O Flamengo bateu o Ceará por 3 a 0 no último domingo (26) e aproveitou a derrapada do Santos contra o Fortaleza para terminar a 16ª rodada do Campeonato Brasileiro na liderança. Dentro do Castelão, a vitória dos cariocas não surpreendeu. Afinal de contas, o Vozão jamais obteve um triunfo em casa sobre o Rubro-Negro na história dos Brasileirões (5 derrotas e 3 empates). O importante, contudo, foi a forma como o Flamengo alcançou os três pontos: com futebol envolvente, tirando o máximo da boa qualidade dos jogadores que tem. A cereja no bolo foi o golaço de bicicleta marcado por Arrascaeta, que finalizou o placar já nos acréscimos.
O “Mais Querido” chegou aos mesmos 33 pontos do Santos, mas leva a melhor no saldo: embora tenha apenas a sétima defesa menos vazada, tendo sofrido até mesmo um gol a mais do que o Peixe (18 a 17), possui o ataque mais poderoso da competição. O Flamengo estufou as redes 35 vezes, uma distância considerável na comparação com o segundo colocado nesta lista, justamente a equipe da Vila Belmiro – que soma 28 tentos. A veia goleadora, que ganhou mais força desde a chegada de Jorge Jesus para substituir Abel Braga no comando do clube, é um dos tantos elementos que demonstram como o Rubro-Negro enfim atingiu, dentro de campo, a expectativa sobre o seu potencial.
Melhor ataque e atacantes do Brasil
Alexandre Vidal / FlamengoGabigol, o maior artilheiro do Brasil em 2019 (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)
Bola na rede ajuda a explicar o momento excelente deste Flamengo, que vem conseguindo grandes resultados sem deixar de encantar. Além do bom futebol em equipe, é algo também explicado nas opções individuais que o elenco dispõe. Se é difícil entender com palavras, veja o segundo gol marcado sobre o Ceará: embora tenha tido menos posse de bola no jogo como um todo [49%], o lance que terminou com Gabigol estufando as redes de Diogo Silva mostrou uma troca de passes que durou pouco mais de um minuto. Dez jogadores se conectaram até a rede ser estufada – apenas Gerson não tocou na bola.
Troca de passes até o segundo gol sobre o Ceará (Imagem: Opta Sports)
Foi o 12º gol marcado pelo camisa 9, artilheiro isolado desta Série A. Gabigol também é o maior goleador do Brasil em 2019, com 25 tentos em seu nome. Mas não é apenas ele. Neste Campeonato Brasileiro, o Flamengo ainda tem Bruno Henrique e Arrascaeta na briga pela vice-artilharia, ambos com sete bolas nas redes. O uruguaio, que acabou como protagonista da vitória sobre o Ceará por causa do golaço de bicicleta, também possui o melhor aproveitamento em finalizações certas em todo o certame e a maior taxa de conversão de arremates em gols (75% de suas tentativas seguem na direção certa e 35% deles terminam no fundo das redes). Arrascaeta é, também, o líder de assistências do Brasileirão [6].
Defesa que também decide
CR FlamengoPablo Marí entrou bem na zaga do Fla (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)
Embora seja um time que ainda briga para não sofrer tantos gols (desde a chegada de Jorge Jesus, em média o Fla concede um por jogo), os jogadores de defesa vão dando cada vez mais segurança. O zagueiro Pablo Marí, autor do primeiro gol sobre o Ceará, vem demonstrando grande evolução – apesar de uma falha que por pouco não resultou em gol dias antes, contra o Internacional, pela Libertadores. Rodrigo Caio, titular na zaga desde o início do ano, virou referência e inclusive voltou a ser pedido na seleção brasileira.
A partida contra o Ceará teve um contexto ligeiramente parecido ao da derrota por 3 a 0 para o Bahia, mas desta vez Jorge Jesus conseguiu armar uma equipe mais segura defensivamente, para explorar, também, os espaços que apareceriam nas investidas do adversário. Como o Vozão teve mais a bola no pé, era preciso recuperá-la. Renê, na lateral-esquerda, foi destaque neste sentido, demonstrando que é uma excelente opção quando Filipe Luís, titular, não estiver em campo.
Grandes opções no elenco
Esta, aliás, é uma das grandes armas deste Flamengo: contar não apenas com onze jogadores de qualidade. Com uma das maiores arrecadações do país, o Rubro-Negro hoje se colocou como um dos maiores compradores de talento da América do Sul. E isso acaba, cedo ou tarde, fazendo a diferença. Berrío, por exemplo, desta vez foi titular e deu duas assistências contra o Ceará.
A mão do treinador
Alexandre Vidal / Flamengo(Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)
É claro que este resultado aparece mais rápido quando um técnico entende o que fazer com o que têm à sua disposição. Jorge Jesus entendeu perfeitamente isso: vem tirando o máximo de seu elenco, melhorando jogadores e demonstrando uma grande paleta de variações na forma de montar o time: em 12 jogos, por diferentes circunstâncias, ainda não repetiu uma escalação e já “desenhou” o Flamengo de diversas formas. Contra o Ceará, por exemplo, o time atuou em um 4-1-4-1, mas já entrou em campo em 4-2-3-1 e 4-1-3-2.
Estádio sempre cheio
(Foto: Gilvan Souza/Flamengo)
Além de todo o trabalho dentro do gramado, o fator extracampo também vem decidindo. Assim como em 2018, o Flamengo lidera de forma isolada o quadro de médias de público no futebol brasileiro: 48.469 torcedores, aproximadamente, estão presentes nas partidas realizadas dentro do Maracanã: é um dos melhores números até mesmo na comparação com a era de ouro do clube, a de Zico e companhia.
O Flamengo chegou: não está na ponta da tabela do Brasileirão ou próximo de alcançar a semifinal da Libertadores porque “deixaram”. Falta, agora, traduzir toda essa superioridade citada ao longo deste texto em títulos, e faz muito tempo que o torcedor rubro-negro, otimista por natureza, não vê tantos motivos para acreditar que eles virão.
Find out how to get people to take a survey. Please take my survey now