Bin Salman NewcastleGetty

O que é sportswashing e o que ele tem a ver com o futebol e a compra do Newcastle?

O Newcastle, tradicional clube inglês, foi vendido para um fundo de investimentos público, pertencente à família real da Arábia Saudita, e retomou um debate cada vez mais presente no futebol - e no esporte em geral -: o sportswashing. Neste cenário, o investimento é apenas uma máscara usada pelo governo.

Apesar de bem vista por grande parte da torcida, a venda do Newcastle ao fundo saudita teve repercussão negativa em cenário mundial, ainda mais com os ativistas de direitos humanos. Isso porque, Mohammed bin Salman, príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, uma figura controversa, está sendo acusado de usar o investimento no clube para melhorar sua imagem perante o mundo.

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Isso, nada mais é do que o chamado sportswashing. Por definição, o conceito, criado por organizações de direitos humanos e formado pela combinação das palavras em inglês esporte e lavagem, é o uso do esporte como forma de apagar - ou esconder - ações que governos não querem que sejam conhecidos pelo resto do mundo. Ou seja, investindo no mundo do futebol, bin Salman estaria mascarando os problemas humanitários e de direitos humanos que acontecem na Arábia Saudita.

A intenção do príncipe fica ainda mais clara quando retomamos o ambicioso 'Visão 2030', apresentado por ele mesmo em 2016. O plano tem como objetivo reduzir a dependência da Arábia Saudita do petróleo, diversificar a economia e desenvolver setores como saúde, educação, infraestrutura, recreação e turismo, de forma a sobreviver na nova ordem internacional. Mas, para isso, é preciso mudar a imagem de país rígido, religioso e conservador que os acompanha.

Líder de um regime opressor - principalmente em relação a mulheres e membros da comunidade LGBTQIA+ - e com diversos problemas de direitos humanos - como censura, execuções etc -, o príncipe achou, então, no esporte, uma forma de mudar as atenções dos efeitos negativos da Arabia Saudita. Sediar grandes eventos e investir em esporte são duas ações chave nesta mudança de imagem.

"No contexto do 'Visão 2030' da Arábia Saudita, o príncipe Mohammed bin Salman está produzindo cada vez mais eventos de entretenimento e esporte, uma aparente tentativa de sportswash sua reputação de violador dos direitos humanos usando eventos de grande escala, com ambientes altamente controlados, para mostrar uma face progressista do reino", escreveu Minky Worden, diretora de iniciativas da Human Rights Watch, em texto publicado em dezembro de 2019.

Outros casos do esporte também são exemplos bastante conhecidos do sportswashing. Os investimentos árabes no Manchester City e qataris no Paris Saint-Germain entram no mesmo espectro que o caso do Newcastle, enquanto Copas do Mundo - com destaque para Rússia 2018 e Qatar 2022 -, GPs de Fórmulas 1 e Olimpíadas também são usados por outras nações para melhorar sua imagem internacional. 

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