Rogério Ceni terá um sábado (03) inesquecível. Será a primeira vez que o hoje treinador do Fortaleza enfrentará, em São Paulo, o clube onde fez história como goleiro. E a grande ironia é que ele jamais esteve tão longe da instituição que para sempre o terá como um de seus maiores ídolos.
São Paulo e Fortaleza abrem a 23ª rodada do Campeonato Brasileiro. O duelo será disputado no Pacaembu, estádio chamado de “segunda casa” por Ceni, já que o Morumbi receberá o show da banda inglesa Iron Maiden.
Rogério Ceni já enfrentou o São Paulo em sua nova vida na beira dos gramados. Na ocasião, a derrota por 1 a 0 para o Tricolor Paulista (gol de Hernanes), em jogo válido ainda pelo primeiro turno deste Brasileirão, aconteceu no Castelão e a homenagem da equipe cearense em relação àquele que, segundo muitos torcedores, já é considerado o maior técnico na história do Leão do Pici deixou Ceni emocionado.
Antes da partida começar, a torcida do Fortaleza subiu uma bandeira com a sua imagem, já como treinador, desenhada, indicando o que os seus comandados deveriam fazer.
MAURICIO LIMA/AFP/Getty ImagesRogério disputou mais de mil jogos pelo São Paulo (Foto: Getty Images)
Neste sábado, torcidas uniformizadas já confirmaram que haverá homenagens para o homem que melhor personifica o que o São Paulo quer voltar a ser. Vitorioso. Sob as traves são-paulinas, Ceni tornou-se o goleiro com mais gols em todos os tempos do futebol (131) e fez defesas históricas – como a que garantiu o título mundial de 2005 contra o Liverpool. Colecionou os maiores troféus possíveis, sempre com dedicação exclusiva ao clube do Morumbi.
Briga com diretoria afastou Ceni do São Paulo
Rubens Chiri/ São PauloCeni comandou o São Paulo em 35 jogos, com14 vitórias, 11 empates e 10 derrotas em 2017 (Foto: Rubens Chiri/ São Paulo)
Mas se os torcedores confirmaram bandeiras, músicas e todas as homenagens ao grande ídolo, a diretoria trata o jogo como apenas mais um neste Brasileirão. E isso explica bem por que Rogério Ceni nunca esteve tão longe do São Paulo quanto hoje. A sua relação com a atual diretoria não é das melhores, devido a forma como aconteceu a sua demissão, já como treinador, em 2017.
Dois anos após ter se aposentado como jogador, Rogerio Ceni assumiu o comando do São Paulo. Mas ficou sob o comando do time apenas por seis meses, até ser demitido, em julho de 2017, em meio a uma sequência ruim no Campeonato Brasileiro.
Meses depois, o presidente Leco deu entrevistas criticando Ceni e recebeu a resposta seca.
“Não posso dizer que me arrependi da contratação do Rogério, embora naquele primeiro momento questionasse se ele já estava em condições de assumir”, disse o mandatário.
“Não se deixe enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem”, respondeu Ceni, que deu prosseguimento ao sonho de ser treinador. No Fortaleza, foi campeão da Série B em 2018 e da Copa do Nordeste em 2019.
O trabalho no Leão do Pici chegou a ser interrompido em setembro, quando Rogério aceitou oferta do Cruzeiro, para em meio a polêmicas voltar um mês depois à capital cearense. Ao mesmo tempo em que resolvia o retorno ao Fortaleza, Cuca pediu demissão do São Paulo e o nome de Rogério Ceni sequer foi ventilado com seriedade, o que não deixa de ser estranho, tratando-se do maior ídolo da instituição. Mas a briga com Leco e a mágoa daquele período o fizeram seguir adiante.
É impossível saber qual será o sentimento de Rogério Ceni neste sábado. Muito provavelmente nem ele consiga explicar, já que são amores construídos em vidas diferentes: de um lado o goleiro mítico e goleador pintado na bandeira e exaltado nas canções, do outro, o comandante, aquilo que ele se tornou. Será mais um batismo marcante na carreira do hoje treinador.
