Cristiano Ronaldo Portugal Morocco Marrocos 10 12 2022Getty Images

Legado de Cristiano Ronaldo na Copa do Mundo foi fazer Portugal sonhar

A derrota por 1 a 0 para o Marrocos, pelas quartas de final da Copa do Mundo de 2022, marcou o último jogo de Cristiano Ronaldo no torneio. A despedida, que já era esperada, foi confirmada pelo craque de 37 anos em mensagem publicada nas suas redes sociais. A frase que encerra o texto escrito pelo maior artilheiro do futebol de seleções (“Agora, é esperar que o tempo seja bom conselheiro e permita que cada um tire as suas conclusões”) invoca a discussão sobre o seu legado na competição. A resposta ao questionamento de CR7 talvez esteja na palavra mais vezes repetidas em sua carta de adeus ao Mundial: sonho.

Antes de Cristiano Ronaldo, a seleção portuguesa só havia sido minimamente cogitada como possível campeã do mundo em 1966, no que ainda é sua melhor campanha em Copas: o terceiro lugar na edição realizada na Inglaterra, quando os lusos, em sua primeira empreitada em Mundiais, tinham em Eusébio o seu grande craque e caíram apenas nas semifinais para os ingleses. Entre aquele momento de 1966 e a estreia de um ainda jovem Cristiano em Copas do Mundo, 2006, Portugal participou de somente duas das nove edições do maior dos torneios de futebol. Sempre sem avançar da fase de grupos, aparecendo apenas como mais um país em meio a tantos outros participantes.

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Em 2006, com um Cristiano Ronaldo que ainda não detinha completamente o status de protagonista do time (a camisa 7 ainda era vestida por um então já veterano Luís Figo), Portugal começava a se dar a chance de sonhar. Mas falar em título ainda era visto como algo muito distante, uma ilusão de torcedor que só poderia ser compreendida como tal. Os lusos disputaram, desde então, todas as edições de Copas do Mundo. Cristiano Ronaldo fez gol em todas elas, estabelecendo um recorde, mas foi apenas a partir da edição de 2018 que os portugueses começaram a ser realmente considerados como candidatos ao título: vinham de uma conquista na Euro de 2016 e com um número cada vez maior de grandes jogadores à sua disposição. Cristiano não estava mais tão sozinho.

João Félix Cristiano Ronaldo Portugal Morocco Marrocos 11 12 2022Getty Images

Tamanho foi o número de grandes jogadores portugueses revelados em meio ao envelhecimento de Cristiano Ronaldo, que para 2022 o debate sobre a sua titularidade já deixava de soar como um absurdo. E assim foi feito a partir das oitavas de final do Mundial do Qatar, com CR7 no banco de reservas e o time sem sentir isso – mostrando, especialmente na goleada por 6 a 1 sobre a Suíça, que poderia ser até mesmo melhor sem a versão de 37 anos de seu grande craque. Mas aí veio a eliminação para o Marrocos, a grande surpresa do torneio, uma derrota por 1 a 0 cujo gol também ficou marcado pela falha do goleiro Diogo Costa.

“Ganhar um Mundial por Portugal era o maior e mais ambicioso sonho da minha carreira (...) Infelizmente, ontem o sonho acabou”, escreveu Cristiano. O sonho de ser campeão mundial com a seleção portuguesa pode ter acabado para CR7, mas o sonho de ver Portugal levantando o troféu futuramente segue vivo através de uma geração de talentos interessantes. A partir de Cristiano Ronaldo, os lusos passaram a sonhar com o título de Copa do Mundo sem que isso fosse loucura ou apenas um sonho de uma noite de verão. O legado de Cristiano em Mundiais é, além dos gols, ter sido, justamente, o catalizador deste sonho.

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