A presença de Pedro na última lista de Tite antes da convocação para a Copa do Mundo de 2022 teve ares de último capítulo de novela: após o interesse inicial seguido por grande dose de drama, houve final feliz e casamento entre as partes. Um roteiro que, embora já esperado por quem acompanhasse futebol e seguisse as falas do técnico do Brasil (como faz aquela pessoa noveleira que lê o resumo do que vai acontecer nos episódios da semana na TV), traz consigo novidades importantíssimas para o futuro da seleção a meses da Copa do Mundo no Qatar.
A admiração de Tite pelo atacante era conhecida desde os tempos em que Pedro jogava no Fluminense, quando foi convocado para a seleção brasileira em agosto de 2018 mas viu uma grave lesão no joelho adiar o sonho de vestir a camisa canarinho. De lá pra cá foi do Brasil para a Europa e de lá de volta a terras brasileiras. A partir de 2020 brilhou, desta vez pelo Flamengo, e voltou a encantar Tite. Chegou a ter uma tímida convocação para rodada de Eliminatórias, alguns poucos minutos contra a Venezuela, mas a condição de reserva do seu time era uma pedra no sonhado caminho para a equipe canarinho.
Nem para a seleção olímpica Pedro conseguiu ir em 2021, em episódio que gerou rusgas com o Flamengo pela não-liberação de seu jogador para uma competição fora da alçada da FIFA. Foi o momento de maior dramaticidade desta história. Mas 2022 chegou junto com a oportunidade que Pedro tanto ansiava: enfim virou titular do Flamengo e simbolizou, mais do que qualquer outro jogador, a mudança do nível de sua equipe a partir da chegada de Dorival Júnior para comandar o Rubro-Negro ao longo da temporada. Fez gols de cabeça, dando um só toque na bola e até de bicicleta. Ajudou a criar outras tantas oportunidades para seus companheiros e vê com favoritismo os títulos de Libertadores e Copa do Brasil no horizonte – além de sonhar também com o Brasileirão.
Foi este cenário que motivou apelos Brasil afora, e não apenas de torcedores do Flamengo, pela convocação de Pedro antes da Copa do Mundo. E Tite, de braços abertos, não se negou a fazer a vontade do povo. Afinal de contas, além da admiração constante que todos sabíamos existir dele em relação ao atacante, Pedro é dono de características que o treinador não encontrou em outros selecionáveis que já conseguiu testar. É o centroavante enfiado na área, referência de gol mas também bom de bola, que pode ajudar o Brasil contra as equipes mais retrancadas que uma Copa do Mundo pode oferecer.
E, claro, Pedro tem jogado muita bola e enfileirado gols.
O mérito estava todo construído: admiração já conhecida, titularidade que lhe deu tempo de jogo em seu clube, características únicas dentro do cardápio da seleção brasileira... e muita bola na rede. O nome de Pedro saiu da boca de Tite, na convocação para os amistosos contra Gana e Tunísia, como uma cerimônia de casamento em final de novela. Agora, como acontece nas grades televisivas, uma nova história está prestes a começar. Esperamos que Pedro ajude o Brasil para a principal missão de 2022: ajudar a seleção a conquistar mais uma Copa do Mundo.
Pedro não foi a grande surpresa na penúltima lista de convocados de Tite antes do Mundial do Qatar, mas foi a melhor novidade.
