Diego Ribas Flamengo Botafogo Copa do Brasil 23082017Pedro Martins/Mowa Press

Feliz nos EUA, Ibson relembra ajuda de Felipe, histórias no Fla e revela provocação a esposa botafoguense

O futebol nos Estados Unidos tem atraido o interesse de vários jogadores com currículo vitorioso. Planejamento, objetivo de transformar o esporte no país em uma potência e, claro, a tranquilidade de uma vida americana são motivos mais do que suficientes para chamar à atenção de atletas "cascudos" como no caso de Ibson, meia revelado nas categorias de base do Flamengo e com passagens por Porto, Santos, Corinthians Spartak entre outros clubes.  

Aos 33 anos e bem satisfeito com a vida que leva na cidade de Minnesota, onde defende o Minnesota United, clube da Major Soccer League, Ibson comemora a oportunidade de estar mais presente no dia a dia dos filhos e afirma que no momento não pensa em voltar ao futebol brasileiro.

"A vida aqui é bem bacana, tranquila, estou podendo curtir um pouco mais a minha esposa, meus filhos, a gente joga mais ou menos uma vez por semana. Eu posso levar o meu filho no futebol, a minha filha na ginástica, isso é bem proveitoso. No momento, não penso em voltar, tenho esse ano de contrato e mais dois anos de opção. Além de não ter pressão, aqui você consegue ir ao Shopping, sair na rua, as pessoas respeitam mais a sua privacidade. Por isso você vê os jogadores com 32, 33, a maioria vem para cá, para poder viver um pouco".

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Ibson Minnesota United FCIbson Minnesota United FC / Divulgação (Foto: Minnesota United FC / Divulgação)

Agora cidadão americano, ele recebeu o green card do clube e não consta mais como estrangeiro na liga, Ibson só vai ao Brasil para curtir as férias e aproveitar o verão, que coincinde com o inverno gelado da cidade em que vive. 

Mas mesmo distante, ele não deixa de acompanhar o Flamengo, clube no qual foi revelado e não esconde o enorme carinho que sente. 

"Eu acompanhei a classificação na Copa do Brasil, até brinquei com a minha esposa porque ela é botafoguense, sempre que dá a gente vê, a gente acompanha. Agora, eu espero que o Flamengo seja campeão, vai ser um grande jogo contra o Cruzeiro, que também tem um time muito bom".

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(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo / Divulgação)

Ibson chegou ao Flamengo em 1992, aos 9 anos de idade, de cara, assistiu o título brasileiro daquele ano e desde então foi preparado para honrar o ditado que diz "craque o Flamengo faz em casa". 

Sempre se destacando nas categorias de base, ele apareceu entre os profissionais pela primeira vez em 2003, mas foi em 2004 que teve sequência e se transformou em peça importante para a equipe ainda que para isso, tivesse que lutar contra dificuldades financeiras, não só de sua família como também do Flamengo.

"Eu peguei uma fase no Flamengo que na base a gente ficou muito tempo sem receber e quando fui para o profissional a gente passou por muita dificuldade. De dois, três meses de salário atrasado, mas você está vestindo a camisa do Flamengo, você esquece isso, sempre tive orgulho em defender, carinho muito grande pela trocida, pelas pessoas que ainda estão lá. A gente acaba deixando isso de lado, a gente vê o Flamengo como está agora e fica feliz, eu espero que continue assim por muitos anos".

GFX Ibson sobre Felipe

O anjo Felipe na vida de Ibson

Em meio a crise financeira do clube e as dificuldades que encontrou no início de sua carreira, Felipe, companheiro e já consagrado na época, foi muito importante para Ibson.

"Ele tinha o dinheiro, a gente não tinha, ele é um cara sensacional. Ele apostava comigo, se eu fizesse gols, a cada três gols que eu fizesse ele me pagava um almoço, não só eu, como outros no elenco", relembrou.

"O Diego(goleiro) e eu, saíamos de São Gonçalo para concentrar para o jogo, meiu pai deixou a gente lá e foi embora, mas no mesmo dia teve uma reunião e resolveram que ninguém ia concentrar(por problemas financeiros). Eu virei pro Diego e falei 'como a gente vai voltar para São Gonçalo de ônibus?', o Felipe me emprestou o carro dele e foi embora de taxi, eu fiquei até brincando, ele tinha um Audi A3 na época, fui buscar minha esposa, que na época era minha noiva, na faculdade, depois fiquei andando por São Gonçalo e devolvi com o tanque vazio, ele nem reclamou", comentou em tom descontraído.

Felipe - Flamengo 2004 body
(Foto: Reproduão Internet)

Ibson não escondeu o carinho que sente por Felipe, relembrou outro momento em que o ex-jogador lhe ajudou e falou dos conselhos que recebia do craque.

"Ele sempre disse 'eu sou o Felipe, eu posso  você não pode', igual aquele ditado do pai com o filho, o pai pode o filho não. Muitos falavam que ele era rebelde, mas era totalmente o aposto, ele dava bons conselhos. Uma vez, estava com o consorcio do meu carro atraso, estava sem receber salário e chamei ele para conversar, pedi emprestado o dinheiro e ele me emprestou. Ele também sempre levava a gente, que morava longe, pra almoçar na casa dele".

Gratidão e carinho por Abel Braga

Além de Felipe, Ibson fez questão de lembrar outra pessoa importante na sua carreira. O técnico Abel Braga, responsável por sua sequência como profissional no Flamengo.

Abel Braga Fluminense Atletico-PR Brasileirao Serie A 06062017
(Foto: Nelson Perez / Fluminense / Divulgação)

"Abel é um exemplo para todo mundo, fiquei bastante triste com o acontecido com ele. É um cara sensacional, sincero, sempre gostou de trabalhar com os jovens, ele me deu oportunidade de jogar, ele me bancou, é um cara que tenho um carinho muita grande também".

Gol sobre o São Paulo na arrancada de 2007

Em 2005, Ibson foi negociado com o Porto e retornou ao Flamengo em 2007, para comandar uma campanha onde o time saiu da zona de rebaixamento para o terceiro lugar conquistando uma vaga na Libertadores do ano seguinte. Um dos jogos mais emblemáticos dessa campanha, foi o duelo contra o São Paulo, no Maracanã. Na ocasião, líder do torneio e quase imbatível, o Tricolor Paulista perdeu com um gol do meia que incendiu as arquibancadas.

Ibson Flamengo 2007Getty Images
(Foto: Getty Images)

"Eu e o Roger estávamos machucados e o treinador acabou optando por um ou outro, porque não dava para jogar os dois. Eu lembro bem da bola pro Souza, acho que ele foi tocar de volta aí a bola acabou sobrando na frente, e o Rogérioestava saindo do gol, eu acabei tocando por cima e marcando o gol. Foi a nossa arrancada, lembro que quando voltei ao Flamengo estavamos em penúltimo e acabamos o Campeonato em terceiro. E olha, aquele time ali, se tivesse mais campeonato, se tivesse mais jogos acredito que a gente brigaria pelo título".

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