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Reinaldo ChapecoenseAlexandre Loureiro/Getty Images

Exclusivo: Reinaldo e a missão de colocar um sorriso no meio das lágrimas


GOALEnviado Especial

Chapecó - SC


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A emoção de ver seu time surpreender e superar todas as expectativas, mostrando um bom futebol dentro de campo e lutando por todas as bolas como se fosse a última. Ver todo o esforço ser premiado com uma final inédita e espetacular e a chance de conquistar um título épico, gigante e inesquecível. Esse é dos maiores orgulhos e das mais intensas alegrias que um torcedor e amante do futebol pode ter.

Por isso, a dor de ver a linda história ser interrompida em 29 de novembro de 2016 foi tão grande, principalmente para os torcedores da Chapecoense, que perderam quase todos os seus guerreiros na tragédia do voo 2933 da LaMia.

As lágrimas tomaram o lugar dos sorrisos.

O mundo chorou as 71 mortes e as imagens de torcedores da Chape chorando e sentindo a pior dor que se pode sentir rodaram o planeta. Como acontece nos momentos de perda, é inevitável o medo de não conseguir seguir em frente, de como a vida será e de se iremos conseguir sorrir de novo.

Arena Conda homenagens Chapecoense 30112016Getty Images(Foto: DOUGLAS MAGNO/AFP/Getty Images)

Por isso, a missão dos escolhidos para a reconstrução da Chapecoense não era nada fácil. Além de substituir alguns dos melhores jogadores da história do clube, que jamais serão esquecidos e vinham escrevendo uma história linda, repleta de feitos incríveis e tornando a Chape conhecida em todo o mundo, ainda existia a responsabilidade de voltar a colocar um sorriso no rosto dos torcedores enquanto todos ainda choram a perda de seus ídolos. E tudo isso fora a pressão já natural do futebol brasileiro por resultados rápidos.

No entanto, eles conseguiram honrar os que se foram, mantendo a Chape em seu patamar em 2017. Como em 2016, o Verdão termina a temporada campeão estadual e garantido na Série A do Campeonato Brasileiro de 2018, além de ter feito boas campanhas continentais.

Ainda que no meio das lágrimas, os sorrisos voltaram.

Reinaldo Rossi Chapecoense Nacional Copa LibertadoresNELSON ALMEIDA/AFP/Getty Images(Foto: NELSON ALMEIDA/AFP/Getty Images)

E uma das peças vitais nesta história foi Reinaldo, que no ano de reconstrução da Chapecoense, também se reconstruiu. Contestado e em baixa na carreira, o lateral-esquerdo chegou sem muita moral no Oeste catarinense, mas logo se tornou titular absoluto, fundamental no Verdão e um dos melhores da posição no futebol brasileiro em 2017. Foi de Reinaldo, inclusive, o primeiro gol da Chape na história da Libertadores, na vitória por 2 a 1 sobre o Zulia, na Venezuela.

Não à toa, muitos clubes sonham em contratar o lateral e já demonstraram interesse em contar com o seu futebol em 2018.

Reinaldo Chapecoense Nacional Copa LibertadoresCristiano Andujar/Getty Images

Em entrevista exclusiva à Goal Brasil, Reinaldo falou sobre o ano de reconstrução da Chape, escolheu seus momentos favoritos e mais emocionantes em 2017, comentou seu futuro e, várias vezes, repetiu uma frase: "os torcedores estão voltando a sorrir". Confira:

Como tem sido esse ano de reconstrução na Chape?

"Tem sido um ano maravilhoso. Não só para a Chape, mas para todos os jogadores que estão representando a Chape. Fazer esse torcedor sorrir mais uma vez é maravilhoso. Conseguimos ser campeões catarinenses, passamos de fase dentro de campo na Libertadores e tivemos altos e baixos no Brasileiro, mas conseguimos uma arrancada na reta final e nos livramos do rebaixamento."

Como foi receber o convite para defender a Chapecoense? O que passou pela sua cabeça?

"Um desafio. Quando o Rui Costa (diretor executivo do Verdão) falou com o meu empresário, eu falei que aceitava esse desafio na minha carreira e na minha vida, e tenho certeza que fiz uma escolha boa. A Chape também fez uma escolha boa, porque eu tenho sempre dar o meu melhor e tenho conseguido manter uma regularidade neste ano. Tenho certeza que foi bom pra mim e pra Chape. Está sendo maravilhoso este ano e os torcedores estão voltando a sorrir."

Reinaldo Chapecoense Zulia Copa LibertadoresCristiano Andujar/Getty Images

Se você pudesse escolher um momento especial neste ano, qual seria?

"O meu primeiro gol na Libertadores, que foi o primeiro gol da Chape na competição também. Também foi muito emocionante o Rafael Henzel narrando o lance. Foi um momento muito marcante na minha vida, que levarei para sempre."

A gente nota que a Chape é um clube diferente em relação aos outros clubes, com uma atmosfera diferente. Você concorda? O que a Chape tem de diferente?

"É um clube família. Não é só o Reinaldo e os outros jogadores que estão aqui, mas toda a família. As esposas e os filhos também vivem o clube. O carinho que a gente recebe na cidade ao jantar e sair para fazer outras coisas é muito grande. É um time e uma cidade diferente, que acolhe muito quem chega. Foi um desafio muito bom e o carinho dos torcedores ajuda muito."

O que foi fundamental para a Chape viver esse bom ano?

"O fato de todo mundo ter o mesmo pensamento e se dedicar ao máximo para ajudar a Chape. Todos nós queríamos fazer os torcedores voltarem a sorrir. A gente também, sem esquecer de tudo o que aconteceu, fizemos um pacto de ter alegria no vestiário, porque futebol sem alegria não existe. Eu sou muito tímido na frente das câmeras, mas no vestiário com meus companheiros, eu brinco bastante, faço piada e me divirto, porque é um momento único. A gente não sabe se vai estar junto amanhã ou no ano que vem e por isso eu tento aproveitar ao máximo os momentos com meus companheiros no vestiário e nas concentrações. E a gente procura ter essa alegria mas sem perder o respeito, é claro. A gente sabe a hora de falar sério e a hora de brincar."

Reinaldo Rossi Chapecoense Nacional Copa LibertadoresCristiano Andujar/Getty Images(Fotos: Cristiano Andujar/Getty Images)

Qual o momento mais especial e marcante na temporada?

"O momento em que fomos para os pênaltis contra o time da Argentina (Defensa y Justicia, na segunda fase da Copa Sul-americana), e o Jandrei pegou dois pênaltis. Passou um filme na minha cabeça, porque eu assisti na TV os que se foram fazendo a mesma coisa. A gente não conseguiu chegar onde eles chegaram na Sul-americana, mas esse momento foi muito marcante pra mim, porque o Jandrei pegando dois pênaltis me lembrou muito o Danilo (que pegou quatro, no ano anterior, contra o Independiente, nas oitavas de final). Esse momento vai ficar para sempre na minha memória."

Quais os seus sonhos para a sequência da carreira?

"Quero jogar na Seleção Brasileira e na Europa. Ainda tenho esse sonho, quero chegar nesse patamar e tenho certeza que com o meu trabalho e a minha humildade eu vou chegar lá e conquistar meus objetivos. É manter o foco e a humildade."

Chegou alguma proposta de algum clube? Você fica na Chape ou vai para outro time em 2018?

"Eu não sei, de verdade. O Rui (Costa, diretor executivo do clube) e o Maninho (Plínio David de Nês Filho, presidente) ficam conversando entre eles e os clubes, e para mim, ninguém passou nada. Eu fico focado em defender o meu clube e dar o meu máximo. Em 2018, o que for melhor pra mim e para a Chape, para o São Paulo, para o meu empresário e para todos, é o que vai acontecer. Agora é esperar. Se for aqui, no São Paulo ou em outro clube, é manter o foco e trabalhar sempre dando o máximo."

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