Pep Guardiola não é um símbolo do Barcelona apenas pelos inúmeros títulos conquistados na época de jogador e, de forma ainda mais brilhante, como treinador. O atual técnico do Manchester City é um símbolo catalão, e não esconde a sua defesa pela independência da região em relação à Espanha.
O tema é recorrente para Guardiola, que foi até mesmo punido pela federação inglesa por ter usado um laço amarelo – em defesa à causa catalã – enquanto trabalhava. E mesmo longe do Barça, o treinador acredita que o clube precisa aparecer como um aliado mais forte na campanha pró-Independência.
“É claro que o Barcelona precisa desempenhar um papel importante neste processo. É impossível entender o Barcelona sem saber o que aconteceu com a Catalunha no passado”, afirmou ao Marca.
“É impossível, mas eu entendo que às vezes você está na cúpula, ou é o presidente, estando no poder, e isso significa que é preciso administrar a situação. Às vezes isso não é fácil, mas não dá para negar que o Barcelona é muito importante para a identificação de nosso idioma e cultura”.
Getty ImagesBandeira catalã nas costas de uma torcedora (Foto: Getty Images)
“Por que figuras públicas não podem se envolver nisso, quando as pessoas ligam o esporte à política? Anos atrás, em Valencia, Guus Hiddink, que é um dos maiores treinadores da história, interrompeu um jogo depois de ter visto uma bandeira nazista entre os torcedores”, relembrou.
“Ele disse que se aquelas bandeiras com as suásticas não fossem removidas, então o time não jogaria”, lembrou. “Evidente que ele usou o seu poder, mas quando é feito para este tipo de coisa é algo muito bom”.
Perguntado sobre como seria uma liga espanhola sem o Barcelona, Guardiola manteve os pés no chão e disse que esta é uma questão secundária.
“Acho que a última das preocupações é se o Barcelona vai jogar na liga espanhola ou não. Se a sociedade tomar uma decisão, uma solução será encontrada. No final das contas, o que for decidido no referendo vai determinar a forma para as pessoas viverem melhor ou não. Mas eu não tenho essa resposta”.
Social MediaImagens fortes no referendo catalão de 2017 (Foto: Getty Images)
Vale lembrar que a última consulta pública sobre a independência da Catalunha, em outubro de 2017, terminou em violência por parte da polícia e prisão dos organizadores do referendo, declarado como ilegal pelo governo central de Madri.