Por Fernando H. Ahuvia e Rodrigo Hoschett
Gols, assistências, velocidade nas arrancadas, dribles desconcertantes, visão de jogo refinada, boa finalização... A primeira temporada de Bruno Henrique com a camisa do Santos superou todas as expectativas e desconfianças. Em janeiro, os R$ 13,5 milhões desembolsados para tirar o jogador do Wolfsburg, da Alemanha, chamaram a atenção por conta de o negócio ter sido responsável pelo maior investimento da gestão do presidente Modesto Roma Júnior. No fim de 2017, porém, os números que impressionam são outros.
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Principal jogador de linha do Peixe no ano, o camisa 27 correspondeu com sobra às expectativas. Foi o artilheiro da equipe em 2017, com 18 gols, sendo oito deles no Brasileirão, onde foi o segundo maior garçom de toda a competição, com 11 assistências, atrás apenas de Gustavo Scarpa, e o terceiro com mais participações diretas em tentos (19), sendo superado apenas pelos artilheiros Henrique Dourado (20) e Jô (21). Por tudo isso, nada mais justo para ele, então, do que encerrar a temporada com o Prêmio Goal Brasil como um dos melhores atacantes do principal campeonato do país.
“Isso mostra o fruto do trabalho. Graças a Deus, feliz pelo meu momento, por tudo que fiz desde quando vim para o Santos. Cheguei com desconfiança, contratação mais cara do Modesto, falaram muita coisa fora de campo a meu respeito, mas procurei focar no meu trabalho, porque sabia que poderia dar resultado”, declarou Bruno Henrique à Goal Brasil.
Próxima partida
O atacante, aliás, afirmou que sempre se sentiu em casa desde o momento em que foi apresentado como novo reforço do Alvinegro praiano e fez questão de valorizar toda essa sua identificação com o Santos.
“Desde quando entrei do portão pra dentro já me senti em casa. Parecia que tinha três anos que estava aqui. Já acompanhava o Santos jogando desde a época do Robinho, Diego e depois mais ainda quando o Neymar surgiu também. Sempre me identifiquei e me espelhei no Santos pelo meu estilo de jogo e os jogadores que tinham de velocidade e drible. Quando a oportunidade surgiu não pensei duas vezes e vim sabendo que poderia dar resultado”, comentou.
Agora, Bruno Henrique espera na próxima temporada poder conquistar títulos com a camisa do Santos, algo que ficou faltando para que 2017 fosse um ano ainda mais perfeito na sua carreira.
“Foi uma temporada difícil, ano de eleição. Fizemos o que deu. Consegui exercer meu papel dentro de campo, mas trocaria meus prêmios individuais por um título. Infelizmente não deu. Esperamos que em 2018 o Santos venha forte para poder disputar o título brasileiro, que está sempre batendo na porta, a tão sonhada Libertadores novamente e o Paulistão também. Poder desfrutar de um título é muito bom e o Santos, pela grandeza que tem, deve estar sempre na briga em todas as competições que estiver disputando”, ressaltou.
Nesta entrevista exclusiva, Bruno Henrique ainda falou sobre os três treinadores que passaram pelo clube na temporada, o início da sua carreira, sua passagem pelo Wolfsburg, os seus planos para o futuro e o sonho de chegar à Seleção Brasileira. Confira o bate-papo!
Goal – Numa entrevista à Goal lá em 2015, você contou pra gente que antes de se profissionalizar chegou a passar fome, trabalhar como recepcionista para ajudar nas despesas, morar em alojamento... Hoje, como é relembrar de tudo isso que você passou até chegar aqui?
Meu sonho sempre foi estar em um time grande, então sempre procurei dar o meu melhor nos jogos e treinos para poder ser olhado de uma forma diferente. Isso aconteceu. Fui jogar no Goiás, que é um time grande também, fui visto por vários outros clubes do Brasil em 2015 e acabei optando em ir para um grande clube lá fora (Wolfsburg). Disputei a Uefa Champions League e hoje estou aqui no Santos.... Tudo isso em pouco tempo, mas só eu sei o que passei. Se estou aqui hoje foi por força de vontade minha, trabalho, perseverança, fé e minha família.
Goal – A sua chegada ao Santos foi por um pedido do Dorival. O que falar dele?
Tenho um carinho enorme pelo Dorival. É um excelente treinador. Ele já vinha me monitorando desde 2015 e havia pedido a minha contratação quando estava no Goiás, mas acabou não dando certo e fui para o exterior. Graças a Deus as coisas deram certo depois. Infelizmente foram poucos meses, mas no tempo que estivemos juntos ele me ajudou e aprendi muitas coisas.
Goal – E sobre o Levir, o que dá pra dizer?
É uma pessoa muito bacana também. Cara bem amigo, brincalhão, vencedor e campeão. Passou por grandes clubes e sempre deixou a marquinha dele. Aqui não conseguiu ser do jeito que a gente queria, mas, no tempo que ele ficou, tentou fazer o que podia. É outro técnico que vou ter um carinho muito grande por ter me ajudado a crescer ainda mais aqui no Santos.
Ivan Storti/Santos FC
(Foto: Ivan Storti/Santos FC)
Goal – Na reta final de 2017, vocês foram comandados pelo Elano. Como foi ter uma pessoa que até pouco tempo estava do lado de vocês como jogador e também é ídolo do Santos?
Você disse tudo. É um ídolo do clube, estava até pouco tempo jogando aqui e agora já assumiu como treinador. Isso não é pra qualquer um. Não tive o prazer de jogar com ele, mas vi partidas dele e a qualidade sempre foi alta. Se tive um 2017 tão bom ele é um dos responsáveis seja no período em que era auxiliar ou agora como treinador.
Goal – Que avaliação você faz da sua passagem pelo Wolfsburg? Faltou paciência por parte deles e isso fez com que você decidisse voltar para o Brasil?
Na Europa, acho que eles não têm muita paciência. Na Alemanha, foi isso que aconteceu (comigo). Joguei contra o Real Madrid, fiz um grande jogo, meu primeiro como titular, numa prova de fogo na Champions League. Já me sobressaí, dei passe para gol, mas logo em seguida fui sacado e nem sei o que aconteceu. Depois disso, ainda me lesionei, as coisas não aconteceram como eu esperava e optei por voltar para o Brasil. Já não estava sentindo aquela vontade de jogar e treinar e isso para um jogador de futebol é complicado... Não pensei duas vezes, sem olhar para trás, sabia que tinha contrato, mas o que importava era estar feliz e lá não estava. Procurei clubes onde iria estar feliz e quando apareceu a oportunidade do Santos não pensei duas vezes.
Goal – Hoje, você ainda tem o desejo de retornar à Europa?
Tenho mais três anos de contrato e estou muito feliz aqui. Meu pensamento agora é continuar jogando bem no Santos para ajudar a equipe a conquistar muitos títulos. Depois, podemos ver o que é melhor para mim, minha família e para o clube, mas meu pensamento é cumprir meu contrato.
Goal – O objetivo de chegar à Seleção é algo que você ainda acredita para a Copa ou acha que já está mais difícil?
Vou continuar trabalhando, mas não vou pensar nisso agora. É claro que quero estar na Seleção e esse é um sonho que tenho desde criança, mas preciso focar em manter um bom rendimento, ajudar o Santos a conquistar títulos para, se possível, buscar esse objetivo de ser convocado.