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Alexis Mac Allister Argentina 2022Getty Images

Era só uma turbulência, e Argentina resolve, e volta, tocando até o gol

Era mesmo só um susto, uma turbulência repentina de uns cinco minutos no jogo da estreia, uma virada sofrida para a futura lanterna do grupo que reverberou por dias, mais de uma semana, passou por uma vitória de puro suor e se resolveu, finalmente, numa longa sequência de passes que terminou com Enzo Fernández servindo e gol de Julián Álvarez, porque o que tem dramático o futebol argentino tem também de beleza, tocando e tocando até o 2 a 0.

Sintomático que o resultado veio em lances sem participação direta e final de Lionel Messi, que jogou bem, ainda que tenha perdido um pênalti, ao mesmo tempo que mostra que há um time muito capaz de envolver adversários e resolver jogos importantes sem depender exclusivamente do camisa 10.

O amasso da Argentina garantiu a liderança da chave e principalmente deixou um recado à Copa: voltamos. É um pouco aflitivo imaginar que cada jogo da equipe albiceleste pode ser a última grande partida da vida de Messi – vá saber o que será primeiro do PSG na sequência da Champions League, onde pega o Bayern de Munique em fevereiro, seguido por um possível retiro nos Estados Unidos, embicando rumo ao final da carreira.

Julian Alvarez Argentina 2022Getty Images

Que bom que sábado tem Argentina x Austrália, saindo de uma possível eliminação precoce para o jogo de maior favoritismo das oitavas de final. Com o estádio tomado pela paixão e pela voz de sua torcida, como sempre, a Argentina vem com muita força para a fase final. A Polônia, que resistiu a uma goleada de eliminação, passa mais pelo goleiro destaque da Copa, Szczęsny, por alguma curiosidade sobre Lewandowski e só. Jogou pouquinho até aqui.

É sempre impressionante, não surpreendente, a diferença da torcida argentina para a brasileira em Copas. Saem do mesmo lugar no mundo e brincam com suas identidades de maneiras tão pouco parecidas. Está nas rimas, no que os argentinos escolhem cantar e reverenciar, na forma com que seus ídolos estão musicados e na capacidade de criar sempre um eco comum que capta o clima do momento, engole o estádio, pega pela mão inclusive jogadores e ex-craques (que saudade de Maradona numa arquibancada) e abraça o país. Entendem demais desse sentimento do próprio futebol.

Mexico World Cup 2022Getty Images

O México, habitué de mata-mata, ficou pelo caminho ao não conseguir marcar mais gols na Arábia Saudita. Ao menos terminou sua campanha tentando, a uma bola na rede de passar pelo saldo, empilhando chances e mantendo o grupo aberto até o último instante. Deixa o Qatar e também deixa o lugar de fiasco do dia para a Dinamarca, que nem chegou a paquerar a classificação, um desastre completo, uma participação que consegue a proeza de se fechar sem direito a melhores momentos. À Arábia Saudita, nosso respeito pelos momentos de futebol empolgante, vivo.

O time reserva da França foi importunado com o dever de jogar contra a Tunísia e cumpriu sua obrigação burocrática, uniforme completo, dez na linha e um no gol. Se tem alguém no futebol de seleções que não tem o mínimo constrangimento em jogar apenas quando precisa, sem fazer média nem buscar recordes estatísticos, aí está a campeã do mundo. O copo meio cheio é que Griezmann e Mbappé precisam de poucos minutos em campo para lembrar que estão no ponto. Tudo que tocam vira ouro. Melhor para os tunisianos que ao menos tiveram uma vitória histórica, logo sobre os franceses, para guardar para sempre.

A Alemanha pode ter seu dia de Argentina, ganhar e ganhar bem para transformar o tropeço inicial num detalhe mais pitoresco do que traumático em sua história. Tudo bem que chega ao jogo final da primeira fase ainda dependendo do resultado da partida em paralelo, o que nunca é bom sinal, mas dando a lógica e seguindo adiante tem bola para chegar às semifinais. É um time forte, com talento de sobra e que faria muita falta nas semanas decisivas do Mundial.

Militao BrazilGetty

Tite escolheu poupar os titulares do último jogo, começando o duelo diante de Camarões apenas com um jogador que iniciou contra a Suíça, Militão, pela falta de mais defensores. Geralmente a tendência seria analisar caso a caso a condição dos jogadores, mas quem perde três titulares por lesão em duas partidas tem o direito à cautela. Seu primeiro zagueiro reserva já está jogando de lateral, seu principal volante tem 30 anos, seu melhor meia sabe-se lá como e quando retorna. Faz parte, e espero que imprensa e torcida entendam a circunstância caso a atuação ou o resultado forem abaixo. Só não abriria mão de um jogo de início para Rodrygo, que ainda está em processo de se entender como titular, mesmo que o próximo compromisso já esteja marcado para segunda-feira, apenas exatas 72 horas depois.

Nessa mistura de vira-casaca e de amores efêmeros de Copa do Mundo, já foi o momento de estar muito com a Arábia Saudita, depois Equador, e aí a Tunísia, e os gols do Irã no fim, e o calor que deu o Canadá. Eles vão ficando pelo caminho, acolhidos pelo planeta na esperança de serem a grande surpresa a ir longe no Mundial até a hora do choque de realidade e a despedida em três jogos. Hoje é dia de Marrocos não dar milho, time e torcida tantas e tantas vezes mais legais que os da Bélgica atual. Por favor.

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