A decadência do futebol italiano preocupa: fora da Copa do Mundo 2018, a seleção europeia perdeu espaço entre as principais equipes do mundo, e agora precisa buscar forças para se reestruturar e não 'perder o bonde' para o torneio do Catar, em quatro anos.
O que ninguém esperava era que a crise que se alastrou pelos principais clubes do país - como Milan e Internazionale, para ficar em dois exemplos - pudesse chegar até a Azurra, orgulho nacional dos torcedores. Quatro vezes campeã da principal competição de seleções, a Itália passou vexame na Copa 2014 e não conseguiu a classificação para o Mundial na Rússia.
Pensando nisso, a Goal Brasil não só repassou a queda de desempenho dos europeus nas últimas Copas, como também foi buscar entender os impactos do mau momento do futebol local.
ITÁLIA 2006: NO TOPO DO MUNDO
Getty Images
(Foto: Getty Images)
Com grande campanha que incluiu a eliminação da anfitriã Alemanha, a Itália conquistou o título mundial em cima da França de Zidane, desafio mais do que adequado ao grande time que tinha na época. No Estádio Olímpico de Berlim, a conquista veio nos pênaltis após o empate em 1 a 1 no tempo normal: sem nenhuma cobrança desperdiçada, essa verdadeira 'seleção dos sonhos' colocava a Azzurra no topo depois de 24 anos do tri, na Espanha.
ITÁLIA 2010: CALMARIA ANTES DA TORMENTA
Getty
(Foto: Getty Images)
Os torcedores ansiavam pelo segundo título consecutivo, o pentacampeonato que igualaria a Itália ao Brasil no total de conquistas. Mas a realidade foi bem mais dura: com uma aparição apagada, a seleção ficou atrás de Nova Zelândia, Eslováquia e Paraguai em sua chave e foi apenas a 26ª melhor colocada entre as 32 equipes.
Se o fato de que nem a Internazionale, campeã da Champions League naquele ano, teve uma influência positiva no desempenho dos italianos, parece que aquela era uma prévia do que estaria por vir.
ITÁLIA 2014: FIASCO NO BRASIL
Getty Images
(Foto: Getty Images)
Mais uma vez entre as favoritas ao título, a Azzurra chegou na Copa disputada no Brasil e passou um dos piores vexames de sua história, sendo eliminada na fase de grupos com apenas três pontos ganhos de nove disputados. Venceu apenas da Inglaterra por 2 a 1 e, na sequência, perdeu para Costa Rica e Uruguai, ambas as partidas por 1 a 0. Foi a última colocada do grupo D.
ADEUS, 2018: O TRAUMA DE UM PAÍS
Getty Images(Foto: Getty Images)
Parecia ser o fim de uma era complicada, mas a queda livre em apenas três edições do mundial chegou ao pior estágio: pela primeira vez em 60 anos, a seleção italiana não se classificou para uma Copa do Mundo. Na repescagem das Eliminatórias Europeias, a derrota para à Suécia por 1 a 0, no jogo de ida, foi suficiente para eliminar o país.
Foi uma das raras vezes na qual Gianluigi Buffon chorou publicamente. Logo após a eliminação, o goleiro chegou a anunciar sua aposentadoria da Azurra, embora tenha voltado atrás recentemente. Já Andrea Pirlo, outro ídolo de tempos vitoriosos, não estaria mais à disposição após deixar os gramados, no final de 2017.
Para a imprensa local, como para o torcedor, o golpe foi duro. Federico Casotti, jornalista italiano da Goal, busca palavras para descrever o ocorrido, que, para eles é chamado como “O apocalipse italiano”.
“O que aconteceu em novembro foi definitivamente um choque, porque ninguém na Itália esperava não ir à Copa", explica. "O futebol italiano definitivamente precisa recomeçar do zero.”
Jovens talentos do futebol italiano como Cutrone e Donnarumma, Milan, Federico Chiesa, da Fiorentina e Mattia Caldara, da Juventus, são a esperança para recolocar a seleção em um lugar de prestígio. Reviver os bons tempos como os de 2006, porém, depende da capacidade do futebol do país em se recolocar novamente no topo.
O mau momento no esporte, contudo, não interferiu no sentimento do torcedor, mas Federico acredita que mudanças devem ser feitas.
“O futebol italiano está em crise, isso é um fato, mas essa crise pode ser resolvida", afirma. "As crianças continuam jogando futebol, e há uma base para garantir o futuro da seleção"
"Mas a mentalidade precisa mudar, é preciso mais humildade dos treinadores para admitir que não somos mais os melhores do mundo.”
Nesta sexta-feira, 23, a Itália joga um amistoso contra a Argentina, em sua primeira partida após a não classificação para a Copa de 2018.