No Paris Saint-Germain, a palavra "caminho" é falada constantemente quando se trata de discutir a incrível riqueza de talentos da categoria de base dos gigantes franceses.
Isso porque, na última década, esse caminho até a primeira equipe no Parque dos Príncipes nem sempre existiu, o que levou muitos jovens a deixarem o clube antes de se desenvolverem em outro lugar.
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Continua sendo um tema quente também, com uma nova geração de jovens procurando forçar a entrada nos planos de Maurício Pochettino, sabendo que entrar em uma das equipes mais caras de todos os tempos para um jovem é muito, muito difícil.
As coisas pareciam boas, no entanto, para o meio-campista Edouard Michut no verão de 2021.
Depois de assinar um novo contrato de longo prazo em meio a rumores de interesse de outros clubes europeus, Michut foi convidado a treinar durante a pré-temporada com a equipe principal. Ele impressionou, principalmente, em um jogo amistoso contra o Sevilla, e parecia que estava destinado a permanecer com os mais experientes.
Em meados de agosto, porém, Michut - junto com Xavi Simons, ex-atacante do Barcelona - foi informado de que voltaria ao sub-19; sua espera por um lugar no time de elite aumentou para durar, pelo menos, mais uma temporada.
Para alguns jogadores, tal golpe aos 18 anos pode resultar a uma tendência de queda em suas carreiras, mas Michut não é esse tipo de jogador.
Em vez disso, embora raramente se esqueça dos momentos negativos de sua carreira, o meio-campista aprendeu como canalizá-los para serem positivos.
Um exemplo foi em dezembro de 2021, quando o sub-19 do PSG buscava a vitória sobre o Club Brugge de que precisavam para liderar o grupo da Liga Juvenil da Uefa e garantir uma passagem automática às oitavas de final. Porém, o time estava com 10 jogadores em campo.
O que se seguiu foi uma recuperação épica no segundo tempo, selando uma vitória por 3 a 2, e grandes comemorações no vestiário após a partida. Michut estava bem entre eles, mas, no caminho de volta para casa, sua alegria diminuiu ao assistir rapidamente o replay da partida, apontando seus erros e escolhas erradas que fez no dia.
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"O menino é exigente e se lembra de tudo", disse o ex-técnico de Michut, Jordy Cabarrecq, à GOAL. "Em um torneio sub-11 pelo Versailles, ele perdeu um pênalti na semifinal contra o Centro de Treinamento de Futebol Profissional de Paris (CFFP). Se você conversar com ele sobre isso hoje, ele se lembrará."
Cabarrecq foi um dos que moldaram a carreira de Michut durante os quatro anos do jovem jogando pelo Versailles, observado pela primeira vez como um ponta antes de ser gradualmente transferido para o meio-campo.
“Ele já tinha uma maneira de pensar sobre o jogo que os outros não tinham e um rápido entendimento das instruções”, diz Cabarrecq. "Ele sempre teve um bom primeiro toque, moveu-se em áreas onde podia tocar na bola, mas também uma habilidade de eliminar e quebrar linhas."
Apesar de seu talento óbvio, Michut permaneceu humilde, em parte por seus pais em relação à sua educação futebolística.
“Eles não disseram ao filho que ele era o melhor”, lembra Cabarrecq. "Eles foram até duros com ele. Às vezes ele errava dois passes e seu pai o informava sobre isso!"
"Na vida dele, tudo é voltado para o futebol", explicou o agente de Michut, Philippe Lamboley, à GOAL. “Ele é um jovem que se alimenta bem, que dá atenção ao sono, que trabalha fora dos treinos e que até tem uma academia em casa. Ele faz de tudo para ter sucesso."
Essa vontade de trabalhar, combinada com sua habilidade óbvia, fez com que Michut fosse contratado pelo PSG aos 13 anos em 2016, e ele trabalhou seu caminho para se tornar uma das estrelas da base do clube.
As comparações foram feitas com Marco Verratti devido ao seu passe, embora ele geralmente jogue um pouco mais avançado do que o italiano. Ele se desenvolveu a tal ponto que estreou no time principal contra o Dijon, ainda em fevereiro de 2021.
Na época, Michut estava sendo ligado a nomes como Manchester City, Barcelona e Juventus ao entrar nos últimos meses de seu primeiro contrato profissional, mas aquela aparição e a promessa de mais envolvimento com Pochettino, foram determinantes para assinar um novo acordo, que irá mantê-lo no PSG até 2025.
Sua volta as categorias de base, no entanto, mudou as coisas mais uma vez, e Michut tem refletido sobre o que seu futuro reserva durante esta primeira metade da temporada.
O PSG não está aberto a libera-lo em janeiro, seja permanentemente ou por empréstimo, mas provavelmente terá que mostrar que há um caminho para ele ganhar mais oportunidades se quiserem mantê-lo no clube.
"Edouard Michut é um jogador importante para o clube e isso não é só conversa", explicou o ex-meio-campista, Yohan Cabaye, do PSG em dezembro, à RMC como coordenador esportivo da base do clube.
"Ele é um jogador criado no clube. É parisiense. Ficou desapontado quando foi para o sub-19, o que é compreensível, mas não há problema."
Michut, então, entra no que parece ser um ano crucial em sua jovem carreira, e depois de jogar 26 minutos na Copa da França antes da pausa de inverno, ele terá esperanças de novas oportunidades nos primeiros meses de 2022.
Caso contrário, o PSG pode perder mais um grande talento. Construir esse "caminho" continua sendo uma tarefa difícil em Paris.


