
Na última temporada da Champions League, o Liverpool foi a grande sensação até o vice-campeonato e terminou a campanha europeia com o melhor ataque. Fez um total de 41 gols, sendo 73% deles através do trio ofensivo formado por Sadio Mané, Roberto Firmino e Mohamed Salah: cada um balançou as redes dez vezes. A trinca aparecia como a melhor do mundo, mas o desempenho espetacular não vem sendo repetido em 2018-19.
Isso ficou evidenciado na quarta-feira (28), com a derrota por 2 a 1 para o PSG, na França, em duelo válido pela penúltima rodada da fase de grupos da Champions League - que deixou os ingleses em situação dramática para conseguir a classificação para as oitavas de final. No próximo dia 11 de dezembro, os Reds receberão o Napoli, líder da chave, e têm a obrigação de vencer. Qualquer resultado diferente elimina a equipe de Jurgen Klopp.
A queda de rendimento do Liverpool em relação ao ano passado está especialmente na Champions League, já que no Campeonato Inglês os Reds somam, hoje, dez pontos a mais do que haviam feito após 13 rodadas em 2017, quando ocupavam a sexta colocação com 23 pontos. Na atual temporada o time de Klopp é vice-líder e disputa o título com um Manchester City que segue espetacular no âmbito doméstico.
Evidente, também, que ter caído no “grupo da morte” da Champions tornou as coisas mais difíceis. A competição com Paris Saint-Germain e Napoli não seria nada fácil, ainda que os ingleses fossem considerados favoritos. É possível, entretanto, atrelar a queda de rendimento do Liverpool a um desempenho menos espetacular de sua trinca de ataque. Ainda mais quando comparamos os números de Roberto Firmino e, especialmente, Mohamed Salah em relação a 2017-18.
Isso porque Sadio Mané – autor do gol na final perdida contra o Real Madrid e que sofreu o pênalti convertido por Milner, na derrota por 2 a 1 para o PSG – manteve os 7 gols marcados após seus 18 primeiros jogos. No entanto, Firmino diminuiu de 9 tentos nos primeiros 19 duelos para 5 e Salah caiu de 14, no mesmo número de partidas, para 9. Não são números ruins (Cristiano Ronaldo, por exemplo, fez 10 gols em 17 jogos na Juventus), o problema está no desempenho fora de casa.
Getty ImagesMané vem mantendo o número de gols... Salah, não (Foto: Getty Images)
E longe de Anfield, Salah é quem vem sentindo o maior peso. Se na última temporada o egípcio dividiu igualmente os 14 gols marcados em seus primeiros 19 compromissos, no calendário 2018-19 apenas dois de seus 9 tentos foram anotados como visitante. Nenhum deles na Champions League, onde pela primeira vez em sua história o Liverpool perdeu todas as três partidas fora de casa na fase de grupos. Levando em consideração os favoritos para o título europeu, o desempenho ofensivo do time treinado por Klopp, como visitante, também é o pior: somente um gol.
DERROTA DECISIVA CONDICIONA A NARRATIVA
Também é importante destacar que se o Liverpool tivesse vencido o PSG na última quarta (28), você não estaria lendo este texto. Vale destacar que os parisienses fizeram a sua melhor exibição na temporada, demonstrando uma performance completa em todos os aspectos importantes no futebol: foram diretos e efetivos, com aplicação tática perfeita no 4-4-2 de muitas alternativas (que segundo Thiago Silva disse ao Esporte Interativo foi treinado, pela primeira vez, na manhã daquela quarta) e defesa forte, com incrível entrega de atletas extremamente capacitados tecnicamente. E ainda teve um show à parte da torcida parisiense.
Qualquer equipe do mundo teria dificuldades contra o PSG – que além dos craques ainda vê Thomas Tuchel fazendo excelente trabalho como técnico. O problema do Liverpool em sua incapacidade para ganhar fora de casa nesta Champions foi a derrota por 2 a 0 para o Estrela Vermelha, patinho feio do Grupo C. A equipe mais frágil foi a que ganhou pela maior margem dos Reds (considerando jogos competitivos da temporada). Por isso, os dois gols de diferença também podem passar a impressão de um relaxamento na partida realizada em Belgrado, onde o ponto parecia mais certo de ser conquistado.
A sorte do Liverpool está no fato de decidir o seu destino justamente onde é mais forte: a sua casa. Na entrevista coletiva de Klopp, o alemão reconheceu que a atmosfera especial de Anfield pode decidir os rumos do Liverpool nesta Champions League. O que pode animar o fanático torcedor dos Reds é que, até aqui, o desempenho de Salah (que, justiça seja feita, dificilmente vai igualar a temporada passada) no estádio mítico da cidade dos Beatles é idêntico ao de um ano atrás: 7 gols diante de seus torcedores.




