Por Bruno Guedes - @brguedes
A Era Jorge Jesus teve início no Flamengo no dia 20 de junho. Com exatos 25 dias de treinos até a sua primeira partida oficial, contra o Athletico-PR, em 10 de julho, o português fez treinos em dois períodos - manhã e tarde. Auxiliado por sua comissão técnica, teve 26 jogadores à disposição.
Ele é rígido com horários, as práticas começam sempre às 10h pela manhã e duram cerca de duas horas e meia. Às 15h, começam os da tarde e duram cerca de uma hora e meia. Acompanhando pessoalmente cada parte do dia, pela manhã Jesus sempre inicia com a ativação na academia - como é chamada a prática no jargão futebolístico - com o preparador físico Mário Monteiro. Durante cerca de 50 minutos, os jogadores focam na resistência e na força, importantes para o combate às lesões.
Vale ressaltar que ainda não há esboço de time ou tática. O foco é a assimilação das suas ideias e metodologias, principalmente a busca pela intensidade com e sem a bola. O técnico tem exigido muito o senso de coletivo e a posse.
Treinamentos: foco na parte técnica e na intensidade
Antes de cada treino no gramado, Jorge Jesus e sua comissão utilizam o carrinho tático - onde há uma prancheta acoplada - para orientações por 15 minutos sobre o que vão fazer, quais as funções de cada treinamento e o que querem dos jogadores. Após corridas em volta do campo, o grupo fez nos primeiros dias aprimoramentos técnicos com o assistente João de Deus e o preparador Thiago Oliveira por cerca de 40 minutos. É uma fase menos conceitual.
Mostrando suas metodologias, Jorge Jesus aplicou os chamados "rondos" em dois dias. São exercícios que ficaram famosos por causa do Guardiola e a seleção da Espanha na década passada. No Brasil, há uma versão um pouco mais rudimentar que o inspirou, o popular "bobinho". Durante essa parte que um drone foi visto no primeiro dia. Ele é utilizado para gravações e fotografias, que depois são usadas nas correções de posicionamento e posturas em campo.
O objetivo é manter a posse da bola, mas desenvolvendo os passes rápidos sob pressão e buscando opções para dar sequência às jogadas. Quem tenta recuperá-la tem que quebrar as linhas de passe e rapidamente reagir. É importantíssimo para o "jogo de posição", em que os atletas se movem a todo instante nos jogos e que o treinador pretende implantar.
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Foram divididos dois grupos de dez jogadores, com quatro em cada equipe e dois "coringas" no meio, que jogavam sempre com quem tinha a bola. Apenas eles poderiam dar mais de dois toques numa área pequena e limitada. Durante cerca de 30 minutos, o técnico pediu que "pensassem o jogo" e a todo instante gritou para que "pressionassem" após cada perda da posse.
Outros exercícios foram com foco na parte técnica. Por meio de mini circuitos que precisam percorrer, jogadores revezaram a troca de passes com no máximo dois toques. A prática visa aprimorar o fundamento, senso de posicionamento e reação. esus foi direto nessa parte: "Passou e desmarcou, vai embora. Mais rápido!".
Um treino que intercalou técnico e tático foi o que busca o desenvolvimento das posições com passe e posse. Jogadores se movimentavam com reações forçadas por obstáculos e toques curtos e médios. Além de ajustar a habilidade em si, o atleta pratica o deslocamento para dar opções a quem tem a bola.
É possível notar a preocupação com a intensidade e posse. Uma busca constante das suas equipes. Segundo apuramos, o ritmo tem agradado aos jogadores. O treinamento tem exigido muito, porém motivado por conta das novas ideias. Durante esta segunda semana Jorge Jesus deve lançar seus treinos mais táticos e já divididos por setores.
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Bruno Guedes é músico, apaixonado por futebol e beisebol. Brasiliense por certidão e carioca de coração, acredita no futebol brasileiro e tem Romário como o maior jogador que viu dentro das quatro linhas. |



