Os gols, e muito deles decisivos, como os dois que deram ao Flamengo o título da Copa Libertadores da América depois de 35 anos de jejum, e a dedicação transformaram Gabigol em um herói para a torcida rubro-negra. Mas os feitos do atleta têm ultrapassado as barreiras do clube e atingido crianças dentro e fora do país, como visto na última quarta-feira (04), em Barranquilla, na Colômbia.
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Ao deixar o gramado rumo ao vestiário, depois do aquecimento, Gabigol emocionou o público no estádio ao presentear um pequeno colombiano que foi aos prantos ao receber a camisa do atacante.
Reprodução/SporTVAo término da partida, outro garoto invadiu o gramado e correu para abraçar o ídolo, que prontamente o recebeu e também o presentou com a camisa e as chuteiras que utilizou na estreia do Flamengo na Copa Libertadores. O gesto viralizou na América do Sul.
As taças e os gols pelo Flamengo são requisitos importantes para explicar o que tem acontecido com Gabigol, mas a construção do ídolo vai muito além disso: passa por uma série de fatores, desde o sucesso no campo a aprender a se comunicar com o público e entender o papel que pode exercer dentro do esporte.
"Quando ele foi para o Flamengo, ele foi como uma figura representativa, um jogador de peso, que tem nome, conceito de marca. Mas até então era um jogador que não tinha mostrado nada no Flamengo, foi construindo dentro de campo esse anel e aos poucos fomos direcionando junto com ele um modelo que conseguisse difundir a marca dele. Foi um envolvimento de conceitos que ele tem que lidar com situações, momentos, entregas, relações sociais, como foi com a comemoração de linguagem de sinais, dando voz aos surdos, dando voz às causas, porque o futebol consegue fazer isso, dar voz a quem não tem. E ele tem conseguido entregar isso", explica Júnior Pedroso, sócio da agência 4COMM, responsável pela gestão de carreira de Gabigol
"A gente está tentando vincular a uma grande causa para ele conseguir dar voz. Recebemos muitos pedidos de ajuda, de pessoas com necessidades e, às vezes, não dá para atender todo mundo, então estamos tentando buscar causas, como uma campanha com potencial mais engajado".
Os penteados diferentes, as comemorações e as interações com as crianças, seja nos estádios ou nas redes sociais, são algo natural de Gabigol, mas potencializado por quem cuida da sua carreira, como uma ação feita no ano passado, quando o atleta interagiu e incentivou crianças que desenhavam a sua caricatura.
"Isso faz parte de um estreitamento que a gente tem com as crianças e a construção do personagem do Maurício de Souza [Gabigol vai virar um personagem de história em quadrinhos]. Devem vir outras coisas. A marca dele começa a virar produto, hoje ele representa uma força, uma marca que tem força para licenciar produtos, de copos a gente passa a expandir para uma série de coisas. Ele tinha um copinho e hoje ele passa a ter uma gama de produtos que vai de mochila, chinelo, relógio... tem uma série de coisas que estão sendo negociadas", revelou Júnior Pedroso.
(Logo da marca Gabigol foi desenvolvido e remente a sua comemoração, olhando para o "gol" o G o L são os braços levantados quando o atleta balança as redes)
Todo o trabalho desenvolvido em cima do camisa 9 tem muita participação do atleta, que mesmo com 23 anos mostra experiência neste quesito. Desde garoto, o atacante teve que conviver com a pressão de ser chamado de "Gabigol" e quase abriu mão do apelido que melhor reflete seu momento no futebol.
"Tem muito da consciência que ele adquiriu, é um atleta precoce. É um menino de 23 anos que passou por muitas experiências desde a época em que o Neymar saiu do Santos. Ele sempre foi alvo de tudo, tinha que resolver pelo apelido. Uma época ele quis tirar, achava que pesava contra, mas ele entendeu que era importante manter a marca, fez parte da construção, e o pai dele, que é super consciente, é uma figura muito importante", afirma Júnior Pedroso.
Com toda uma carreira pela frente, cada passo de Gabigol precisa ser muito bem pensado, como a decisão de permanecer no Flamengo, mesmo com propostas para retornar ao Velho Continente. Segundo Júnior Pedroso, o atacante optou pela permanência por representar uma grande força capaz de o ajudar em objetivos grandes.
Alexandre Vidal / CRF"Decidir ficar passa também pela força que a bandeira Flamengo ganhou durante o ano passado, temos que entender que o Flamengo virou um time acima de muitos times europeus, competitivo, organizado, com força financeira. Isso vem de encontro: o que o Flamengo se tornou e a relação que o Gabriel viveu durante todo o ano passado. Tinha oportunidades na Inglaterra ou na Alemanha, avançaram muito forte, no meio de tudo ele optou por ficar, entendeu que era o melhor caminho, por representar uma força, a possibilidade de se tornar ídolo em um país que está tão carente de ídolos, de boas referências. Ele entendeu a possibilidade de voltar para a seleção brasileira, a oportunidade de conquistar títulos novamente, considerando o Mundial, como objetivo de disputar novamente e ganhar".
Se desde o início da temporada Gabigol tem que se notabilizado pelas cenas ao lado da criançada fora de campo, dentro dele o atacante mostra estar em forma: já são nove gols em oito jogos, assistências e muitas participações em bolas na rede dos companheiros.
"Eu tenho que dar créditos para a família que está presente, o pai dele, sempre preocupado em tudo, em manter o bem estar, desde buscar um imóvel que atendesse bem a ele e ao treinamento dele. Ele treina três, quatro horas fora do horário do Flamengo. Tem o Fabinho, que cuida de toda a estrutura dele, desde logística até compras de casa, o que ele vai comer. Tem o Alex Evangelista, fisiologista, que o ajuda nos regenerativos e em toda a parte de recuperação fora do campo. Ele ainda tem uma cozinheira muito boa, que atende as necessidades dele, enfim, toda uma cadeia fundamental para que você consiga criar esse Gabriel que a gente almeja, que entre em campo e ajude o time, faça gols, dê assistências, contribuindo com os gols."