Em meio à disputa para se manter na Premier League, o Brighton surpreendeu a Inglaterra ao conseguir chegar nas semifinais da FA Cup, a Copa da Inglaterra. Neste sábado (06), no caminho para chegar apenas em sua segunda final (foi vice em 1983) a esperança dos Seagulls é em reeditar o duelo bíblico entre Davi e Golias. Afinal de contas, do outro lado estará o Manchester City treinado por Pep Guardiola, o “melhor time da Inglaterra” na opinião de Bernardo.
O brasileiro faz a sua primeira temporada na Inglaterra após duas temporadas no RB Leipzig, onde chegou após ascender nas equipes RedBull do Brasil e Áustria. Na Inglaterra, o polivalente defensor de 23 anos buscou um desafio para provar o seu talento e talvez até mesmo seguir os passos de um conterrâneo que também chegou a uma equipe modesta, pronto para mostrar sua qualidade: a ascensão de Richarlison do Watford para o Everton e de lá para a Seleção serve de inspiração para o defensor, que ao longo da carreira ‘quebrou galho’ de volante, lateral-direito e zagueiro até encontrar no flanco esquerdo a sua posição.
Na lateral-esquerda, tornou-se o jogador do Brighton que tem o melhor aproveitamento em desarme (68%) na Premier League e viveu o que ele próprio definiu como “momento mais icônico da carreira” nas quartas de final, quando a sua equipe se recuperou de uma derrota por 2 a 0 contra o Milwall, empatou e carimbou a vaga para a semifinal do torneio mais antigo e tradicional ainda em atividade no futebol mundial. Abaixo, confira como foi a conversa.
Expectativa para o jogo contra o Manchester City
“Difícil, né? Vamos ver, mas será um grande jogo de qualquer forma (...) É muito claro que nós somos os azarões. Acho que talvez muita gente esperasse que não chegássemos às semifinais, mas se for ver os jogos que fizemos na competição, realmente superamos as expectativas. O último jogo, contra o Milwall, para mim talvez tenha sido o jogo mais icônico da minha carreira, porque a gente tomou 2 a 0 e fomos empatar aos 90’. Então tudo pode acontecer no futebol, por isso é um esporte que as pessoas gostam tanto. É onde o imponderável sempre pode acontecer”.
“E nessa partida pode acontecer o mesmo. O favoritismo é todo deles, não temos favoritismo nenhum, podemos jogar mais relaxados, soltos. Para os fãs já é uma grande festa, poderem ir à Wembley depois de mais de 30 anos, então a expectativa é de fazer um bom jogo, aproveitar o momento e ver o que vai acontecer”.
Na lateral-esquerda, você pode enfrentar Sterling, Bernardo Silva, De Bruyne... o que espera destes duelos individuais contra o City?
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“É difícil, né? São muitas boas opções no time deles. A gente tem um estudo, recebemos as informações todas bem mastigadinhas, temos duas reuniões antes do jogo – um dia antes e no dia do jogo, no hotel – e temos tablets que ficam no café da manhã, você pode acessar ali o aplicativo e escolher ali o jogador que você quiser analisar. É lógico que eu dou uma olhada e tal, mas nem preciso muito, porque assisto aos jogos do City com frequência. São jogos que me interessam, é o melhor time da Inglaterra, acho que não há muita dúvida”.
“Cada um tem uma característica diferente. Um é mais técnico, como o Bernardo Silva, o outro é mais rápido, como Sterling, o outro é mais criativo, como o De Bruyne. Tem que estar preparado para tudo (risos), mas é difícil se preparar. Eu fico feliz, não tenho medo, nenhum tipo de apreensão de enfrentar esses jogadores. Eu vim para cá para me destacar, para provar que posso ser um dos melhores defensores, e nada é melhor do que enfrentar esses jogadores. Então pra mim é uma grande motivação. Como eu disse, a pressão é toda deles, eles que precisam fazer algo a mais. Estou muito tranquilo. Tem que estar preparado para um pouco de cada coisa”.
Já se imaginou campeão da FA Cup?
“Eu penso passo a passo. Muitas vezes quando você visualiza algo, as coisas tendem a acontecer para você. Eu já visualizei nós vencendo o City, por exemplo. Mas acho que a final é um passo um pouco mais adiante, um passe difícil. Isso eu ainda não imaginei não, mas ganhar do Manchester City é lógico que já imaginei, já visualizei, porque acho que é importante porque atrai boas energias”.
Importância de jogar na Premier League e sonho de Seleção
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“O que me levou a assinar com o Brighton foi o projeto do time. É um time que tem uma ambição muito grande de fazer um bom trabalho, não igual ao Leipzig, porque na Alemanha o Leipzig tem um poder financeiro, que comparado a outros times, exceção ao Bayern e talvez Borussia Dortmund, é muito mais alto. Mas é um clube muito bem estruturado, o Brighton. O nosso centro de treinamento é um dos melhores da Inglaterra”.
Eu tenho os meus objetivos individuais, de chegar, não agora, mais para a frente, de jogar em grandes clubes e na Seleção Brasileira. E acho que a Premier League é a melhor liga do mundo também por causa disso. Para você conquistar os seus objetivos em outras equipes você precisa estar jogando em times de ponta, ponta mesmo: tradicional, que briga por título, numa liga Top. Acho que o Leipzig não tinha e vai demorar um pouco a ter este rótulo. Na Premier League, não. Quem está aqui, é porque tem qualidade.
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Você vê o caso do Richarlison, por exemplo, que ano passado estava aqui no Watford, time que aqui fica no meio de tabela, às vezes luta contra o rebaixamento e ele já vinha sendo especulado na Seleção. Então foram esses os motivos principais que me levaram a mudar de time”.