R$ 62 milhões de premiação (Foto:Nelson Almeida/AFP/Getty Images)

Quando o Grêmio ganhou a primeira edição, com final disputada em setembro, pouco mais de um mês após a primeira partida, o ânimo era do tamanho da dúvida em relação ao futuro da competição. Mas a disputa tornou-se um sucesso, alavancado também pela obsessão que os brasileiros voltaram a ter com a Libertadores após o bicampeonato do São Paulo em 92-93. Já em 1995, a politicagem fez o torneio saltar de 32 para 36 times e a conta não parou de aumentar até chegar aos 91 participantes de 2018. Mas ali a competição já estava com o seu sucesso garantido e Teixeira havia renunciado ao seu mandato em 2012 (em meio a escândalos de corrupção). Em meio a tantos erros, a sua primeira criação ao menos mostrou-se um acerto.

Hoje, a Copa do Brasil tem um peso diferente ao que se pensava em seu nascimento. Cresceu em importância, no significado ao ser hoje o único mata-mata a nível nacional e dá uma premiação em dinheiro superior ao do Brasileirão. Ainda é o segundo torneio em importância por causa de seu status e tradição, mas financeiramente é o maior prêmio que um clube brasileiro pode embolsar no final de cada temporada. E dinheiro no futebol moderno é quase tão importante quanto bola na rede.

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