A inexperiência em Copas do Mundo foi um dos temas recorrentes no início da tarde de terça-feira (22), na Granja Comary. Tudo isso porque, aproveitando a presença de Taffarel na entrevista coletiva, o tema abordado foi justamente esse em relação aos goleiros: Alisson, Ederson e Cássio disputarão um Mundial pela primeira vez.
Coincidências do destino, Taffarel era o titular do Brasil na última vez que isso aconteceu: em 1990, quando o então arqueiro do Internacional fez companhia a Zé Carlos (Flamengo) e Acácio (Vasco). Todos em situações parecidas às dos atuais postulantes à vaga sob a baliza: se naquela época a média de idade de quem calçava as luvas era 27.6, a atual é de 26.7.
Só que isso não parece importar muito sob dois aspectos: afinal de contas, ainda que fosse melhorar muito mais em 1994 e 1998, Taffarel já demonstrava um bom desempenho naquela Seleção que não deixou muitas saudades no torneio realizado na Itália. Ele vai passar essa experiência para Alisson, Ederson e Cássio... que embora não tenham ainda disputado uma Copa já demonstraram, cada um à sua maneira, nível de maturidade e personalidade suficientes para terem confiança de todos: Tite e seu staff, analistas, jornalistas e torcedores.
Isso não é algo que se mantém apenas sob as traves. Com o corte de Dani Alves, nenhum jogador na lista dos 23 soma mais de 100 jogos vestindo a camisa Canarinho. Talvez alguns possam acreditar em alguma inexperiência do grupo de jogadores para um torneio tão importante quanto uma Copa do Mundo.
... mas isso é apenas olhar a metade mais vazia do copo.
Porque também existe o lado mais cheio, e exemplos não faltam para notar isso. A começar na própria média de idade dos jogadores que irão para a Rússia: 28.1, ligeiramente inferior aos das últimas três Copas do Mundo e a menor desde a conquista do Penta em 2002 – 26.8 na média. Considerada até um pouco alta, se a análise cair mais para o lado extremo (o que não é o caso aqui).
Antes da Copa de 2002, apenas Cafu tinha mais de 100 jogos pela Seleção (Foto:Getty Images)
No torneio sediado na Ásia, alias, o time de Felipão tinha apenas um atleta com mais de 100 partidas disputadas: Cafu [111 jogos], lateral-direito assim como Dani Alves... e capitão, como provavelmente o baiano seria na Rússia.
Isso explica o tamanho da ausência de Dani Alves, seja na liderança ou importância histórica com o nosso selecionado. Mas o grupo de Tite conta com jogadores experientes e acostumados a vencer: a grande maioria já conquistou taças importantes por clubes grandes.
E também tem Neymar, que entrou em campo para treino físico com bola nesta terça. Vale lembrar que o camisa 10 assumiu, aos 22 anos, a responsabilidade de ser a referência do Brasil em 2014, em meio à toda uma pressão por estarmos em casa.
Getty ImagesEm 2014, Neymar fazia um grande Mundial mesmo aos 22 anos (Foto: Getty Images)
Equipes campeãs do Mundo tinham média de idade menor à atual
Por isso, experiência – ou falta dela - não está necessariamente na idade. Neymar provou ser capaz e experiente para ganhar jogos, e apesar do temperamento difícil fez uma Copa espetacular até Zuñiga o tirar de ação em 2014. Os jogadores brasileiros fazem temporadas excelentes em seus clubes por assumirem responsabilidades, e responderem à altura dentro do gramado.
Se o Brasil não voltar com o título mundial, ou até mesmo não conseguir fazer uma boa campanha, o motivo dificilmente será alguma falta de experiência.