กาม่า (Alexandre Gama)Goalthailand

Entrevista com Alexandre Gama: sucesso na Ásia, passado com craques do Fluminense e mais

Se hoje em dia os treinadores portugueses são a grande tendência entre as equipes brasileiras, na Ásia são os brasileiros que são objeto de desejo dos clubes locais. Um ótimo exemplo é o carioca Alexandre Gama.

O ex-jogador com passagens por Fluminense e campeão paulista com o Bragantino em 1990 iniciou sua carreira como treinador em 2002, e antes de iniciar sua jornada pela Ásia treinou um Fluminense estrelado, com nomes como Romário, Edmundo e Roger Flores.

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Em um papo exclusivo com a Goal, o treinador do Daegu, da Coreia do Sul, contou sobre sua adaptação ao novo continente, seus idiomas e diferentes culturas, relembrou os seus tempos como treinador do craque Marcelo nos juniores do Flu e revelou os adversários mais assustadores em sua carreira como técnico.

Goal: Considerando a qualidade dos elencos e diferenças táticas em relação ao futebol brasileiro, como está sendo a experiência de dirigir o Daegu (COR) na Champions League da Ásia?

Alexandre: Esta já é a minha sexta Champions da AFC, por diferentes clubes. É como se fosse a Champions da Europa, com os maiores clubes da Ásia, os mais fortes de cada país. O nível técnico é um salto muito grande, porque você enfrenta equipes muito fortes financeiramente, com jogadores extra-classe.

O Daegu é um time emergente na Coreia, que tem um projeto para conseguir voos mais altos. É uma competição muito forte, com muito apelo de mídia, especialmente antes da pandemia.

Goal: O elenco do Daegu tem alguns brasileiros, como Césinha, Zeca, Bruno Lamas. Esses atletas são destaques e referências para os jogadores locais?

Alexandre: O Césinha (ex-Corinthians, Bragantino e Atlético Mineiro) é o melhor estrangeiro da liga nas últimas quatro temporadas. É o brasileiro com maior prestígio na Coréia, está aqui há sete anos. O Zeca acaba de chegar do Mirassol e já tem seis gols em sete partidas. O Lamas é um meia de qualidade, com passagens por seleções de base do Brasil.

Temos também o zagueiro e lateral da seleção Coreana e seis outros jogadores da seleção olímpica. É um plantel de qualidade, mas muito jovem, então tentamos balancear com os estrangeiros. Ainda precisamos de mais experiência.

Goal: Quando você chega a um clube estrangeiro, como costuma mapear os talentos que já estão no elenco? É uma conversa com a comissão ou precisa de um tempo para entender suas peças?

Alexandre: Como eu trabalho na Ásia há muito tempo, eu acompanho esses campeonatos. Estou sempre acompanhando o campeonato coreano, japonês, para identificar potenciais contratações. Também estou sempre ligado nas séries A, B e C do Brasileirão, em busca de novos nomes.

Não fui eu que montei o plantel do Daegu, mas assim que fui convidado para assumir, passei a estudar os jogadores para entender os pontos fortes e as deficiências. Foi aí que trouxemos o Zeca, e na fase da adaptação ele já está fazendo muitos gols.

Goal: Você já está há bastante tempo na Ásia. Como é feita a comunicação com os jogadores e membros da comissão? Aprendeu novos idiomas, ou usa o inglês?

Alexandre: No momento um dos membros da comissão, que inclusive foi meu jogador, é um coreano que fala português. Também sou muito acostumado a falar inglês, desde os meus tempos na Tailândia. Entendo um pouco de coreano, as palavras relacionadas ao futebol, mas é uma língua muito difícil.


Goal: Você tem passagens por Fluminense, Inter de Limeira, Macaé. Como foi essa sua transição do futebol brasileiro para o exterior? Você teve algum receio por conta do idioma e cultura, ou foi uma mudança tranquila?

Alexandre: Eu trabalhava nos juniores do Fluminense e nós fomos disputar o mundial de clubes sub-20 nos Emirados Árabes. Fomos campeões contra o Boca Juniors, vencendo o Barcelona e Ajax, e no final um o sheik dono do Al-Wahda perguntou se eu tinha interesse em treinar o clube.


Ficamos de conversar e eu voltei para o Brasil, mas nada aconteceu. Eu fiquei maravilhado com o país e decidi que queria isso para a minha família. Um ano depois, voltamos para o mundial, dessa vez na Suíça, e fomos campeões outra vez. Rolou uma nova conversa, e eu disse que já queria sair do país com tudo acertado.

Eu até fazia um curso de inglês, mas quando cheguei lá não saía nada. Eu não conseguia entender o que eles falavam, mas depois de uma semana as coisas foram fluindo e eu comecei a me acostumar. O futebol é universal, as vezes você não precisa nem falar.

Goal: Falando dos seus títulos com os juniores do Fluminense, quem foram os maiores destaques entre esses jogadores que você treinou?

Alexandre: Marcelo (lateral do Real Madrid), os gêmeos Fábio e Rafael (com passagem pelo Manchester United), o Toró (volante ex-Flamengo), o Lenny (ex-Flu e Palmeiras), Fernando, irmão do Carlos Alberto. 


Era um time muito bom, uma base muito forte, fizemos história na competição. O Fluminense conseguiu segurá-los e então os negociou com clubes de grande porte. Ainda mantemos contato, são quase como filhos.

Goal: Cite os três jogadores mais impressionantes que enfrentou nessa jornada na Ásia, e também os três melhores que teve sob seu comando.


Alexandre: O melhor jogador que trabalhei foi o Romário. Ele e Edmundo, são daqueles que você vê jogar percebe que são de outro nível. Tem também o Marcelo, que era o cara no futebol de salão, e queria ser atacante. Eu precisava de um lateral esquerdo e treinei ele pra jogar lá. Ele era especial, foi o melhor jogador do torneio, foi convocado rapidamente para a seleção.

Sobre os que enfrentei, esse rapaz que jogou no Botafogo, o Honda, quando estava no auge na seleção japonesa. Parecia que ele flutuava em campo, era o 10. Tem também o Son, do Tottenham, que treinei quando era bem novinho, na seleção. Já jogava na Hamburgo e dava pra ver que seria o futuro da seleção. Ji Sun Park, do United, também era muito acima da média.



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